CBLOL 2015 | Entrevista Dexterity

Captura de Tela 2015-01-03 às 19.33.35Raça, sonho, coragem… Qual seria a melhor palavra pra descrever o intrépido time da Dexterity? Encontrei os rapazes num apartamento classe média, num condomínio fechado com muito verde, piscinas e playground. Com pouco tempo para perder, marcaram o papo durante o almoço.

Depois de passar por games house dos times com mais tempo de competição, entrar na Dexterity foi  surpreendente. De cara na cozinha, Anjinho em ritmo de linha de produção, preparava os pãezinhos de hot dog enquanto no fogão, prZO finalizava o purê e as salsichas, os dois sorridentes e concentrados na tarefa. Piolho cantarolava no banho, Rellik já mexia no computador com muita cara de sono e 7ico esperava sua vez de usar o banheiro. Todos ligeiramente amassados como quem acabou de acordar.

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Anjinho e prZO preparando o almoço.

Saquei a câmera e registrei o momento “família” na cozinha, tinha uma hora para conhecer os meninos e meu medo de virar abóbora acelerou o ritmo, puxei o note e sai conversando com o Bruno “Preston” Andrade, Manager/Coach do time.

1. Como surgiu a Dexterity?

BrunoA Dexterity é o time de LOL criado pelo Gabriel “Punisher” Hentz, que me chamou para tocar o time e ser sócio dele. A Dexterity como um todo, tem um histórico de equipes competitivas em campeonatos como CSGO, Crossfire e Battlefield4 e ele quis criar um time para LOL devido a importância que o game tem ganhado no mundo de e-sports.  Ele pesquisou no mercado, nos conhecemos e a equipe foi criada em Outubro de 2014, como ele é mais novo e seu foco é como jogador, eu me propus a estruturar o time na parte operacional e com a minha chegada trouxe mais pessoas para este fim.

2. E como foi a classificação para a CBLOL2015?

BrunoA gente tinha a vontade de competir, montamos a line up praticamente na noite da classificatória. Quando nos classificamos ficamos otimistas mas tinhamos uma previsão de inicio das partidas da CBLOL2015 em março. Só em dezembro que soubemos que ela ia ser em janeiro. Ai foi uma correria, pois ainda não tinhamos a estrutura ideal para montar nossa game house. Com o calendário apertado, tivemos pouco tempo para fechar a line up. Ja tinhamos feito um acordo com o Rafael “SoulSilver” Lanna , mas ao confirmar com ele a inscrição, ele nos comunicou que tinha uma viagem marcada para janeiro. Isso afetaria 2 partidas, como não tinhamos mais tempo hábil, montamos uma estratégia de substituição inscrevendo um reserva. Mas depois acabamos revendo isso com o inicio do campeonato, pois com o reserva conseguimos ficar dentro das regras da CBLOL.

3. E como tem sido este início de CBLOL?

BrunoAh, estamos trocando o pneu com o carro andando… Ou seja, conseguimos juntar os jogadores na house duas semanas antes dos jogos começarem, mas tivemos problemas de infra-estrutura, que não contávamos como a própria instalação da internet que demorou quase um mês para ser resolvida.

Fizemos uma pausa, pois todos terminaram o que faziam e se juntaram na sala. Roberto “Anjinho” Buzzoleti e Gabriel “prZo” Hirota entraram com os lanches, Alexandre “Piolho” von Flach e Mateus “7ico” Garcezin ficaram limpos e prontos e o André “Rellik” Guerra acomodou seu olhar sonhador por perto.

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HISTÓRIAS DE VIDA

4. Anjinho  alguém te chama de Roberto?

AnjinhoRoberto ninguém! Minha mãe me chama de Beto. Mas pra todo mundo eu sou um Anjinho mesmo!

5. Vamos começar falando deste 1 ponto? Vocês imaginavam que ia ser tão dificil conquistá-lo? Que jogar na CBLOL 2015 poderia ser tão puxado?

BrunoNós tinhamos uma noção que seria difícil pois estamos apenas começando, por isso conversei com outros time e vi que algumas histórias, como da própria CnB  foram bem parecidas com a nossa, com relatos de muitas dificuldades no inicio.

prZO –  Sim. A gente sabia que não seria fácil.

Anjinho Eu sinceramente não esperava, imaginava que era melhor. Acho que imaginamos muito o lado gamer, de jogar muito, treinar muito, mas como estamos começando, não imaginei que lidar com as dificuldades de infraestrutura e de convivência seriam os pontos mais difícieis de toda esta CBLOL.

prZOA Dex comparada aos outros times que estão nesta fase, de longe é o time menos estruturado e conquistar 1 ponto para gente é uma vitória, pois conseguimos provar que jogamos bem.

RellikNo último jogo, contra a Jayob, eu já tinha decidido que se não ganhássemos, eu iria voltar para Macaé. Ia desistir de continuar jogando este torneio.

