Death Note: Evolution

Vamos ser sinceros: após os trailers, a adaptação da obra japonesa “Death Note“, da Netflix, mais dava medo do que animava. Vários fãs estavam com todos os receios possíveis da produtora macular a sua tão adorada obra. Bem, o medo se concretizou.

Um jovem usa os poderes de um caderno sobrenatural para matar bandidos, mas acaba atraindo a atenção de um detetive, um demônio e uma colega.

Esta é a sinopse do filme pela própria Netflix, e bem, a “adaptação” é tão rasa quanto a sua descrição. A sensação que fica é que os produtores folhearam rapidamente o mangá, assistiram 15 min do primeiro episódio do anime e resolveram fazer o filme, então você tem os elementos da obra original, você tem o nome, mas o espírito não está lá. É como se fosse outro filme com pequenos easter eggs de Death Note.

O show de horror começa com os personagens, e não, não vamos levar em conta a liberdade deles terem mudado a etnia, isso não influência DE JEITO NENHUM na qualidade do filme, o que está em pauta aqui são as decisões de roteiro e enredo.

Como personagem principal, temos Light Turner – a principal e mais dolorosa mudança. Ele é um típico adolescente ocidental, o mais clichê possível de um filme massificado. Light sofre bullying, tem problemas familiares e de socialização. Agora, quem leu aos mangás ou assistiu ao anime deve estar se contorcendo, a contraparte oriental de Light não tem nenhum desses traços. O jovem japonês é um megalomaníaco praticamente perfeito: gênio, família estabilizada, manda bem nos esportes, é adorado pelas garotas. Tantas qualidades que fariam Tony Stark ficar com inveja – pegaram a referência? Mas enfim, voltando para o Light Turner. Talvez essa mudança de personalidade tenha se dado para uma maior identificação de público, afinal, temos mais jovens que sofrem bullying e com problemas de socialização e família do que gênios perfeitos. Mesmo que essa tenha sido a “justificativa” para uma alteração de caráter tão grande do personagem, ela não foi bem aplicada.

light-l-netflix-dn_origTurner não tem motivação nenhuma, na verdade, apenas um: impressionar a garota que ele gosta, cometendo até uma das maiores máculas que se pode imaginar logo no começo do filmes – quem é fã vai entender. Resumindo: cheio de clichês, movido por clichês numa trama clichê. Em certos momentos do filme achei que estava vendo algum desses romances jovens que estão saindo aos montes e, no fundo, a adaptação é isso: uma grande fanfic. Bom, já perdemos o protagonista, mas e os outros personagens da trama? Então… a coisa não melhora em momento algum, a personagem da Misa chama-se Mia Sutton, que é a “crush” do Light, que aqui, ao invés de ser uma garota super inocente e devota ao Kira, é uma maníaca homicida e manipuladora.

Bom, depois de mostrar essa mudança toda nos personagens, o L não ficaria de fora né. E infelizmente, esse é o pior caso. Literalmente os roteiristas viram o personagem APENAS como um cara estranho, que senta estranho, se veste estrando e come muito doce…e só. Literalmente o “maior detetive do mundo” faz apenas isso no filme… Ah, sim claro, não podemos nos esquecer de que na adaptação ele é super impulsivo e explosivo, totalmente de acordo com o personagem na obra original sqn.

Mesmo depois de todos esses argumentos, algumas pessoas podem defender o filme como sendo apenas uma adaptação, que não é obrigado a ser fidedigno… Pois então vamos analisar sob o espectro de um filme à parte, sem ser adaptado de nada. No quesito atuação, todos os atores estão péssimos, com atuações super forçadas e que não passam nenhum peso ou dramaticidade e em muitas ocasiões despertam a sensação de “vergonha alheia” – menção aqui à cena na qual Turner encontra pela primeira vez com Ryuk. Os efeitos especiais são bem toscos, o Ryuk parece um mini-craque, só tem cabeça, mas o Willem Dafoe mandou até que dublando o personagem. A gravação é estranha, sempre tá bem escuro ou pálido, lembra muito mesmo o filtro de filmes como Crepúsculo. Além dos defeitos técnicos, a obra não respeita as próprias regras que estipula. As coisas começam a acontecer apenas porque a história precisa seguir e as 1h40min de filme se tornam um martírio.

Death Note adaptado pela Netflix é uma adaptação deplorável, que precisa melhorar muito para ficar ruim, e como solo, isolando sem comparar com a obra, ele precisa melhorar muito para ficar “ok”. Falhamos novamente em adaptar e captar a essência de uma obra oriental, nada de novo sob o sol afinal.

Nota-do-crítico-0

 

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Nerd: Leandro

Padawan de jornalista, 29 primaveras e acredita que todas as Tekpix são na verdade Decepticons à espera de uma ordem da Skynet para acabar conosco!

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