Derrapada é uma excelente surpresa do cinema nacional

Derrapada é um drama brasileiro, produzido pela 3 Tabela Filmes, coproduzido pela Globo Filmes, pela Telecine, dirigido por Pedro Amorim, escrito por Izabella Faya e Ana Pacheco.

Na trama, Samuca (Matheus Costa) é um jovem de 17 anos, que não pensa muito no futuro, passa o tempo praticando skate e na ocupação estudantil, onde se apaixona pela idealista Alicia (Heslaine Vieira, ótima no papel), que o protagonista acha que é “muita areia para ele”, mas não demora para que eles tenham um relacionamento.

Tudo parece bem, até que Alicia fica grávida dele, ambos se deparam com o choque de realidade de uma vida adulta e de responsabilidades, sobretudo porque Samuca pode repetir o que houve com sua mãe Melina (Nanda Costa) no passado: gravidez na adolescência, pai ausente e irresponsável.

Sem contar que a relação do casal fica abalada com a nova vida, a pressão por uma carreira e as preocupações com o futuro.

De início, Derrapada parece um filme banal, corriqueiro e feito exclusivamente para o público adolescente, pois acompanhamos um jovem parecido com muitos por aí e que os estadunidenses chamam de “loser”.

Um diferencial é que este filme é narrado em primeira pessoa, com o protagonista quebrando a quarta parede em vários momentos e lembrando a série ‘Fleabag’.

Sem contar que ele é apaixonado por uma moça “inatingível” e muito mais à frente do que ele, mas tudo muda quando todos descobrem que Alicia está grávida e abala todos os personagens.

O filme fala muito sobre família, principalmente sobre conflitos de gerações, pois temos uma mãe e um filho com os mesmos dilemas: gravidez na adolescência, o peso da responsabilidade e as consequências de lidar com os atos.

Ou seja, a época muda, mas os filhos são iguais aos seus pais.

Muitos podem se identificar com Samuca, seus dilemas e não devemos esquecer que a trama é de acordo com o seu ponto de vista, mas quem se sobressai em Derrapada são as mulheres da sua vida, sua mãe Melina e sua namorada Alicia.

Ambas carregam a responsabilidade de uma sociedade que as julga, pensar em uma carreira para o futuro e ainda cuidar de uma criança que precisa de atenção quase que integral.

Tudo isso é mérito de um roteiro bem escrito por duas mulheres e com lugar de fala para isso, mas também da ótima performance da Nanda Costa, mas principalmente de Heslaine Costa, com um papel ousado, ao mesmo tempo sensível, interpretando uma Alicia que tem que se mostrar sempre forte, mas que, no fundo, está insegura e apavorada com as mudanças em sua vida.

Heslaine já havia surpreendido como Ellen em Malhação – Viva a Diferença/As Five e mesmo não sendo a protagonista, praticamente tudo gira em torno dela.

Derrapada pode não ser um filme perfeito. É muito simplório no 3º ato, mas é desses filmes brasileiros que não receberam a atenção devida pela grande mídia, mas que podem ganhar o boca a boca, o status de cult e justamente por ser um drama tipicamente brasileiro, muitos podem se ver em tela e encarar sua trama como atemporal.

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Nerd: Raphael Brito

Não importa se o filme, série, game, livro e hq são clássicos ou lançamentos, o que importa é apreciá-los. Todas as formas de cultura são válidas e um eterno apaixonado pela cultura pop.

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