Batman – O Retorno é a continuação direta do Batman de 1989, é novamente dirigido por Tim Burton, já apresenta um Bruce Wayne/Batman estabelecido, vivido novamente por Michael Keaton, já começa com a origem de um dos vilões, o Pinguim (Danny DeVito) e depois somos apresentados ao tempo presente da trama, com o personagem já adulto.
Paralelamente a isso, o magnata Max Shreck (Christopher Walker) se aproveita da popularidade do Pinguim para lançá-lo como prefeito de Gotham City para, assim, conseguir derrotar o Batman, mas no meio do seu caminho está a sua secretária Selina Kyle (Michelle Pfeiffer), que descobre um esquema de corrupção, ele a joga pela janela, mas ao invés de matá-la, ela acaba ganhando os poderes de uma felina, se transformando na Mulher-Gato, que também quer acabar com o Homem-Morcego, se junta ao Pinguim para isso, mas enquanto está na forma humana como Selina, ela sente uma estranha tensão sexual com o Bruce Wayne.
O Batman de 1989 foi a maior bilheteria daquele ano e por conta disso, Tim Burton ganhou liberdade total para realizar seu longa, o que foi positivo e negativo, pois de um lado o filme é aclamado até hoje e teve um resultado satisfatório de bilheteria, porém, ficou abaixo do esperado (faturou 266 milhões perante os 80 investidos).
Não bastasse isso, o filme ainda teve problemas com os pais preocupados com o teor sombrio do longa e as insinuações (o uniforme da Mulher-Gato foi considerado sensual na época). E a cereja do bolo de tudo isso foi a quebra de contrato que o Mcdonalds fez para a Warner Bros, porque não quis associar o Pinguim às crianças.
Isso fez com que Burton perdesse a cadeira de diretor para o próximo filme do herói e quem assumiu foi o saudoso Joel Schumacher, que era um grande cineasta, mas que é sempre lembrado pelas pérolas Batman Eternamente e principalmente Batman & Robin.
Mas, afinal, Batman – O Retorno sobrevive ao tempo ou não? A resposta é sim, mas não é um filme perfeito.
Revê-lo foi um exercício de exaltar as qualidades, mas há dois erros imperdoáveis para filmes de super-heróis de qualquer época: o filme desenvolve muito bem os 3 vilões e este é um filme deles, mas cadê o Batman? Porque o nosso herói é deixado de lado na maior parte das cenas? Se juntar todas as cenas que o Bruce/Batman aparece, dá um terço de projeção e olhe lá.
Outro problema grave é que embora o roteiro seja muito bem amarrado com os personagens, a trama e todo o universo que ronda o personagem, o filme fica devendo na ação, pois não há nenhuma cena memorável de luta que defina este filme, aliás, as lutas são raras e um orçamento de 80 milhões em 1992 exigia uma ação digna de nota.
Mas, apesar desses problemas, Batman – O Retorno ainda sobrevive como um bom filme do Homem-Morcego, querido pelos fãs e com momentos memoráveis.
Já no início, quando acompanhamos o pequeno Pinguim mergulhando no rio, enquanto sobem os créditos iniciais, ou a transformação de Selina em Mulher-Gato? E por falar na felina, a cena em que ela lambe o Batman no chão é icônica até hoje (mas deu problema na época como descrito acima).
E se o filme peca na ação, ele compensa em outros aspectos, como a trama política, o jogo de gato e rato, o próprio desenvolvimento dos personagens e com a parte técnica impecável até para os dias de hoje.
Seja pelo desenho de produção, apresentando uma Gotham imponente, soturna e fascinante, ou pela maquiagem caprichada (em especial do Pinguim) e a grande trilha sonora de Danny Elfman, parceiro de Burton e marcante até hoje.
Isso sem contar o excelente elenco. Não é todo dia que temos juntos na mesma obra atores como Michael Keaton, Michelle Pfeiffer, Danny DeVito e Christopher Walken, que entraram no imaginário popular dos fãs, não-fãs de HQs e se em 2022 celebramos a estreia do novo filme do Batman, com uma nova roupagem, deve-se muito a este filme aqui.
Batman – O Retorno não é perfeito e nem a melhor obra do Homem-Morcego para os cinemas, mas tem o mérito de ser um filme marcante, respeitoso e com fãs até hoje. Qual filme de super-herói atual será lembrado daqui décadas?
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