Olá nerds. É, hoje tem introdução mais amistosa e descontraída.
Veja bem, eu não sei escrever sobre música, sendo bem honesto, não sei porra nenhuma de música em um nível profissional, eu sei tocar o terror, isso me bastou por um longo tempo. Mas sempre quis escrever sobre música, algo que me acompanhou e me acompanha tanto, que é natural do meu dia e, assim como qualquer coisa da cultura pop, essa vontade precisa ser passada para o papel. Por quê? Porque eu quero e preciso! Portanto, qualquer falta de termos mais ‘’floreados’’ e específicos devem ser entendidos e se não, também não ligo, estou me divertindo horrores pensando e escrevendo esse texto.
Mas pra começar, o que é música? Acima de tudo, o que é música pra mim?
Música é, com todas as certezas do mundo, a coisa mais poderosa que o ser humano algum dia conseguiu conceber, seja lá como. O ato de criar sons seja com qual instrumento que for, do mais rústico ao mais refinado e encaixar melodias, das mais acéfalas e grudentas a poesias dignas de Shakespeare é um milagre e não me entenda mal, posso estar exagerando, e talvez, pão de queijo seja a melhor coisa que o ser humano conseguiu pensar, mas música define épocas e momentos grandiosos ou não. Ela move pessoas e une pessoas. Isso é mágico pra caralho.
Você tem noção que música consegue suprir, em três ou quantos minutos, um único sentimento, ou melhor, vários? Ela consegue expressar coisas que eu tenho dificuldade, que é essa coisa vinda do emocional. Isso é poder, amigos. Isso é poder de tocar o ser humano de uma forma tão íntima. Por isso, que arte é importante! Arte é isso! É algo que conversa contigo em múltiplos níveis, além da experiência sensorial. Ouso dizer, que pra mim, se existe algum ser superior, ele habita na música, seja ela ‘’boa’’ ou ‘’ruim’’, se ela te tocou, te transformou ou te mudou de alguma forma, parabéns, você teve uma experiência divina.
Até meus 10 anos, o máximo de contato de música que tinha, eram com meus pais, de um lado havia pop e música dance dos anos 80 e do outro os rock brasileiros. Era música, mas nada profundo, algo que se tornasse uma parte de mim ou que define algo tão enraizado quanto mentalidade. Até o dia, que por um acaso gigantesco, a combinação MTV + Lavar a louça me apresentou a banda que, durante um bom tempinho, definiu toda uma parte da minha vida e, até hoje, acaba definindo. Estou falando do dia, graças ao acaso, eu ouvi a música Holiday do Green Day.
É, Green Day, foda-se Blink, não conheço e não ligo, abraços.
Aquilo mudou a minha vida e quando digo mudou, estou dizendo que ouvir aquela música tão animada e tão louca, com um cara estranho com lápis de olho cantando e uns dois caras esquisitos tocando foi suficiente pra passar dias sentados no computador, com fones de ouvido, ouvindo cada música que conseguisse no YouTube desses caras, cada música mais louca e surtada que a outra, que tocou aquele jovem.
Green Day conseguia saltar de masturbação pra críticas sociais e de alguma forma, o garoto que não sabia nada de mundo, mas sentia algo errado nele, havia se conectado com aqueles caras em um nível que só num futuro muito distante, isso aconteceria de novo, mas de forma mais lenta.
Mas quem é esse bando de maconheiro?
Eu queria dizer que não era importante, sério, queria mesmo, porque não é nem de longe, o que quero falar, mas me vejo por puro senso de perfeccionismo casado com meu estilo metódico de escrita sendo obrigado a escrever algo a respeito, mas se ficar ruim, a Wikipédia ainda é gratuita. Entenda cara, só quero falar das músicas.
Green Day é composto por Billie Joe Armstrong (Guitarra e vocal), Mike Dirnt (Baixo e vocais), Tre Cool (Bateria) e o aquele famigerado cara que sempre cola nos roles mas não aparece nas fotos, Jason White (Guitarra, vocais), sendo uma banda de punk rock formada em 1987, contando atualmente, com doze discos, com o primeiro gravado em 1990, chamado 39/Smooth e o último, Revolution Radio, lançando em 2016 (que é bom pra caralho, diga-se de passagem).
