Não faltarão séries, filmes, livros e obras em geral sobre o período que estamos vivendo (já histórico) e o isolamento pode ser a trama principal de muita coisa que consumiremos futuramente. A grandiosa maioria de forma dramática, como o filme Contágio, que “previu” muita coisa e hoje em dia parece documentário. Mas também há espaço para o humor, como Diário de um Confinado, de Bruno Mazzeo e Como Hackear Seu Chefe.
O mundo já se dividiu entre o antes e depois de fatos históricos, como a queda do Império Romano, Revolução Francesa, 2ª Guerra Mundial e, mais recentemente, os atentados do 11 de setembro. Com a pandemia da COVID-19 provavelmente não será diferente. O mundo será dividido entre antes e depois da pandemia, afetando o nosso comportamento, vida e a forma de como consumimos conteúdo.
A Trama
A trama se passa quase que 100% na tela do computador em reuniões virtuais do Skype entre funcionários e diretoria de uma empresa. Após beber muito na noite do seu aniversário e não se lembrar de nada, o funcionário Victor Gonzales (Victor Lamoglia) envia um e-mail comprometedor sobre o seu chefe e para não se queimar na empresa, ele se envolve em poucas e boas como invadir o escritório disfarçado e depender de um hacker mal intencionado. Só quem pode ajudá-lo de fato é seu amigo atrapalhado, João (Esdras Saturnino) e sua crush do financeiro, Mariana (Thati Lopes).
O filme é dirigido e escrito por Fabrício Bittar (Exterminadores do Além), tem uma premissa muito interessante, mas uma resolução estranha. Sobretudo pelo tipo de humor envolvido, já que o roteiro, que poderia brincar de forma inteligente com as reuniões online e o trabalho home office, opta pelo humor grosseiro, vulgar e que não necessariamente é engraçado.
Mas isso não quer dizer que seja totalmente descartável: dá para assistir sem compromisso, algumas poucas cenas funcionam e como bom brasileiro, dá para rir da própria desgraça.
O elenco
O que salva Como Hackear Seu Chefe é o seu elenco: Lamoglia já havia feito um papel hilário na subestimada série Ninguém Tá Olhando, da Netflix. Aqui ele é a mistura perfeita do funcionário exemplar, do homem atrapalhado e do tímido carente, mas que precisa manter as aparências. Ele se encaixou bem no papel.
João é o melhor personagem deste filme: atrapalhado, hilário e o ator/cantor Esdras Saturnino tem as melhores piadas. Pode ser o clichê do amigo atrapalhado, mas o ator aqui funciona.
Já Mariana vivida pela sempre ótima Thati Lopes está menos comedida do que o costume e a mais racional do trio de protagonistas, já que possui um cargo de confiança. Além de cuidar do financeiro, é a responsável pelo circuito interno de TV e está de olho em uma promoção.
Um bom alívio cômico neste filme que já é uma comédia é o personagem do Nuno Leal Maia, que só aparece em dois momentos. Porém rouba a cena como o senhor de idade que sempre reclama, que acha que na época dele era melhor, mas que tem em quase toda empresa.
Os outros coadjuvantes têm o seu momento cada um, também em momentos pontuais, como Paulinho Serra fazendo um Guru, Augusto Madeira como o CEO da empresa e Fafá Rennó como a gerente Olívia.
Como Hackear Seu Chefe pode ser hilário para uns ou tolo para outros, mas que pode ser perfeito para quem está menos exigente ou quer se ver em tela pela mediocridade da vida.
Seria essa a primeira de muitas comédias sobre o isolamento?
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