À primeira vista, A Casa Sombria se encaixa em um conto vagaroso de uma pessoa abastada enfrentando forças terríveis e misteriosas em propriedade. Quase um tormento psicológico que vale a pena suportar. A protagonista entra no processo de luto e piora de estado mental que demora algum tempo para descobrir exatamente o porquê.
A jovem professora Beth (Rebecca Hall) é envolta em uma nuvem nebulosa de simpatia dos outros, o tipo em que as pessoas doam comida em vez de saber o que dizer. Beth mal fala durante os primeiros 15 minutos. Embora Rebecca Hall tome conta totalmente de cada cena usando seu arsenal expressivo e impressionante de olhares e nos dê uma ideia do que está acontecendo.
É apenas em uma reunião não planejada com uma mãe arrogante e desavisada, que Beth a ataca e a verdade surge. Depois de 14 anos de casamento, sem nenhum aviso prévio de que algo estava errado, o marido de Beth, Owen (Evan Jonigkeit), se mata enquanto navegava perto de sua casa do lago. A única escuridão em seu casamento foi por parte dela, resultado de uma experiência traumática anos antes.
Os sustos tomam conta como golpes sinistros e o medo se institui de forma generalizada em A Casa Sombria. Entre as coisas de Owen, surgem pistas desconcertantes. Uma nota de suicídio assustadora; desenhos arquitetônicos que parecem inverter o layout de sua casa; fotos de mulheres estranhas em seu telefone, todas parecidas com Beth. Imagens e sons petrificantes assombram suas noites e sombras incipientes pairam ao redor dela.
A Casa Sombria é mais do que a casa sombria
Enquanto o roteiro de A Casa Sombria provoca explicações naturais para esses acontecimentos sinistros (luto extremo? Pesadelos? Doença mental?), o diretor David Bruckner mantém um controle mortal sobre o clima do filme e o diretor de fotografia, Elisha Christian, transforma as superfícies reflexivas da casa em peças de quebra-cabeça que mudam de forma.
O final é o menos ousado das opções possíveis, mas por isso mesmo acaba convencendo mais. Beth é o mistério mais convincente, enquanto o filme tenta mapear psicologicamente suas emoções emaranhadas de tristeza, culpa, raiva e alegria estranha em seu senso de realidade cada vez mais fragmentado.
Hall é espetacular em um papel que muitas vezes a deixa sozinha e, em uma cena arrepiante, exige que ela se contorça de maneiras inquietantes. Enquanto a pele de Beth ondula a um toque invisível e sua garganta se arqueia de forma alarmante para trás, Hall nos mostra uma mulher para quem o terror e o desejo se tornaram uma coisa só.
Talvez ela seja mais assombrada por Owen do que pela casa; talvez ela prefira assim, porque é melhor do que ficar sozinha. Hall tem um padrão de credibilidade forte e aguçada que faz medo e a descrença em si mesmo ser ainda mais intrusiva e alarmante.
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