Mas existe um álbum em particular, meu segundo favorito, mas que merece todos os holofotes, que em 2015, sem meu conhecimento, ganhou um documentário, Heart Like A Hand Grenade, dirigido por John Roecker durante a concepção até o final das gravações de American Idiot, álbum lançando em 21 de Setembro de 2004.
Concebido como um opera rock, ou seja, várias músicas que contam uma história única do começo ao fim, se tratada de Jesus of Surburbia, um anti-herói viciado em drogas que abandona seu lar e família por meramente odiar eles, acabando por se deparar com St. Jimmy, seu próprio alter-ego, um traficante e Whatsername, que é… Bem, a proto-namorada de Jesus.
Isso não é dito dentro do documentário, que fique consciente disso, tudo está inserido dentro do disco.
Passando bem rápido pelo documentário, é uma produção com cara extremamente caseira e não me surpreenderia se esse fosse o trabalho de TCC do cara, sério. Não tem um senso de direção, é só o John e sua câmera, focado quase todo no processo criativo da banda em estúdio e alguns shows, com as músicas finalizadas, que por sinal, é o que ganha o filme.
A química da banda fora do palco é inacreditável, dá pra sentir a alegria deles fazendo aquele álbum, o quão são amigos e o quão estão se divertindo, mesmo por trás das brincadeiras é notável o quão essas músicas são especiais para o Joe – que as compôs – partindo-se da última frase da última música do disco, que é ‘’Forgetting you, but not the time’’. O filme ocorre de forma rápida, tem um ritmo legal e a edição é acertada, não deixando monótono, intercalando gravações e shows ao vivo.
Por mais que haja críticas poderosas para o ano de 2004, como a agenda do então presidente e antecessor do Barack Obama, George W. Bush, os próprios membros da banda insistem em dizer que não há uma agenda ali, não estão apoiando ninguém, só fizeram aquilo que é a ‘’atitude mais clássica’’ dos americanos, protestar e comentar. Não se trata de um disco alinhado a um partido, mas sim, a mentalidade ‘’quero pensar por conta própria’’.
Pra um garoto de 10 anos, isso era demais e era exatamente o que eu precisava ouvir na época. E por mais que isso alimente argumentos negativo como ‘’Bandinha de adolescente revoltados’’, tudo começa por aí, é aí inicia a sensação de pela primeira vez, se desprender de tudo que você julga como verdade e assim como Descartes, tirar suas próprias conclusões sobre as coisas ao seu redor, ou reafirmar as verdades que teve como base.
Eu precisava daquelas músicas, precisava daquela injeção de mais pura revolta e ódio contra tudo que era status quo pra começar a entender.
Indicado em dez e ganhando mais de cinco prêmios internacionais, dentre eles, vários como ‘’Melhor álbum’’ ou ‘’Melhor álbum de tal segmento’’, American Idiot veio em uma época em que Warning e Dookie eram os trabalhos onde o Green Day deixou de flertar tanto com o punk rock e começou a se estender para o pop rock, além do próprio amadurecimento da banda, que abandonou os temas adolescentes, como a masturbação propriamente dita (sério) para dialogar com temas como amor, a ausência dele, sobre a própria sensação de alienar e ser alienado, no fim, juntando-se tudo num álbum que não é nada mais, nada menos que umas das obras prima que os anos 2000 conseguiu produzir de relevante e ainda continuando extremamente atual, contando com um musical da Broadway com previsão de ser encenada no Brasil em 2017 no Rio de Janeiro.
Mas enfim, o que eu estou fazendo aqui falando sobre música? Simples. Finalmente decidi usar o espaço do Awesome Mix e usa-lo para uma série de objetivos, desde uma experiência de fazer textos menos impessoais, um estímulo a escrever semanalmente (algo que preciso fazer) e também, ouvir coisas diferentes todas as semanas, ao menos, um álbum, pois Deus e qualquer um que saiba meu Spotify sabe que os álbuns acumulados lá, desde bandas como The Killers, passando por trilha sonoras de tudo que é tipo de filme/jogo e até musicais, como Hamilton, mas me faltando tempo e quando não, preguiça.
Portanto, traga seus fones de ouvido e aprecie tudo que a primeira arte pode proporcionar.
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