O cinema espanhol é o que tem salvo o terror nos últimos anos, sendo assim era esperado que O 3º Andar: Terror na Rua Malasana seria mais um respiro para os amantes do gênero. Porém, se não fosse o acabamento cinematográfico de qualidade e a ousadia de trabalhar em temas super atuais, eu poderia dizer com todas as letras que a produção é um completo desperdício.
3º Andar – Terror na Rua Malasana é o típico filme de gênero de casa mal assombrada, retratando uma família que vai para a grande cidade de Malasaña viver um sonho. Porém ela se depara com seus piores pesadelos em um apartamento dominado por uma força sobrenatural.
O longa até entrega bons sustos e pulos no sofá, principalmente quando se concentra no garotinho Rafael (Iván Renedo), como na cena onde a entidade sequestra o menino, e usa um peão e a televisão para fazer seus planos se concretizarem. Mas é o máximo que o filme consegue entregar, cenas bem feitas visualmente e sustos pontuais.
Crítica “A Verdadeira História de Ned Kelly”
O 3º Andar: Terror na Rua Malasana até tem um roteiro que consegue dar uma explicação realista para o evento sobrenaturaldo, mas o quarteto responsável (Ramón Campos, Gema R. Neira, David Orea, Salvador S. Molina) não se preocupam em aprofundar certos temas no desenrolar da trama e as decisões tomadas sobre as caracterizações dos personagens são superficiais. A demonização do corpo idoso e de pessoas com deficiência mental só pelo efeito enervante é também reproduzir preconceitos direcionados a essas pessoas, mesmo que não tenham a intenção disso.
Além disso, o elenco não se destaca quando estão sozinhos em seus arcos próprios, criando bons momentos apenas quando estão juntos, sendo que Vargas e Renedo ganham destaque, pois suas histórias elevam a trama.
Por fim fica complicado defender as escolhas narrativas de “O 3º Andar – Terror na Rua Malasaña” quando próximo ao fim surgem elementos sexuais. A intenção é a de reproduzir um pensamento dos anos 70, mas não funciona como aspecto dramático dentro de um filme de 2020.
3º Andar – Terror na Rua Malasana não muda a forma como consumimos o terror e até consegue passar uma atmosfera sufocante. Tem uma história que não poupa nenhum dos personagens para fazer a trama andar e deve agradar minimamente os fãs do gênero, mas que ficarão com a impressão de que poderia ter sido mais.
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