Hello from the other siiiiiiiiiiiide!
Ok, desculpem. Eu não podia perder a piada, podia? Ok, talvez eu podia. Mas vamos ao que interessa!
Você compra um livro imaginando, pela sinopse e capa, que será o próximo A Cabana. Pensa que será um livro bom pra incentivar aquela reflexão sobre o de onde viemos e para onde vamos, um livro para talvez alimentar e fazer questionar a fé, mas não espera muito além disso. Espera um livrinho de auto-ajuda e recebe um TOMA ESSA! na cabeça para mostrar que você estava pra lá de enganada. O “A Cabana” tem um gostinho pra lá de picante de The Leftovers, a série – I N C R Í V E L – da HBO, já ouviu falar? Se ainda não viu, corre pra ver! E, se viu e gostou, continua lendo e já vai fazendo o pedido de “O Primeiro Telefonema do Céu” em alguma livraria, que muito provavelmente vai curtir a história do livro também! Na série, parte da população da terra desaparece de um segundo para outro, sem deixar quaisquer vestígios ou informações de o que aconteceu e para onde foram. Resta apenas as pessoas que ficaram para trás imaginar o que aconteceu para tentar entender o fenômeno inexplicável – alguns buscam explicações na religião, outros na ciência, e outros… Apenas buscam pelas pessoas que perderam, sem saber ao certo em que crenças se apoiar. E é mais ou menos essa a proposta do livro.
SINOPSE: Numa sexta-feira comum, o telefone de Tess Rafferty toca. É sua mãe, Ruth, que morreu quatro anos antes. Em seguida, Jack Sellers e Katherine Yellin recebem ligações semelhantes, do fi lho e da irmã, também já falecidos. Nas semanas seguintes, outros habitantes de Coldwater afirmam que estão em contato direto com o além, e que seus interlocutores lhes pediram para espalhar a boa-nova ao maior número possível de pessoas. A mensagem é simples: o céu existe, e é um lugar onde todos são iguais.
Em pouco tempo, correspondentes de diversos meios de comunicação aportam na cidade para transmitir os desdobramentos do fenômeno que pode ser o maior milagre da atualidade. Visitantes do país inteiro começam a surgir, as vendas de telefone disparam e as igrejas se enchem de fiéis. Apenas uma pessoa desconfia da história: Sully Harding, ex-piloto das Forças Armadas. Após quase morrer num desastre aéreo, perder a mulher e cumprir pena por um crime que não cometeu, ele não acredita num mundo melhor, muito menos após a morte. E quando seu filho pequeno começa a esperar uma ligação da mãe morta, ele decide provar que estão todos sendo enganados.
O primeiro telefonema do céu é uma história de mistério e, ao mesmo tempo, uma reflexão sobre o poder da conexão humana. Em uma narrativa que vai tocar sua alma, Mitch Albom prova mais uma vez por que é um dos autores mais queridos da atualidade.
Pontos Positivos: Apesar de tratar de crenças, religiões e fé, o livro não nos impõe que acreditemos em algo – é uma ficção, e assim como lemos sobre dragões, fadas, bruxas, lobisomens e etc, não precisamos acreditar neles para que sejam capazes de nos entreter e nos contar histórias incríveis e nos ensinar muita coisa (mas, cá entre nós, como seria bom se existissem!). O tema é tratado com muita cautela e imparcialidade, e deixa por conta do leitor o entendimento em que as reflexões irão acarretar. Como eu disse anteriormente, o livro me lembrou muito a série The Leftovers, tanto por acompanharmos com tantos detalhes como o evento transformou a vida dos moradores de Coldwater e também por acompanharmos a busca deles por respostas. Apesar de o livro não impor uma verdade única, ele provoca uma ponderação sobre todos os assuntos tratados, que não se bastam apenas em crenças e fés, mas também explora intensamente o comportamento humano, tanto o dos personagens dos livros quanto o nosso próprio.
É um drama/suspense sensacional, daqueles de grudar em nossas mãos, sem querer largar até chegar ao fim. Consegui entender porque chamam o autor de um dos mais queridos da atualidade. Ele cria uma história complexa e, ao mesmo tempo, simples, ligando tantos personagens e acontecimentos com um talento admirável. Ele costura a narrativa com informações que, mesmo não fazendo parte da história, enriquecem-na. Comprando mais livros dele em 3, 2, 1…
Pontos Negativos: Acredita se eu disser que não encontrei nenhum? A história é escrita de um jeito delicioso de ler, fácil de imaginar tudo acontecendo, como se fosse um filme ou um seriado. Personagens reais e cativantes, que nos acompanham até o final do livro carregando as mesmas dúvidas que nós. Talvez algumas pessoas não se agradem com o final da maneira como eu me agradei, mas isso não seria um ponto negativo, e sim um ponto relativo.
Trechos Marcantes: “É preciso começar de novo. É o que todos dizem. A vida, no entanto, não é um jogo de tabuleiro, e a perda de uma pessoa querida nunca é como ‘recomeçar um jogo’. É, acima de tudo, ‘continuar sem’.”
“- Pai, eu tinha tanto medo quando estava na guerra… Todos os dias eu temia pela minha vida, tinha medo de perdê-la… Mas agora eu sei.
– Sabe o quê?
– Que é o medo que nos faz perder a vida… um pouco de cada vez… O que damos ao medo, retiramos… da fé.”
Nota: 5,0/5,0
Não importa no que você acredita, não importa como você acha que surgimos e se continuaremos a existir de outro modo quando essa vida acabar. O que me fez me envolver tanto com a história do livro foi perceber que, no fundo, todos acreditamos em alguma coisa. E que todas as opções são válidas, pois ninguém sabe a verdade. Taí um spoiler que talvez nunca vamos saber: o que acontece depois do fim?