6. Como vocês se conheceram e montaram este time?

Anjinho Eu conhecia o prZO há muito tempo. Jogamos uma partida de LoL no Brasil pela CnB, quando isso aconteceu, o Rellik ainda estava em Portugal. Ele viu que ia abrir um servidor no Brasil e entrou em contato comigo e, eu ainda não sei porque aceitei! Afinal são tantas mensagens que você recebe. Começamos a conversar e ele prometeu:  “Quando eu estiver no Brasil a gente monta um duo.” Foi assim que começamos a jogar duo.

BrunoNós vimos que eles jogavam bem juntos, já estávamos testando jogadores e deu certo de juntarmos todos. Foi o destino. (risos)

AnjinhoDestino e começamos a perceber que jogávamos melhor que outros times, como a CnB por exemplo.

7. Vamos voltar um pouco nas histórias de cada um, podem explicar como chegaram na Dexterity?

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7ico foi chamado às presas para substituir SoulSilver

7ico – Eu vim de Ilha Bela. Numa semana eu estava deitado com a bunda pra cima as 2h da tarde no meio da semana, quando recebi uma mensagem do Bruno em CAPS: “PRECISO DE VOCÊ PARA JOGAR 2 JOGOS NA CBLOL”. Começamos a conversar e dois dias depois no jogo contra a CnB o SoulSilver saiu, ai mudou de 2 jogos para o restante da CBLOL, até dia 28 de fevereiro. Eu não estava mais jogando, já estava trabalhando e ajudando minha mãe, mas 3 dias depois eu já estava em SP com apenas outros 3 dias para treinar para o próximo jogo. Hoje estou 18 dias na casa e contando. Na minha opinião, nós não temos problemas dentro do jogo, os problemas que temos é fora, de convivência e o pouco tempo para se preparar e treinar.

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Direto de Portugal, Rellik veio realizar o sonho de jogar profissionalmente no Brasil

Rellik – Eu soube em Portugal que a Riot Games iria abrir um servidor no Brasil (2012). Como meu pai me chamou para vir para o Brasil eu perguntei para ele “Pai como é a internet no Brasil?” ele me respondeu  “A melhor do Brasil para meu filho!” eu aproveitei pois queria tentar algo como gamer e vim pra cidade do meu pai em Macaé (RJ).

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Piolho passou para Medicina e desistiu para jogar pela Dex

Piolho – Faziam uns 3 anos que eu jogava, mas sempre priorizei a vida de estudante. Eu entrava nos times da minha cidade (Salvador), mas sempre priorizei a escola. Minha família sempre me apoiou à fazer o que fosse, desde que eu fosse feliz. Quando me chamaram para vir para a Dexterity eu tinha acabado de ser aprovado em Medicina, deixei a faculdade para me dedicar ao meu sonho. A faculdade vai continuar lá, se já entrei uma vez, posso entrar de novo.

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Drá pra imagina ele na cozinha?

prZO – Eu jogava com o Anjinho e sou de SP mesmo. Eu faço Gastronomia e penso em fazer algo relacionado a isso no futuro. Já atuei em equipes como CnB, RMA, WWW, KEYD , RG E 7B e resolvi apostar na Dexterity. Foi uma oportunidade boa!

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Anjinho mantém o time unido e cuida das refeições.

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Anjinho – Eu também sou de SP e jogava com o prZO há muito tempo. Nós que inauguramos o servidor de LoL no Brasil, no showmatch que aconteceu em 2012.

8. E uma vez que todo mundo se reuniu por este sonho, como foram os primeiros dias?

prZO – As primeiras semanas tivemos muitos problemas de infra-estrutura e isso abalou nossa confiança. Como não tinhamos internet, treinar era um desafio, nas semanas em que conseguimos organizar treinos com os outros times, tivemos melhores resultados, mas ainda me lembro que no primeiro jogo, o SoulSilver ficou bem nervoso, o Rellik tremia muito de suar frio e isso foi um problema sério pois ficamos preocupados deles terem esta reação a cada jogo. Nós chegamos a jogar partidas inteiras via 4G do celular. Uma loucura! Ninguém respirava para o celular não perder o sinal! (risos)

BrunoSim no começo, reunimos o time, mas eles não tinham muito tempo para jogar juntos. Uma solução inicial foi nos deslocar até uma Lan House no Tatuapé onde tinhamos equipamento e a conexão adequada para os treinos. O deslocamento de 30 Km para treinar era extremamente cansativo… Lembrando que este ano, em janeiro, foi extremamente quente, então era eu e 5 meninos na maior algazzara no carro. Fora isso tivemos sessões de fotografias, entrevistas, palestras, toda uma agenda de compromissos junto a Riot Games o que nos deixou bem descobertos.

AnjinhoOs problemas de infra-estrutura afetaram bastante, pois quando conseguimos treinar mais, conseguimos resultados melhores e isso que nós incentivava.

prZO –  (rindo muito) Faltou até o creme de leite! O Coach não compra creme de leite!

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Nos momentos de lazer os meninos descem para a piscina no condomínio.

