Eu, Christiane F. – 13 anos, Drogada e Prostituída é um filme de produção alemã, lançado em 1981, gerou muita polêmica na época do lançamento, ao longo dos anos e até hoje. É um longa de classificação +18, é dirigido por Uli Edel, escrito por Herman Weigel, baseado no livro de Kai Hermann e Horst Rieck, que por sua vez é baseado em uma história real e em 2022 está ganhando uma versão remasterizada para os novos tempos.
Na trama, Christiane (Natja Brunckhorst, excelente no papel) é uma jovem de 13 anos, vive na Berlim Ocidental no final dos anos 1970 (vale lembrar que, na época, ainda existia o Muro de Berlim) e tem uma vida aparentemente comum, com todos os dilemas e dúvidas da idade, mas logo no início de projeção, ela começa a ir em um clube noturno com sua amiga mais velha, Kessi. Elas fazem novos amigos, a maioria sendo viciados em drogas e a protagonista logo se apaixona por um jovem chamado Detlev, que se prostitui para sustentar seu vício.
Christiane se revela fã de David Bowie, chega a ir em um show do astro, mas começa a experimentar as drogas também para se enturmar até chegar na heroína. Ela também se prostitui para aumentar seu vício, sua vida com sua família, sobretudo com sua mãe, jamais serão as mesmas, trazendo diversas consequências.
O livro já era polêmico e as expectativas para o filme eram altíssimas. O resultado foi um longa chocante e devastador. É curioso assistir a longas independentes, de outras culturas, longe de Hollywood, justamente para um ponto de vista diferente, longe da pressão dos grandes estúdios e da obrigação dos milhões de dólares.
Justamente por isso, este filme conseguiu ousar, fazer mais com menos orçamento e entregar algo sem o fator de entretenimento, mas mostrando uma realidade que muitos viram as coisas, porém, que existe.
E ainda o lançamento foi no início dos anos 1980, época muito conservadora para a sociedade (não muito diferente de hoje em dia) e que não estava preparada para algo tão impactante.
Muitos conservadores, aliás, acusaram o filme de fazer apologia a certos tipos de substâncias, o que é um total absurdo, já que muitos longas de ficção ou documentários sobre o tema mostram o contrário: o que as drogas podem fazer com o organismo, o impacto que elas causam na vítima, na família e nas pessoas em volta.
Quem assiste uma obra dessas pensa duas vezes antes de querer experimentar algo tão nocivo e o conhecimento sobre as consequências deve ser compartilhado com o maior número de jovens ao redor do mundo.
E assistir a este filme é um exercício incômodo para esse impacto todo, pois a Christiane começa o longa como uma moça comum, cheia de sonhos e desejos, que quer abraçar o mundo, mas que em uma noite aparentemente comum tudo pode mudar, em um caminho sem volta.
O longa mostra tudo isso de forma gráfica: a vida noturna, o vício, o namorado igualmente viciado, a prostituição, as overdoses, as inúmeras crises e o desespero de sua mãe. Tudo embalado por uma fotografia soturna, incômoda, uma trilha intensa, chegando a ser desesperadora, além das ótimas atuações, em especial, da protagonista.
Eu, Christiane F. – 13 anos, Drogada e Prostituída não é um filme para todos e nem deve ser, mas mereceu ser objeto de estudo e reflexão sobre um tema delicado. Sem apontar o dedo, como muitos fazem, mas mostrando-o como um problema de saúde pública.
E porque não usar uma arte acessível como o cinema para mudar uma sociedade?
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