Semana passada, durante a conferência Goldman Sachs Communacopia, o CEO da AMC, declarou que o estúdio tem planos para manter The Walking Dead (TWD) no ar por uma década, ou mais…
Segundo Josh Sapan “The Walking Dead é um universo. E temos planos de gerenciá-lo por mais uma década, ou mais. O plano é planejar cuidadosamente e respeitar o mundo que os fãs gostam.”
Confesso que quando vi essa notícia no feed de um amigo meu, acreditei que era trolagem, mas fiquei tão perplexa que fui pesquisar e, realmente, É VERDADE!
TWD é uma série que começou muitíssimo bem. Com elenco afinado, história instigante, tensa, digna de maratona. As primeiras 2 temporadas serviram para construir e aprofundar os personagens, a trama e cativar o público – tanto que em qualquer roda de conversa era possível escutar alguém comentando sobre a série.
A 3° e 4° temporadas foram recheadas de reviravoltas, e já era possível notar a evolução do mundo pós-apocalíptico – e por evolução me refiro à a diminuição de escassez de recursos, desenvolvimento das habilidades de sobrevivência e habilidades primitivas e instintivas dos seres humanos.
A partir da 6° temporada começa a disputa Alexandria X Salvadores. É quando o fofíssimo Negan aparece. No início dessa rixa já é possível perceber que os Salvadores não estão ai para brincadeira, e o roteiro até se sustenta bem durante alguns episódios.
O problema, foi que transformaram esse mote em uma odisseia interminável e a série começou a ficar cada vez mais monótona, cheia de clichês e de andanças infinitas. Nesse ponto, muitos espectadores ainda se mantinham firmes, enquanto muitos outros simplesmente começaram a desistir de TWD.
É claro que a série deve se basear o mais fielmente possível às HQs, mas adaptações para a TV sempre são necessárias. Primeiro porque a linha discursiva é completamente diferente em cada um dos canais, a velocidade e gatilhos empregados também o são. Mas na minha opinião, foi uma façanha dos roteiristas empregar um ritmo bem mais lento à série em comparação à HQ.
O que começou com um ritmo acelerado, tensão sempre aflorada e reviravoltas, se tornou um roteiro maçante e digno de uma UTI hospitalar.
Após 2 temporadas de preparação para a Guerra Total, retratada nos quadrinhos, e o fim da luta entre Rick e Negan, nos foi apresentado um episódio final morno, recheado de embromação e anticlímax – mesmo o roteiro tendo sido pensado para um gancho com uma nova fase na vida dos sobreviventes. Some-se a isso tudo, a morte de Carl, algo que vai na contramão da HQ, visto que ele terá cada vez mais protagonismo e importância.
Enquanto nas telas o que se via era marasmo, nos bastidores era emoção atrás de emoção: Andrew Lincoln, intérprete de Rick Grimmes rompeu o contrato com a série, Lauren Cohan, que interpreta Maggie, iniciou uma disputa com o estúdio pleiteando receber o mesmo salário que seus colegas homens e, a AMC, ainda teve de lidar com quedas seguidas de audiência por 2 anos.
Nesse cenário, fica realmente complicado imaginar mais 1 década de TWD. Além de os roteiristas parecerem sem criatividade, quando a usam não é para o bem da história, mas apenas para gerar um choque e retornar ao marasmo.
Já foram divulgados alguns trailers da 9° temporada, e ao que parece estão tentando trazer a emoção de volta. Infelizmente, assim como na história, ainda não foi descoberta a cura – e acho difícil curar essa série que se apegou tanto aos zumbis que acabou se tornando um deles.
