A Primeira Morte de Joana é um drama brasileiro, lançado nos cinemas em maio de 2023, mas que teve suas filmagens em 2018 e seu lançamento foi adiado por conta da pandemia da COVD-19.
O filme tem a distribuição da Lança Filmes, produção da Okna Produções e venceu vários prêmios no Festival de Gramado, como Melhor Filme pelo Júri da Crítica, Fotografia, Montagem, entre outros.
Dirigido, escrito e produzido por Cristiane Oliveira, que dirigiu o premiado A Mulher do Pai, o filme se passa no ano de 2007, na cidade de Osório, no Rio Grande do Sul.
O filme já começa com a morte de Rosa (Rosa Campos Velho), uma senhora de 70 anos, que nunca namorou e morreu virgem, ela era a tia-avó de Joana (Letícia Kacperski, ótima no papel), uma garota tímida, cheia de dúvidas e fica intrigada com a história de Rosa, começa a investigar porque ela nunca se relacionou, ao passo que precisa lidar com os problemas de casa com a sua mãe Lara (Joana Vieira), sua avó Norma (Lisa Becker), o bullying na escola, sua intensa amizade com Carolina (Isabella Bressane, igualmente ótima) e suas descobertas sexuais da idade.
O longa é a sintonia perfeita entre uma grande ideia, ótimo roteiro, grandes personagens e até a técnica salta os olhos em um filme de produção modesta, mas que tem um saldo melhor do que muito blockbuster milionário de Hollywood.
A fotografia de Bruno Polidoro é sublime e não deixa de ser um personagem da trama, já que tem uma mistura de tons de amarelo e azul, causando uma sensação de tristeza pela trama e os dilemas das personagens, mas ao mesmo tempo, de um ambiente solar, praiano e praticamente regional do Rio Grande do Sul, muito presente no sotaque dos atores, um doce chamado cuca, pouco conhecido no restante do Brasil e o Parque Eólico da cidade, que por muito tempo foi considerado o maior da América Latina.
É importante ter uma mulher à frente da direção e do roteiro, pois o olhar feminino é fundamental para a condução da história e o envolvimento do espectador. Acompanhamos 3 gerações de uma família, onde cada uma vive a sua realidade e deixando claro tudo o que a mulher passa perante a sociedade machista, independentemente da época, embora as histórias da mãe e da avó não sejam tão bem exploradas quanto as da protagonista.
E por falar na nossa Joana, vemos todas os eventos do longa sob o ponto de vista dela. É a sintonia perfeita entre uma personagem bem escrita, um peso dramático consistente, o envolvimento emocional que o público tem e ainda uma excelente atuação. Letícia faz de sua Joana uma personagem fascinante, que precisa entender o mundo ao seu redor e se encontrar como mulher.
Ela começa a se questionar sexualmente, por isso corre atrás de informações sobre sua tia-avó e sempre contando com Carolina ao seu lado. A relação – de amizade – é muito bem construída e mesmo quando a protagonista fica na dúvida sobre o que a atrai, o roteiro é sutil, feito com empatia e com o mínimo de exposição possível.
Não é exagero dizer que este é o filme certo na hora certa, pois em tempos onde as mulheres têm mais voz, acompanhar esse ponto de vista, de uma jovem inteligente, obediente, mas a ponto de explodir, é algo que muitas vão se identificar e não apenas fazer com que esta obra seja apreciada, mas que possa mudar o dia de quem assiste.
E não é esse o intuito de uma arte como o cinema?
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