Eu achei que nenhum jogo me prenderia tanto emocionalmente depois de Gone Home (já falei um pouquinho dele por aqui, lembram?), e que nenhum outro superaria os jogos interativos da Telltale ou que nossas escolhas e investigações influenciariam tanto no resultado como no L.A. Noir (gente, como fiquei bitolada nesse jogo). Mas eis que surge Life is Strange e explode minha cabeça com tantas possibilidades de explorações e personagens magníficos que me deixa largada chorosa no chão cada vez que um episódio termina e tenho que esperar pelo lançamento do próximo.
“Life Is Strange é um jogo dividido em cinco episódios que veio para revolucionar os jogos com histórias baseadas em escolha e consequência ao permitir que o jogador volte no tempo e afete o passado, o presente e o futuro.
Você é Max, uma estudante de fotografia que descobre que pode voltar no tempo ao salvar a vida de sua amiga Chloe. Logo as duas se vêem expostas ao lado sombrio de Arcadia Bay ao descobrirem a terrível verdade por trás do súbito desaparecimento de uma amiga.
Enquanto isso, Max começa a ter premonições enquanto luta para entender as implicações de seu poder. Ela deve aprender rapidamente que mudar o passado pode levar a um futuro devastador.”
Sabe todas aquelas vezes que você estragou o jogo todo com uma escolha errada e teve que voltar pro último save? Os caras da DONTNOD Entertainment tiveram uma puta sacada quando fizeram um jogo em que não só é possível voltar no tempo para mudar (ou não) suas ações, como toda a intenção do jogo é essa! A história gira ao redor de Max e seus novos e estranhos poderes de voltar no tempo, sendo capaz de refazer ações e alterar escolhas, e as consequências vão desde não ser pega espiando alguém, evitar que um objeto se quebre ou salvar a vida de alguém. E, sim, pode ser que você não salve. E o que acontece, Game Over e tente de novo? Não, a história continua, com suas consequências. Pesado, né?
Há momentos em que você não tem escolha, deve voltar e seguir o caminho que o jogo quer, mas isso acontece pouquíssimas vezes, ouso dizer que apenas uma vez em cada episódio, no máximo duas. O resto é por sua conta, e as escolhas realmente importam. E não importa o que você faça, tem sempre alguém que não fica feliz. Você tem que ser ousado e não tentar fazer tudo para que todos fiquem amiguinhos para sempre, mas fazer o que for certo para você. As decisões afetam o passado, presente e o futuro. De verdade. Múltiplas possibilidades de destinos a serem alcançados, dependendo de suas escolhas. E, conforme os poderes de Max vão evoluindo, ela descobre que as consequências podem ser ainda mais perigosas.
Cara. CARA. Por onde começar com esses personagens?! Cada um tem um background bem definido e muito, muito foda. Todo o tempo “perdido” na construção dos personagens valeu, pois ficaram incríveis. Tem a turminha de populares malvados, tem o professor bonitão, temo diretor fdp, tem o nerd que tem uma gigantesca queda por você, tem o padrasto irritante, tem o zelador esquisitão, tem a religiosa que é alvo de bullying na escola, tem o drogado com pinta de bad boy da cidade, tem a rebelde maconheira tatuada roqueira de cabelo colorido que é expulsa da escola e, claro, tem a nerd resmungona que está afogando em dúvidas, descobertas e dramas enquanto fotografa tudo que vê por aí: sim, essa pessoa “incrível” é você! Hahahah!
É, eu sei, é um monte de clichê. Mas funcionam porque são muito reais. As personalidades e histórias de cada um foram muito bem elaboradas, te imergindo ainda mais na atmosfera única e envolvente do jogo. Os problemas de cada um e como cada detalhe acaba ligando a vida dos moradores de Arcadia Bay funciona como num daqueles seriados de cidadezinha onde todo mundo fuxica e influencia na vida dos outros, sabem? O tempo dedicado a nos mostrar a vida de cada um e como eles afetam na sua é muito intenso. Se eu for traçar o perfil de cada personagem importante, vamos ficar aqui pra sempre. Mas vamos fazer um resumão:
Você é Max, que volta para Arcadia Bay depois de morar alguns anos em Seattle. Você está animada com a nova experiência e a oportunidade de estudar fotografia com um bom professor, em uma escola renomada. Mas, ao mesmo tempo, você está apreensiva: quando foi embora você abandonou Chloe, que era sua melhor amiga. Com o tempo, você descobre que a escola não é tudo aquilo que você pensava. Tem sempre aquela panelinha de cretinos que quer te colocar para baixo, e essa panelinha é formada por Victoria, Nathan e o resto dos integrantes do clube Vortex, que você repudia. Mas eles não assediam só você: sua amiga Kate tem sofrido muito nas mãos do tal clube, que espalhou vídeos dela agindo de forma libertina em uma de suas festas, o que não é do feitio religioso dela, o que acaba levando-a a uma séria depressão. Enquanto tudo isso acontece, você até cansa de ver cartazes de uma tal de Rachel Amber, uma estudante que desapareceu de Arcadia Bay, e não deixa de se perguntar o que aconteceu com a garota. Mas nem tudo está perdido na Blackwell Academy… Você tem ao seu lado Warren, seu melhor amigo nerd super inteligente que te ajuda em várias ocasiões porque te ama e quer dar uns beijinhos. Hehe.
