Chama a Bebel é um filme brasileiro, lançado nos cinemas em janeiro de 2024, com direção, roteiro de Paulo Nascimento e, na trama, a Maria Isabel, ou simplesmente, Bebel (Guilia Benite) é uma jovem cadeirante, que mora no interior com a sua mãe, Mariana (Larissa Maciel) e seu avô, João (José Rubens Chachá), mas que logo no início do longa ela vai ter que ir para a cidade grande para estudar em uma nova escola.
Porém, não demora muito para que ela e o público perceba o clima tóxico e hostil: sua tia Marieta (Flávia Garrafa), a odeia, vive despejando discurso de ódio contra a garota e, para piorar, na escola, ela sofre preconceito da colega de classe Rox (Sofia Cordeiro), que é arrogante, mimada e filha de um dos homens mais poderosos da cidade.
Como se ainda não bastasse, ela descobre que a tal empresa poderosa (que o seu tio também trabalha) faz testes de cosméticos em animais, os cachorros de rua vão desaparecendo um a um e a Bebel, junto com seus únicos amigos, Zico (Gustavo Coelho) e seu primo rejeitado, Beto (Antônio Zeni), ela está determinada a descobrir o que está acontecendo.
Chama a Bebel é um filme com uma ideia interessante, com temas muito relevantes, como xenofobia, capacitismo, mau trato aos animais, ao meio ambiente, bullying, cyberbullying, arrogância e fake News (a protagonista sofre um golpe da Rox com um vídeo editado).
Mas é justamente aí onde mora um dos problemas (e não o único), de Chama a Bebel: o roteiro tem um problema evidente de falta de foco, os problemas são simplesmente jogados em tela e mal dá para absorver nada. Com uma protagonista tão influente e com tantos fãs jovens que é a Giulia, que também é uma das produtoras, e se os realizadores queriam uma consciência maior deste público e uma profundidade maior, foi um tiro pela culatra.
E já que um dos focos era a representatividade, fica difícil imaginar o porquê de não terem colocado uma atriz cadeirante de verdade. OK, Giulia é muito famosa e chama mais público, mas se colocassem a mesma atriz em um papel de segundo nome do longa, ou até mesmo como uma das vilãs, chamaria a atenção das pessoas do mesmo jeito.
Por falar em antagonismo, os ditos vilões são todos unidimensionais, não empolgam e a direção, infelizmente, não conseguiu extrair o melhor deles.
E para piorar, o longa é muito mal vendido, pode confundir o expectador mais desavisado, que pode entrar na sessão ou clicar nele quando chegar no streaming e achar que está vendo uma comédia ou um programa para a família. O próprio pôster é típico de uma comédia, com os atores sorrindo, cores mais leves e elementos cômicos.
O filme é curto, tem menos de 100 minutos de projeção e o primeiro ato é tão confuso, corrido, com excesso de informação e ainda com cenas gratuitas para provocar gatilho que mal dá para o espectador se envolver com a trama. E isso não melhora conforme o filme avança. Pessoas mais sensíveis podem, simplesmente, abandonar o longa. Isso sem contar a irresponsabilidade em tratar de temas mais explosivos.
Nem a boa vontade dos temas e nem mesmo a influência de parte do elenco (em especial, de Guilia Benite) salvam este filme do fiasco, que mais parece um trabalho acadêmico dos primeiros anos do que um profissional de fato. Um tema bom não garante um bom filme.
Fica para a próxima.
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