Com a proximidade da estréia do segundo filme do Capitão América, resolvi abordar as duas HQs que foram base do roteiro do filme. São duas histórias complementares que figuram no rol das melhores do Capitão e das melhores da Marvel no século XXI.
Esta semana falaremos sobre Tempo Esgotado.
A HQ começa causando polêmica ao eliminar o mais tradicional e popular inimigo do Capita da equação. Isso mostra a coragem e vontade de Brubaker em mudar as coisas e em revigorar um personagem desgastado por anos de péssimos roteiristas e por gerações de leitores que nunca entenderam o verdadeiro sentido e importância da personagem.
O mistério construído e – principalmente – o desenvolvimento dos problemas vividos pelo Capitão, as crises psicológicas e lembranças aparentemente falsas, tudo isso serve de gatilho para uma nova abordagem, mais humana e profunda, do herói.
Ligada intimamente com a saga seguinte do Capitão, O Soldado Invernal, uma mudança de background iria transformar a velha ideia que os leitores tinham da personagem e trazer para as páginas da HQ um realismo bem vindo, oriundo certamente das experiências cinematográficas de Nolan com o Batman e da reformulação brilhante do universo Marvel e dos Vingadores feitas por Mark Millar na genial “Os Supremos“. Na HQ de Miller a personalidade militarista, antiquada, violenta e frasista do Capitão se destaca absurdamente e dominou as discussões dos fóruns específicos por meses. Os fãs queriam mais daquele Capitão bad ass e começaram a ver, ainda mais, a personagem tradicional como parte de um mundo que já não existia. Aí reside a parte mais genial da passagem de Brubaker pelo gibi do Capitão, reconstruir um personagem desacreditado pela sua própria “fan base”dando aos críticos o realismo e violência que queriam, mas sem se livrar das facetas clássicas da personagem, afinal, o Capitão é mesmo uma personagem antiquada presa em um mundo ao qual não pertence, isto é parte integrante de sua composição e não pode faltar. Na minha opinião Brubaker escreveu o melhor Capitão de todos, o que melhor soube dosar as qualidades inerentes do maior herói do mundo (o que o Capitão é dentro do Universo Marvel) com os defeitos de um homem que em sua essência é muito mais idealista do que de fato patriota. Se metade disso se refletir na obra cinematográfica, teremos o melhor filme que a Marvel já produziu.
Semana que vem falamos de O Soldado Invernal e as coisas só melhoram!
Onde conseguir: Coleção Marvel Salvat volume 44 (fácil de ser encontrada na internet, em comic stores e em livrarias)
