Quem é fã de um romance ou comédia romântica deve ter percebido que esses gêneros estão cada vez mais escassos na tela grande dos cinemas e a razão principal para isso é a financeira: os ingressos estão mais caros, as franquias dominaram e esses filmes ficaram restritos ao home vídeo.
Mas, felizmente, nos últimos anos, a tela grande do cinema não é a única opção de lançamento de filmes e o crescimento dos streamings não pode ser mais ignorado pelos estúdios, sobretudo após a pandemia do coronavírus.
E sem espaço nos cinemas, o gênero comédia romântica ganhou sobrevida no streaming, sobretudo na Netflix, que encontrou uma mina de ouro com as adaptações literárias de Para Todos os Garotos e A Barraca do Beijo, ambos de 2018.
Os dois filmes foram um grande sucesso de público e não demorou para que as devidas continuações chegassem.
Foi neste cenário que estreou, em julho de 2020, A Barraca do Beijo 2.
O filme é baseado nos livros da Beth Reekles, é dirigido e escrito por Vince Marcello. Após os eventos do primeiro filme, o casal Elle Evans (Joey King) e Noah Flynn (Jacob Elordi) mantém um relacionamento à distância, já que ele foi para Harvard e ela está no último ano do ensino médio.
Mesmo com a pressão da vida adulta, carreira e escolha da faculdade, tudo parece estar bem, até que Elle começa a se incomodar com a ausência do seu amado, as festas na faculdade e o ciúme com Chloe, uma amiga de faculdade, deslumbrante e muito próxima de Noah.
Não bastasse isso, ela começa a se envolver com Marco e a convivência entre eles fica mais intensa após os dois estarem juntos em uma competição de dança.
O início do filme é bastante promissor: situa o espectador, começa de forma vibrante, mas que logo perde o ritmo, sobretudo por suas mais de 2 horas de duração. E logo os problemas são evidentes: Elle só se aproxima de Marco pela carência e para provocar ciúmes em Noah, embora a química deles seja intensa.
Não bastasse isso, a “barraca” do título quase que inexiste aqui, aparecendo, principalmente, no terceiro ato e na conclusão do filme. O filme foca na relação entre os personagens, o que é muito positivo e até pelo envolvimento que o público constrói ao longo do filme, mas a edição poderia ter trabalhado melhor nisso.
Porém, nada disso tira os méritos do filme: é um perfeito programa para ver a dois e valorizar coisas importantes como amor e amizade, principalmente na figura do Lee, irmão do Noah e melhor amigo da Elle.
A convivência entre os dois está mais intensa, é impossível não torcer pela amizade e existe uma bela discussão sobre o foco nos amigos ou no coração.
A crítica torceu o nariz para o filme (no Rotten Tomatoes a aprovação é menor do que 27%), mas entre seu público alvo não é difícil encontrar quem o considera até melhor do que o anterior.
Exagero? Talvez. Mas é glorioso ver uma franquia de filmes dando certo fora do circuito dos cinemas, mais acessível para pessoas de todo mundo e para jovens de 8 a 80 anos. É uma diversão sem compromisso, que dá um calor no coração e um sorriso no rosto. Longe de ser uma obra prima até mesmo para o gênero, mas que pode ser o filme da vida da geração “millenium”.
E aguarde que a terceira parte já foi confirmada para 2021.