9. Mas como é a rotina de vocês, quando vocês treinam?

Anjinho – Treinamos todos os dias das 14h as 17hs e depois das 19h as 23hs, mas é meio chato o que acontece, é muito dificil marcar treinos com outros times. Como em LoL, dependendo do nível em que você está para agendar as partidas, pois os jogadores tem que achar outros jogadores do mesmo nível, você tem dificuldade em arranjar partidas. Os outros times da CBLOL no começo não queriam treinar com a gente. Depois do jogo com a Jayob melhorou um pouco, mas ainda temos dificuldade em agendar partidas e somente com elas que conseguimos aprimorar e evoluir no treinamento. Hoje por exemplo só conseguimos agendar jogos com 2 times ara esta semana. Na semana em que jogamos com a Kabum, uma coisa que ajudou muito foi que conseguimos um treino com a PainGaming e isso foi bom para nosso preparo.

Bruno – Atualmente agendamos os treinos com times do Circuito dos Desafiantes, mas ainda é bem difícil conseguir que os outros times da CBLOL agendem treinos conosco. Por mais que a gente perca melhora muito nossa performance treinar com times mais fortes e mais bem preparados.

Anjinho – Nossa rotina de treinos acabam sendo bastante afetada pelas questões de infraestrutura. Não temos empregada, convivemos entre 4 pessoas, em que algumas nunca viveram sozinhas ou sem alguém por perto. Dividir os serviços domésticos acaba virando uma briga pois as vezes você tem que ensinar pro outro.

Rellik – Se não tivéssemos ganhado contra a Jayob, na ultima partida,  eu já tinha sinalizado que deixaria o time.

prZO – Eu mesmo não moro na casa direto, eu venho, fico uns 3 dias durante a semana e volto para minha casa que fica bem longe. Foi uma forma que encontrei de evitar discussões que afetassem nosso desempenho, pois sou muito metódico e não consigo ficar,  pois discuto com os meninos por questões domésticas. Assim treinamos comigo a distância, o que reconheço que não é o ideal, mas mantém a equipe unida.

Anjinho – Realmente hoje o que mais nos atrapalha são as questões de convivência. Como não temos uma empregada…

Bruno – Vocês espantaram a última!

Anjinho – Continuando… Temos que acordar cedo, para fazer o almoço, treinamos toda tarde e no intervalo, eu fico encarregado de preparar a comida e os outros ficam com a parte de lavar, varrer, acaba atrapalhando bastante. Se preocupar em treinar e ainda ter que resolver os problemas domésticos é a pior parte para mim.

11. O Rellik sempre fala assim baixinho?

AnjinhoSim! As vezes no meio do jogo não ouvimos o que ele diz. Principalmente aqui em casa em que somos mais barulhentos!

10. Bruno, mas com a CBLOL a visibilidade do time não aumentou? Não surgiram empresas interessadas em patrocinar a equipe?

Bruno – Nós ganhamos visibilidade, já recebi algumas propostas, mas elas não foram sérias. Conversei com outros managers e me avisaram que o começo é difícil. Estou buscando uma empregada, mas geralmente elas não querem vir trabalhar numa casa onde só tem meninos. Imagine 5 adolescentes num apartamento?  Então fico aqui com eles e tento cuidar deles da melhor maneira possível.

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Visionários ou sonhadores?

Como os meninos ainda tinham que dar uma geral na casa antes de retornarem aos treinos, levei todo mundo para a  piscina pra fazermos as fotos. Dei um abraço em todos e sai de lá pensando em como falar do time que vi, de 5 rapazes com uma puta garra, uns que largaram tudo para entrar numa equipe profissional, outros com sua experiencia escrevendo uma nova história. Todos no mesmo ponto de início.

No mesmo dia, recebi uma mensagem do Rellik, ele é muito tímido e tem um sotaque português encantador, ele me pediu para publicar a declaração abaixo:

Rellik – “Então é assim, eu namoro a QueenB e estamos juntos já ha algum tempo, como ela é bastante conhecida no meio, quisemos evitar muita exposição. Eu sei que ela gostaria imenso que eu a assumisse publicamente e ela merece isso. Eu não sou muito de falar da minha vida pessoal, sou bastante fechado quanto a isso. Mas a assumir publicamente vai deixá-la muito feliz, acho que isso compensaria os meus pontos negativos. Quero que ela saiba que é importante para mim também. Ela me ajuda muito.”

Esta entrevista foi um pouco diferente de todas as outras. Não senti vontade de questionar de estratégias, champs e tudo o mais dos jogos em si. Queria mesmo trazer esta visão de como é um time que esta começando e o quanto é difícil, mesmo jogando bem, disputar um campeonato.

Um “SALVE” do Novo Nerd para os futuros patrocinadores da Dexterity!

Twitter do prZO , Anjinho e da Dex para quem quiser mandar mensagens.

Facebook da Dexterity pra ficar por dentro e torcer. #GoDex

Fotos: Branca Galdino 

Nerd: Branca Galdino

Profissão: mãe de menino. Apelido: véia louca dos gatos. Adora tecnologia, tem vários games em casa, mas não passa da 1ª fase do Galaga. Trabalha como Mídia e ouve Kpop. Crê piamente que "de Nerd e louco, todo mundo tem um pouco"!

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