Dia de Treinamento: 20 anos depois – (2001)

Denzel Washington é um ator como poucos, um dos melhores de sua geração e é difícil escolher o papel favorito da sua carreira. Para muitos, Dia de Treinamento é o favorito: além de ele ter ganhado seu Oscar de Melhor Ator em 2002, ainda é dos papeis mais diferentes do ator. Desta vez, ele não é o moço injustiçado e fez um papel que o desafiasse.

Aqui, ele faz dos poucos vilões de sua carreira, um personagem sem sutilezas, corrupto, violento e sempre com um passo à frente de todos.

Na história, o aspirante a policial de Los Angeles, Jake (Ethan Hawke) começa no primeiro dia de trabalho nas narcóticos e tem seu treinamento com o Alonzo (Denzel Washington), policial veterano, que conhece o sistema como poucos, tem a polícia, os criminosos na mão e Jake se vê em situações de risco, inclusive da sua própria vida.

Alonzo obriga Jake a passar por situações como assassinato a sangue frio, arma na cabeça para usar drogas, as conversas no carro são intensas e intimidadoras, mas como Alonzo conhece o sistema como poucos, faz com que ele saia ileso e Jake fique com a culpa.

O diretor do filme é o então quase estreante Antoine Fuqua. Ele já havia dirigido Assassinos Substitutos, em 1998, mas foi a partir deste filme que ele se tornou um cineasta conhecido com seu nome na indústria até os dias de hoje.

O roteirista é o David Ayer (sim, o diretor de Esquadrão Suicida) e o filme proporciona uma viagem ao submundo dos guetos e bairros menos favorecidos da esfuziante Los Angeles.

Não é exagero nenhum dividir Dia de Treinamento em dois filmes em um: o início é muito promissor, mostrando uma grande metrópole como ela é: gigante, porém, violenta, corrupta e esquecida pelo poder público.

O filme funciona muito enquanto se propõe como uma crítica feroz ao sistema, sociedade e sem sutilezas: é classificado como +18, com muita violência, sangue, palavrões (a palavra fuck é dita mais de 100 vezes) e até nudez.

A trilha sonora contribui muito para isso, com muito hip hop, rap e a presença de nomes fortes da música, como Snoop Dogg, Dr. Dre, Macy Gray, entre outros.

Mas, infelizmente, essa qualidade não se sustenta na segunda metade de exibição: o que era uma história promissora sobre corrupção e violência na polícia se torna uma trama banal, previsível e que cai na armadilha da maioria dos filmes do gênero policial: tira bom vs tira mau.

Ok, vemos o filme de acordo com o ponto de vista de Jake e isso faz muito sentido, mas transformar o Alonzo em um vilão unidimensional, considerando tudo que já passou é um absurdo.

Dia de Treinamento perdeu muito a oportunidade de ser um filme único e referencial sobre a violência urbana, como os brasileiros Tropa de Elite e Cidade de Deus foram anos depois.

Está bem longe de ser ruim ou perda de tempo, tem uma grande ideia e resolução até determinado ponto, mas, ao final da projeção, fica a sensação de gosto amago.

Denzel Washington venceu o Oscar pelo papel, muitos acharam merecedor. O favorito de muitos foi Russell Crowe por Uma Mente Brilhante como o matemático John Nash. Outros acham que o Oscar para Denzel foi uma “reparação de erros” da Academia por anos anteriores, já que Crowe venceu Oscar no ano anterior por Gladiador. Exagero? Com certeza! E dar dois prêmios assim seria demais para os votantes.

O próprio Denzel perdeu prêmios que seriam merecedores anos depois, como em Hurricane – O Furacão e Malcolm X.

É um ator único e mesmo o filme tendo uma queda evidente, Denzel segura a trama e até faz com que o filme saia da mesmice.

E não é qualquer ator que consegue.

Leia também “Uma Mente Brilhante: 20 anos depois – (2001)

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Nerd: Raphael Brito

Não importa se o filme, série, game, livro e hq são clássicos ou lançamentos, o que importa é apreciá-los. Todas as formas de cultura são válidas e um eterno apaixonado pela cultura pop.

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