Como já disse antes, toda série que eu me envolvo emocionalmente é cancelada. Lógico que com Me, Myself & I não poderia ser diferente. Mas, de todas as séries canceladas que gosto, essa é, para mim, uma das mais trágicas. Não que o cancelamento de Hannibal, The Exorcist e Kevin (Probably) não tenham sido péssimas notícias, mas com MMI foi diferente…
Me, Myself & I foi lançada pela emissora americana CBS em 25 de setembro de 2017. Ela tem como personagem principal uma pessoa: Alex Riley, um menino de 14 anos vivendo nos anos 90 (Jack Dylan Grazer, o Eddie de It), um homem de meia idade dos dias atuais (Bobby Moynihan) e um aposentado de 65 anos em 2042 (John Larroquette). Alex é apaixonado por basquete e fã do Michael Jordan, muda-se aos 14 anos para Los Angeles com a mãe após ela se casar com um piloto, que tem um filho mais ou menos da sua idade. Alex cresce, torna-se um inventor tentando ganhar algum dinheiro com suas ideias e criações, recém-divorciado, morando com sua filha na garagem de seu amigo e sócio. Após anos trabalhando com suas invenções e conseguir abrir sua própria empresa, tornando-se bilionário, aposenta-se após sofrer de um ataque do coração e reencontra um antigo grande amor.
Assim, por cima, a série pode não parecer nada demais. Mas o que me atraiu nela no primeiro momento (além do nome de Jack Dylan Grazer no elenco, não vou mentir) foram esses três momentos, esses três atores interpretando um mesmo personagem de modo muito parecido, porém ao mesmo tempo de modos diferentes. Porque essa é a vida, não é? Temos perspectivas diferentes ao longo da vida. E foi exatamente isso que me conquistou. Acredito que exemplificando consigo explicar melhor, usemos o episódio Family Tree (Árvore de Família) para fazer isso: o tema desse episódio é a família, e nele Alex nos conta como pensa sobre isso sob as três perspectivas. Mesmo sua família aos 14 anos sendo diferente da que tem aos 65, com algumas concepções um pouco diferente, mesmo aprendendo sobre isso quando ainda é jovem, ainda tem a mesma essência. E os temas dos episódios são simples, como amizade, trabalho, primeiro amor, mudanças… Tudo muito cotidiano, que todo mundo já vivenciou um dia. Isso, para mim, torna a série muito humana.
Mas o que aconteceu de trágico com Me, Myself & I? O primeiro episódio teve uma boa audiência, mas a partir do segundo os números começaram a cair. Muito. Então, em 1º de novembro de 2017, a CBS decidiu cancelar a série e tirá-la do ar imediatamente, exibindo somente 6 dos 13 episódios encomendados e gravados até então. Houve abaixo-assinado para não cancelarem a série, que até que foi muito bem sucedido, mas não teve jeito. A série, além de cancelada, ficou sem ter sua primeira – e única – temporada concluída…
O elenco seguiu sua vida, fizeram festa de despedida, foram atrás de outros trabalhos. Nem o elenco, nem a equipe envolvida sabia quando e se os episódios restantes seriam um dia exibidos, nem que fossem postados somente no site da CBS. Contudo, em 7 de junho de 2018, a emissora anunciou a volta da série. Não para uma nova temporada, mas a exibição dos sete episódios que restavam. Então, em 7 de julho de 2018, foram exibidos os sétimo e oitavo episódio da série. O nono e o décimo episódios foram exibidos nesse último sábado, dia 14 de julho, e os três últimos episódios serão lançados no dia 21 de julho de 2018.
Mesmo com um cancelamento prematuro, antes do final da temporada, diferentemente da maioria dos seriados que não vão ter continuação, que se estendem até o último episódio da atual temporada, MMI “saiu ganhando” e os fãs ficaram felizes com os episódios que faltam.
Me, Myself & I é mais uma série que entra na minha lista de séries canceladas que valem a pena maratonar, porque ela é leve assim como Kevin (Probably) Saves the World, rápida de assistir (cada episódio tem cerca de 20 minutos), bastante divertida e gostosa de assistir. É um seriado para assistir em uma sentada só, você nem vai perceber o tempo passar e vai se divertir muito. Além disso, ele pode te deixar um pouco nostálgico, tentando lembrar-se de como via as coisas da vida quando era mais novo. Mais uma vez: vale a pena maratonar.