Era sábado à noite, eu estava cansada, desanimada e preguiçosa. Decidi que precisava me animar um pouco, então comecei a procurar por filmes de terror e suspense. Pois é, cada um tem sua maneira única de se divertir e abster do dia-a-dia.
Primeiro, lembrei-me de um filme que minha mãe disse que começou a assistir e sabia que eu ia gostar muito: Os Crimes de Limehouse (The Limehouse Golem, 2016). É um desses filmes que, muitas vezes, zapeando pelos canais de filme (vocês ainda fazem isso?), passa batido, mas, de madrugada, quando não tem nada passando e você está acordada, chateada, e com preguiça da Netflix, ele se torna o filme da vez. Os Crimes de Limehouse se passa na Londres vitoriana e tem muita vibe de filmes e séries baseados na história de Jack, o Estripador. A princípio, achei mesmo que fosse sobre ele.
O filme conta a história da atriz Elizabeth Cree (Olivia Cooke,que está muito melhor do que seus papéis anteriores em Bates Motel e Ouija), do detetive John Kildare (Bill Nighy, em um papel muito diferente dos seus anteriores nos filmes da Trilogia Sangue e Cornetto) e dos misteriosos e grotescos assassinatos que estão acontecendo no distrito de Limehouse. Enquanto investiga quem é o Golem de Limehouse, o detetive Kildare também investiga o caso de Cree, acusada de matar o marido, um dos suspeitos de ser o assassino. Os Crimes de Limehouse é um ótimo filme, com cenas um pouco gore e aparições de personalidades famosas, como Karl Marx e Dan Leno, um famoso artista inglês daquela época. Leno é tão importante para a história que o livro em que o filme foi baseado chamasse Dan Leno e o Golem de Londres, que já está na minha wishlist de livros. Porém, o filme é um pouco previsível. É possível ir descartando os suspeitos um por um até aquele típico “eu sabia!” no final. Mas isso não diminui a graça do filme. É como um livro de Sherlock Holmes, quanto mais se lê, mais pistas se têm e mais fácil de o mistério ser solucionado.
Quando terminei de assistir o primeiro filme, decidi que tinha tempo e disposição para mais um. Como achei meu segundo filme da noite tem uma pequena história: estou reassistindo Sherlock da BBC e fui pesquisar no IMDb outros filmes do Benedict Cumberbatch e do Martin Freeman, mas, por ver mais Benny por aí do que Martin, atentei-me mais ao último. Dentre os filmes, um título me chamou a atenção: Histórias de Além-Túmulo (Ghost Stories, 2017). Passou-se algum tempo, me esqueci dele, mas, quando me deparei com o título perdido entre tantos outros, fiquei curiosa e ele foi minha segunda escolha da noite.
Na verdade, o mais certo seria dizer segunda, terceira, quarta e quinta escolhas. Histórias de Além-Túmulo é um filme no estilo V/H/S, uma antologia que conecta a história principal aos outros contos. Aclamado como “o melhor filme de terror inglês dos últimos anos”, conta a história do professor Phillip Goodman (Andy Nyman), um investigador paranormal com um programa de TV, inspirado por seu antigo ídolo, Charles Cameron, que supostamente morreu há muitos anos em um acidente de carro. Entretanto, certo dia Goodman recebe uma carta de Cameron convidando-o para visita-lo. Lá, o homem, já idoso e muito castigado pelo tempo, entrega três casos para Goodman investigar. Três casos que fez com que ele passasse a acreditar no paranormal. Toda a magia do filme acontece minutos após tudo isso e tudo mais o que eu disser será um grande spoiler!
O que posso dizer é: o segundo conto é meu favorito, estrelado por Alex Lawther (com só 23 anos, já foi o jovem Alan Turing em O Jogo da Imitação, atuou em um episódio de Black Mirror e é o ator principal em The End of the F***ing World), mas tanto os três segmentos, quanto a história principal são geniais e conectam-se com primor. Esse não é um daqueles filmes que você pode distrair-se no celular nos momentos mais parados. Cada cena, cada momento é importante e mostra elementos primordiais para toda a trama. Histórias de Além-Túmulo também é baseado na peça de mesmo nome criada pelo ator que faz o professor Goodman, Andy Nyman. A mérito de curiosidade, Martin Freeman faz o protagonista do terceiro conto.
Muitas vezes, nós nos apegamos aos filmes e séries do momento ou os que estão mais ao nosso alcance, e com isso perdemos boas histórias, sendo que grande parte delas não chega aos cinemas brasileiros. Desafie-se a assistir um filme pouco conhecido que te chamou atenção, seja pelo trailer achado ao acaso, seja pela capa, seja lá o motivo. Nunca sabemos qual vai ser o próximo filme da nossa vida se não o assistirmos, seja lá qual for sua nota em sites de críticas ou popularidade.