Cine Marrocos é um retrato da crise na cultura e habitação

Um fenômeno presente no centro de São Paulo são as ocupações por grupos sem-teto em prédios abandonados e um deles é o conhecido Cine Marrocos.

Não é difícil encontrar quem tem mais idade e experiência, que residiu na cidade e diga “antigamente o centro era bom, chique e as pessoas andavam livremente na rua à noite”. Já para aqueles com menos idade, é estranho ouvir isso e ainda saber como está a região: violenta, abandonada e com a temida cracolândia.

No passado, ele havia sido palco de mostras internacionais e disputado para eventos. Mas com o aluguel caro e descaso das autoridades, o local foi ficando abandonado, sem condições para eventos e foi sendo ocupado por quem não tinha como alugar ou comprar uma casa ou apartamento.

E é justamente sobre isso que fala o documentário Cine Marrocos, dirigido por Ricardo Calil e produzido pela Globo News.

Os Personagens

O filme conta a história deste local mítico no centro de São Paulo, localizado próximo ao Largo do Paissandu (onde recentemente caiu um prédio abandonado com ocupação). Desde os tempos áureos, passando pelas primeiras ocupações até os dias atuais, mostrando os confrontos com a polícia e denúncias de tráfico de drogas.

Ao longo do documentário, vemos como é morar em uma ocupação, passando pelos líderes dos movimentos sem teto até os moradores comuns. O que todos deixam claro é o quanto são esquecidos pelo sistema, pelo poder público e, de certa forma, até pela mídia, que insiste em tratar os moradores como “marginais”.

Outra coisa chocante é saber que os sem teto não são os únicos ocupantes desses locais, mas imigrantes ou refugiados também. Engana-se quem acha que quem está lá passa o tempo sofrendo ou lembrando dos problemas, muito pelo contrário. Os moradores realizam sessões de filmes clássicos, como Crepúsculo dos Deuses (há uma referência clara em determinada hora) e fazem mini-teatros, replicando cenas clássicas.

Uma questão sem solução?

O filme não aponta o dedo na questão da habitação. É um problema sim das grandes cidades e que está longe de uma solução. É um dilema entre todas as partes. O poder público alega que não tem o que fazer com os prédios antigos e que não pagam o aluguel caro, já os moradores argumentam o óbvio: não têm para onde ir e não têm outra alternativa senão ocupar os prédios abandonados. É um jogo de empurra que se não for feito nada, se ninguém assumir responsabilidade nenhuma, só tende a aumentar.

Não é tão fácil de ver, tanto o documentário quanto a vida real. não apresenta uma solução fácil e muito menos é um programa de entretenimento. É o retrato e consequência de se viver em uma metrópole como São Paulo, terra de oportunidades, mas de desigualdades. Duvida? Basta sair da sua bolha e olhar um pouco para os lados.

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Nerd: Raphael Brito

Não importa se o filme, série, game, livro e hq são clássicos ou lançamentos, o que importa é apreciá-los. Todas as formas de cultura são válidas e um eterno apaixonado pela cultura pop.

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