“A Hora da Estrela”, dirigido por Suzana Amaral e lançado em 1985, é uma adaptação da obra de Clarice Lispector. O filme acompanha a vida de Macabéa (Marcélia Cartaxo), uma imigrante nordestina ingênua vivendo em São Paulo. Através da excelente interpretação de Marcélia Cartaxo, somos levados a sentir a solidão e a falta de propósito que permeiam a existência da protagonista. A direção de Suzana Amaral é sensível e autoral, destacando-se na forma como explora a subjetividade da personagem, especialmente em momentos de solidão. Apesar de algumas limitações técnicas típicas da época de 1985, a simplicidade na composição se torna um elemento que enriquece a narrativa, conectando forma e conteúdo de maneira única. O filme foi premiado em festivais nacionais e internacionais, e continua relevante ao retratar temas como desamparo, amor e busca por identidade. “A Hora da Estrela” é uma obra-prima do cinema brasileiro e da literatura que merece ser reassistida e apreciada por sua beleza e profundidade atemporais.
Macabéa, uma imigrante nordestina em São Paulo, trabalha como datilógrafa sempre de cabeça baixa, com uma voz direcionada para baixo e uma postura de subserviência, respondendo sempre: “Sim, Senhor”. Ela vive em uma pensão modesta com outras moças, experimentando a vida dura de uma imigrante que aos 19 anos tenta fazer vida na metrópole, numa realidade simples e cheia de desafios. Parece que a cidade inteira conspira contra ela; ingênua e desprovida de malícia, ela segue uma trajetória marcada pelo abandono e pelo desamparo, tentando encontrar seu lugar em uma São Paulo imensa e muitas vezes hostil.
Essa mesma jovem nordestina, que vive em uma pensão miserável e trabalha como datilógrafa numa pequena firma, compartilha um quarto simples com outras três mulheres. A vida de Macabéa é marcada pela ausência de ambições e sonhos, embora ela deseje e anseie por um relacionamento amoroso. Seu encontro com Olímpico (José Dumont), um operário metalúrgico, parece promissor inicialmente, mas o relacionamento logo se revela tóxico. A complicação aumenta quando Glória (Tamara Taxman), colega de trabalho de Macabéa, influencia os acontecimentos após consultar uma cartomante, interpretada pela brilhante Fernanda Montenegro.
A relação com Olímpico deteriora, e Macabéa, vivenciando o amor pela primeira vez, é deixada por ele. Sua inocência não a permite compreender totalmente sua infelicidade e a dor que sente, levando-a a pedir uma aspirina a Glória, pois algo dói por dentro, embora ela não consiga identificar exatamente o que é. É uma experiência amorosa devastadora, introduzindo-a aos extremos da paixão, tanto os bons quanto os ruins.
Quando Macabéa consulta a cartomante, esta lhe promete que será amada por um homem rico e estrangeiro, o que a faz apaixonar-se pela ideia mais do que pela realidade. Este encontro serve como uma metáfora para o desejo de Macabéa de encontrar alguém que preencha os vazios de sua vida, uma busca por amparo e amor que define sua jornada emocional.
O filme, que também apresenta a Rádio Relógio como uma trilha sonora sutil, traz uma nostalgia agradável e destaca a simplicidade narrativa que reforça a profundidade da história. “A Hora da Estrela” retrata essa história complexa e premiada com uma interpretação memorável de Marcélia Cartaxo como Macabéa. A habilidade de Suzana Amaral em capturar a essência da obra literária e transformá-la em uma narrativa cinematográfica é evidente, fazendo deste filme uma das melhores produções do cinema brasileiro.
Além disso, a história aborda a complexidade dos personagens, especialmente Macabéa, uma figura simples, mas intensamente emocional, cujo desejo por amor e reconhecimento é palpável. “A Hora da Estrela” é mais do que um filme; é um espelho da alma humana, refletindo a busca universal por significado, amor e identidade.
Posts Relacionados:
Planeta dos Macacos: O Reinado e os ecos do passado
O Dublê é sessão da tarde sem medo de ser feliz
Rivais é filme sobre relacionamentos que fing ser sobre partida de Tênis
Não esquece de seguir o Universo 42 nas redes sociais: