SINOPSE: Quem cuida dos seus filhos quando você não está olhando? Apesar da relutância do marido, Myriam, mãe de duas crianças pequenas, decide voltar a trabalhar em um escritório de advocacia. O casal inicia uma seleção rigorosa em busca da babá perfeita e fica encantado ao encontrar Louise: discreta, educada e dedicada, ela se dá bem com as crianças, mantém a casa sempre limpa e não reclama quando precisa ficar até tarde. Aos poucos, no entanto, a relação de dependência mútua entre a família e Louise dá origem a pequenas frustrações – até o dia em que ocorre uma tragédia. Com uma tensão crescente construída desde as primeiras linhas, Canção de ninar trata de questões que revelam a essência de nossos tempos, abordando as relações de poder, os preconceitos entre classes e culturas, o papel da mulher na sociedade e as cobranças envolvendo a maternidade. Publicado em mais de 30 países e com mais de 600 mil exemplares vendidos na França, Canção de ninar fez de Leïla Slimani a primeira autora de origem marroquina a vencer o Goncourt, o mais prestigioso prêmio literário francês.
A história de Leïla Slimani, autora do livro, franco-marroquina, também é pra lá de impactante. De uma mulher tão inspiradora e ganhadora de prêmios, eu não esperava menos do que uma ótima história, e, por ser do selo Tusquets, eu não esperava nada menos do que maestria na forma como tal história nos seria contada.
Acabo de ler Canção de Ninar, best-seller internacional e ganhador do prêmio Goncourt, trazido ao Brasil pelo selo Tusquets da editora Planeta e apresentado para nós, parceiros, antes de ser lançado oficialmente. O livro me ganhou (e a todos ali presentes) com sua primeira frase, apenas:
“O bebê está morto”.
E, quando terminei de ler, me decepcionei. Me decepcionei com a nota que o livro recebeu no Skoob, plataforma que (na maioria das vezes) confio para me indicar novas leituras e trocar livros. 3.8, de um total de 5, foi a nota que Canção de Ninar recebeu de 199 leitores que o avaliaram.
Fiquei mais triste ainda depois de ler algumas resenhas que justificavam as notas baixas. Por quem não aproveitou a leitura, o livro é descrito como inacabado, perda de tempo, tedioso. Ressentida, pois Canção de Ninar é exatamente o tipo de história que mais amo ler, escrita com tantas particularidades e talento, não posso deixar de defender um dos melhores livros que já li.
Canção de Ninar é um delicioso desafio mental para quem é apaixonado por um bom thriller, e está acostumado com o tema. Pode parecer inacabado para quem tem preguiça de entender além do que está escrito e de completar as lacunas deixadas pelo livro ao compreender seu texto cheio de insinuações. Perda de tempo e tedioso para quem achou que a história estava toda entregue logo nas primeiras linhas e não foi cativado pela curiosidade de questionar a tragédia da babá que matou duas crianças – O que aconteceu? Será que foi ela, mesmo? Se sim, o que a levou a fazer isso? Se não, quem foi o ser capaz de tal crueldade?
Slimani nos pega pela mão e nos convida a entender todo o drama, mostrando-nos o ponto de vista de diferentes personagens, de diferentes épocas, para que possamos coletar todas as peças do quebra-cabeças que ela criou com tanto cuidado – quebra-cabeça, esse, que ainda estou adorando tentar montar em minha cabeça. Será que encontrei mesmo todas as peças? Como é que elas se encaixam?! É necessário todo um jeito de contar histórias para nos deixar pensando nelas quando as páginas acabam e o livro volta para a estante – mas não sai de nossas cabeças.
Para os fãs de mistérios e suspense, e para quem adora bancar o detetive ou psicólogo, Canção de Ninar é leitura obrigatória. Questionem tudo, olhem com atenção atrás de cada capítulo, e lembrem-se: não esperem por respostas prontas!