Da forma mais inesperada possível, você reencontra Chloe, sua amiga de infância, mas quase não a reconhece: os cabelos dela estão azuis, seu corpo tatuado e suas palavras e atitudes mais ásperas e arredias do que nunca. E, pasmem, descobre que a tal Rachel Ambers era uma “grande amiga” (cof cof) dela, que praticamente ficou no seu lugar quando você foi embora para Seattle. Chloe está desesperada para encontrá-la, uma vez que elas estavam combinando de fugirem juntas (cof cof) para começar uma vida nova longe de Arcadia Bay. E você descobre isso quando encontra uma caixinha cheia de lembranças da Rachel no quarto da Chloe (COF COF) que, por obséquio, ainda guarda as roupas dela (COOOF COOOF) no armário. Rs. Que amizade fofa. Daí em diante o jogo é recheado de momentos tocantes entre Chole e Max, que tentam estreitar os laços de amizade (rsrsrsrsrsrsrsrsrs) novamente enquanto buscam por respostas sobre o desaparecimento de Rachel e os culpados por trás de várias maldades malvadonas que estão afetando a vida de outras pessoas na vida delas. E se metem em várias confusões num clima de azaração, QUER DIZER, DE AMIZADE, NÉ JOGO. O jogo é cheio de pequenas insinuações nas escolhas pra você escolher “que caminho seguir”, if you know what i mean, mas é tudo bem sutil e mascarado durante os diálogos. Deixa até mais bacana não deixar tudo tão preto no branco, tenho que concordar. <3 Em questão de relacionamentos, torço pela Chloe, mas ainda aposto algumas fichas no Warren. O cara é incrível e, se tivermos que escolher, vai ser uma decisão pra lá de difícil!
Em Life is Strange você vive muitas confusões e tensões, mas tudo isso com estilo! As cenas, detalhes e cores são de tirar o fôlego, e tem horas no jogo que você fica ali, parado, apenas aproveitando todos os diferentes ângulos do cenário que o jogo vai mostrando enquanto curte uma boa musiquinha indie. Aliás, até tem opções só para isso mesmo: deitar na cama enquanto reflete sobre as coisas que aconteceram no dia, enquanto a “câmera” passeia pelo quarto. Sentar num balanço e pensar sobre a vida, enquanto cenas do jardim vão passando na tela, ou enquanto Max dá um passeio pela cidade de busão. O jogo te leva a tensões psicológicas, mas também dá um tempinho pra você recostar e relaxar, hahaha! A trilha sonora vale MUITO a pena e te deixam no clima, te inserindo no contexto da vida de uma adolescente americana com vários problemas ao seu redor, sem saber como pode controlar suas ações para ajudar as pessoas que ama e corrigir seus erros – e os dos outros.
Sério, tem várias, vááárias cenas dignas de virar seu wallpaper em cada episódio! E olha só, os caras são ão bacanas que até disponibilizaram a trilha sonora no Spotify!
Explore sua escola, vasculhe pelo dormitório de suas “colegas”, faça buscas por garrafas de cerveja em lixões, inspecione cada grafite, folheto, fotografias e registros que estão espalhados pelas paredes, escondidos em cestos de lixo ou leia e-mail de outras pessoas, invadindo o computador bem na frente delas! Hahahah! Sim, tudo isso e muito mais é possível em Life is Strange. As opções de interações são quase infinitas, e é quase impossível dar conta de tudo. Muitas vezes, para isso, você também tem que voltar no tempo, apenas para escolher explorar uma coisa para depois voltar atrás e explorar a outra opção sem perder as pistas que as duas escolhas proporcionam. Isso também funciona nos diálogos. Cada conversa é uma nova informação que você pode usar ao voltar no tempo para descobrir mais coisas. É complexo, mas é mágico!
Tudo é documentado no diário de Max, desde cada acontecimento, escolhas, fichas de pessoas que você conhece e o registro de fotos que você pode tirar ao longo do jogo, como um mini game de colecionar itens para fechar o jogo 100%. E completar essas fotos foi o que me fez perceber que eu tinha perdido MUITA coisa jogando o Episódio 3, hahaha! Fiquei tão empolgada na relação das personagens que esqueci de todo o resto da história do jogo e coisas que eu deveria fazer para ajudar as pessoas ao meu redor.
Se depois de tanta coisa boa você ainda não tá lá muito convencido de investir suas graninhas nesse jogo, agora eu te convenço pelo bolso! Corre lá pra Steam garantir o seu! Já tem o pacote com o jogo completo, sendo que por enquanto apenas os três primeiros episódios estão disponíveis. A previsão de lançamento para o Episódio 4: Dark Room é de 7-14 de Julho (que longee quero já!) e o Episódio 5: Polarized entre 25 de Agosto e 1º dia de Setembro. Ou, se quiser jogar apenas o primeiro episódio pra sentir a “emossaum” da coisa, dá também! E por míseros 10 conto (e cinquenta centavos, hehehe).
Eita que dá pra comprar o jogo e ainda pedir o troco em bala!
É um jogo para jogar várias vezes, tentar viver todas as possibilidades que ele proporciona na pele de Max, que são muitas e um caminho deixa muita curiosidade quando escolhemos outro. Jogue pela diversão, pelo apelo emocional, para solucionar os mistérios, para fotografar, para se encantar… Mas jogue! Aposto que você não vai se arrepender. E se se arrepender… É só voltar no tempo! 😉