Quem acompanha a série desde o início sabe o que estou querendo dizer ao afirmar que desde o começo Glee tem passado por uma montanha-russa de qualidade. Por muitas vezes passamos por bruscas mudanças na história e no elenco com explicações que não convenciam nem ao próprio show, sendo muitas vezes motivos de piada até entre os personagens. Sou fã de carteirinha desde que a série estreou, mas confesso que perdi a paciência várias vezes.
A série começou bem, com uma história sólida que entretia e emocionava. Mas o que Ryan Murphy não entendeu é que uma série como essa teve tanto sucesso por um motivo: tinha prazo de validade. A história não deveria ser estendida para além dos limites de Ohio, nos forçando milhões de dramas ao mesmo tempo em vários cenários diferentes. A então nova geração do New Directions não tinha o carisma da antiga, nem de longe. Não queríamos ver o desenrolar de novas histórias (que eram imitações variadas das antigas), e sim o desfecho do caminho trilhado por aqueles que acompanhávamos desde o início. Ao querer dar conta de todas as histórias de uma vez, nada ficou muito convincente.
E então, da 4ª para a 5ª temporada, perdemos Cory Monteith. Com a morte de um ator tão querido pelos fãs e pelos próprios colegas de elenco, namorado de Lea Michele dentro e fora da série e considerado como um filho por Ryan Murphy, a montanha russa chegou no ponto de queda. A série já tinha data para voltar ao ar, conseguiram adiar em alguns meses, mas nada era capaz de acalmar os ânimos e de mudar com eficiência uma história que girava em torno dele. Não perderam apenas o personagem principal, Finn Hudson, mas um amado colega de trabalho que tinha uma relação estreita de carinho com grande parte do elenco. A história desandou e se perdeu, tentando várias vezes se encontrar e falhando em seguida. A 5ª temporada foi uma série de acertos e erros, de tentativas inconstantes de encontrar algo ou alguém que pudesse devolver o brilho à história. Mas nada poderia substituir o Quarterback e sua história de amor com Rachel Berry.
Entre deixar a tão sonhada NYADA para se tornar uma estrela em ascenção da Broadway, entre brigas estúpidas e reconciliações exageradas, entre términos e recomeços de outros casais, entre formar uma banda e apelar pela participação de Demi Lovato e Adam Lambert – que sumiram assim como vários outros personagens ao longo da série sem nenhuma explicação -, entre uma tentativa quase vergonhosa de Friends ao mudar mais personagens para Nova Iorque… Eis que a 5ª temporada acabou com Rachel recebendo uma ligação de que sua série de TV tinha sido aprovada. Pois é. Todos os sonhos e o sucesso alcançado com Funny Girl jogados no lixo para fazer uma série de TV. Ok. Whatever.
Eu não esperava nada da 6ª temporada. Não li nada a respeito, não me interessei em correr atrás para saber o que aconteceria. Apenas assisti quando os dois primeiros episódios foram ao ar juntos na última quinta-feira. E então, um baque: A série That’s so Rachel foi um fiasco. Nesse ponto, estourei! “Como assim, mas ele já desistiu dessa ideia? O que acontece com esse Ryan Murphy? Pqp, que cara inconstante! Mas que merda! Que ódio!”, etc, etc. Reclamei durante os vinte primeiros minutos do episódio, até começar a perceber que… Eu estava gostando! Foi quando percebi que todas as mudanças drásticas que agora estão acontecendo na vida de Rachel vieram para consertar todas as outras coisas impensadas que mostraram para os fãs nos últimos episódios.
Ao ver sua carreira ir por água abaixo, Rachel volta para Ohio, só para descobrir que mais coisas estão mudando: seus pais estão se separando e sua casa está a venda. Se reencontra com alguns amigos – como Blaine e Sam – e percebe que a vida deles também não deu tão certo, e que estão de volta ao lar – Blaine comandando agora os Warblers. Ao ver que Sue acabou com todos os programas de artes da escola e que seu antigo treinador de coral Will agora trabalha para um dos concorrentes do extinto New Directions, Rachel decide que irá fazer o possível para reerguer o antigo clube. Para isso ela conta com a ajuda de Kurt, que também viu seus sonhos e certezas irem pelo ralo e volta para Ohio, ajudando-a a recrutar novos alunos para o coral. Vários dos antigos personagens retornam para dar uma força aos dois, cantando e dançando para tentar fazer com que os alunos se interessem em fazer parte do coral.
Pela primeira vez, em muito tempo, senti aquela energia que as primeiras temporadas passavam. Ainda temos os novos velhos conflitos, mas dessa vez o grande desafio vai ser como equilibrar a amizade entre os três (ou quatro, contando com o Kurt) treinadores dos corais rivais vão fazer para manter a amizade enquanto focam para ganhar a competição, cada um com sua equipe. E, finalmente, os personagens da nova geração do New Directions: divinos. Hahaha! Por enquanto só foram nos apresentados quatro: Jane (que voz!), que deseja ser a primeira garota a fazer parte do coral dos Warblers. Roderick, um garoto que se isola do mundo com seus fones de ouvido para não ter que ouvir e ligar para as ofensas que lhe fazem por causa de seu peso e Mason e Madison, gêmeos que aparecem no finalzinho do segundo episódio.
Muitos elogiaram (mais do que o necessário, na minha opinião) a performance de Lea Michele em Let it Go. Achei normal, contida. A voz dela me emocionou muito mais em Suddenly Seymour, que ela canta com Darren Cris. Assisti várias vezes algumas das músicas cantadas nos dois episódios, principalmente as audições dos novos personagens, que são de deixar de boca aberta. Que vozes! Que personalidades bacanas, que backgrounds bem elaborados! Continue por esse caminho, Ryan Murphy. Pelo jeito Glee vai se despedir de todos nós em grande estilo, deixando uma boa impressão. Parece que chegaram na decisão de “é a última temporada. Vamos reunir todo mundo, fazer o melhor final que pudermos nessas circunstâncias e nos divertir”. E, pelo menos nos dois primeiros episódios, deu certo.
E cenas Samchel (entre o Sam e a Rachel)… Estou de olho em vocês! Hahaha!