Hoje lhes trago a tradução que fiz de um texto muito interessante do site Elite Daily – The Voice of Generation-Y, escrito por Lauren Martin. Já se sentiu uma pessoa melhor por ser um leitor? Agora você terá os argumentos científicos (particularmente, eu não dou importância infinita pra nada comprovado cientificamente porque a ciência é feita por humanos, sendo assim suscetível a falhas também, mas isso não vem ao caso shut the fuck up evelyn) certos para comprovar isso e entender por que você é uma pessoa tão maravilhosa e irresistível, hahaha! 🙂
Por que os leitores são, cientificamente, as melhores pessoas por quem se apaixonar?
Você já leu um livro até o fim? Digo, realmente até o fim? Capa a capa. Fechou-o com aquela sensação de voltar lentamente à realidade?
Você suspira fundo e fica ali, sentado. Com o livro em suas mãos, sua cabeça pende olhando para a capa, para a contra capa ou para a parede a sua frente.
Você está grato, pensativo, melancólico. Você sente como se tivesse perdido, e ao mesmo tempo ganhado, um pedaço seu. Você acabou de experienciar algo profundo, íntimo (erótico, talvez?). Você acabou de ter uma metamorfose intensa e, ao mesmo tempo, efêmera.
É como se apaixonar por um estranho que você nunca verá novamente. O desejo e a tristeza que sente por um caso de amor que acabou dói, mas ao mesmo tempo você se sente saciado, cheio pela experiência, a conexão, a variedade que surge após digerir outra alma. Você se sente alimentado, mesmo que por pouco tempo.
Esse tipo de leitura, de acordo com uma publicação de Annie Murphy Paul na revista TIME, é chamada de “leitura profunda”, uma prática que logo será extinta agora que as pessoas mais passam os olhos superficialmente por um texto do que realmente e leem.
Leitores como aqueles que deixam mensagens no correio de voz ou escritores de cartões são uma raça em extinção, com queda nos números a cada lista de GIFs e tablóides online.
A pior parte desta eminente extinção é que é comprovado que esses leitores são mais simpáticos e inteligentes do que a maioria dos seres humanos, e talvez sejam as únicas pessoas por quem valha a pena se apaixonar nesse inferno na terra.
De acordo com estudos de 2006 e 2009 publicados por Raymond Mar, um psicólogo da Universidade de York no Canadá e por Keith Oatley, um professor de psicologia cognitiva na Universidade de Toronto, aqueles que leem ficção possuem maior capacidade de empatia e de “teoria da mente”, que é a habilidade de aceitar outras opiniões, crenças e interesses, além de seus próprios.
Eles conseguem considerar outras ideias sem rejeitá-las e ainda manter as suas próprias. Embora se suponha que esse deva ser um traço inato em todos os seres humanos, requer uma diversidade nos níveis de experiências sociais para que se possa usufruir disso, e é provavelmente essa a razão de seu último companheiro ser tão narcisista.
Alguma vez você já viu seu ex com um livro? Vocês já conversaram sobre livros? Se não conversaram, talvez você deva pensar sobre mudar o seu tipo de parceiros.
Não é nenhuma surpresa que os leitores sejam pessoas melhores. Ao experienciar a vida de alguém por outros olhos eles aprenderam como é deixarem seus corpos e verem o mundo de outra perspectiva.
Eles têm acesso a centenas de almas, e absorveram sabedoria de cada uma delas. Eles viram coisas que você nunca entenderá e experienciaram mortes de pessoas que você não conheceu.
Eles aprenderam como é ser uma mulher, e um homem. Eles sabem como é ver alguém sofrer. Eles são maduros, sábios.
Outro estudo de 2010 feito por Mar reforça essa ideia com resultados que provam que quanto mais histórias foram lidas para uma criança, mais aguçada é a “teoria da mente” dela. Então, enquanto todo mundo pensa que seus filhos são os melhores, aquele que lê é realmente o melhor, já que ela é realmente a criança mais sábia, adaptável e compreensiva.
Porque ler é algo que molda você e aumenta o seu caráter. Cada triunfo, lição e momento crucial da vida do protagonista se tornam seu.
Cada anseio, dor e duras verdades se tornam suas para suportar. Você viajou com autores e experienciou a dor, sofrimento e angústia que sentiram enquanto escreviam aquilo. Você viveu milhares de vidas e aprendeu com cada uma delas.
Se você ainda procura por alguém que te complete, que preencha o vazio em seu coração solitário, procure por essa raça que está se extinguindo. Você os encontrará em cafeterias, parques e no metrô.
Você os verá com mochilas, bolsas e maletas. Eles serão curiosos e sensíveis, e você saberá nos primeiros minutos de conversa com eles.
Eles não vão falar com você. Eles vão conversar com você.
Eles lhes escreverão cartas e versos. Eles são eloquentes, mas não no mal sentido. Eles não simplesmente responder a perguntas e dão declarações, mas contra-atacam com pensamentos profundos e teorias intensas. Eles vão te encantar com seu conhecimento de palavras e ideias.
De acordo com o estudo ”O Que A Leitura Faz Pela Mente”, de Anne E. Cunningham na Universidade da Califórnia, Berkeley, a leitura nos proporciona uma lição de vocabulário que as crianças nunca conseguiriam obter na escola.
Segundo Cunningham, “a maior parte do vocabulário que se forma durante a infância ocorre indiretamente pela exposição a linguagem do que pelo ensino.
Faça um favor a si mesmo e namore alguém que realmente saiba como usar a língua.
Eles não apenas te entendem. Eles compreendem você.
Você deveria se apaixonar apenas por alguém que consiga ver sua alma. Deve ser alguém que alcançou as partes mais profundas de seu ser, aquelas que ninguém jamais viu antes. Deve ser alguém que não apenas te conhece, mas que te compreenda completamente.
De acordo com o psicólogo David Comer Kidd, da Nova Escola de Pesquisa Social, “O que os autores fazem de maravilhoso é transformar você no escritor. Na literatura de ficção, a incompletude das personagens faz com que sua mente tente entender a mente de outros”.
Isso é provado cada vez mais, conforme mais pessoas lêem. A habilidade dessas pessoas de se conectarem com personagens que nunca conheceram tornam o entendimento delas sobre quem as cercam muito mais fácil.
Elas possuem a capacidade da empatia. Elas podem nem sempre concordar com você, mas vão tentar ver as coisas do seu ponto de vista.
Eles não são apenas inteligentes. São sábios.
Ser inteligente demais pode ser desagradável, mas ser sábio é algo cativante. Há algo irresistível em alguém que pode lhe ensinar alguma coisa. A necessidade por bate-papos inteligentes é algo mais imperativo do que você possa imaginar, e se apaixonar por um leitor irá melhorar não só a conversa, mas o nível dela.
De acordo com Cunningham, os leitores são mais inteligentes devido ao seu maior vocabulário e memória, assim como sua capacidade de detectar padrões. Eles possuem funções cognitivas mais elevadas do que a maioria dos não-leitores e conseguem se comunicar de forma mais meticulosa e eficaz.
Encontrar alguém que lê é como namorar milhares de almas. É receber toda a experiência que adquiriram de tudo que já leram e a sabedoria que vem com essa bagagem. É como namorar um professor, um romântico e um explorador.
Se você namora alguém que lê, então você também viverá milhares de vidas diferentes.