Roubei um pouco a coluna do Carlos pra trazer pra vocês dicas de um dos meus artistas favoritos, o sensacional cantor canadense Neil Young. Foi difícil separar apenas 5 canções dele, mas acredito que consegui fazer um belo selecionado que dará tudo que vocês precisam para entender a qualidade absurda de sua música.
Nas minhas escolhas, apenas músicas solo de Neil, ou seja, sem Crosby, Stills, Nash & Young e sem Bufallo Springfield.
Old man
álbum: Harvest
ano: 1972
Comecemos com a primeira música do Neil Young que escutei na vida. Old Man é uma simples canção de voz e violão, com uma pegada folk bem acentuada, passando pelo country. A letra é lindíssima, como de praxe em Neil, e dizem que foi escrita para o seu pai. Sintam a pancada:
“Old man look at my life,
I’m a lot like you were.
Old man look at my life,
Twenty four and there’s so much more”
Harvest moon
álbum: Harvest Moon
ano: 1992
A canção anterior era do álbum Harvest, que é o melhor da carreira de Young, já esta é de sua “sequência” – Harvest Moon -feita 20 anos depois, para comemorar o aniversário do primeiro álbum. Apreciemos uma das mais bonitas músicas de amor de todos os tempos. Harvest Moon é uma balada delicada, rasgada e que mostra um amor completamente apaixonado, ainda que com um toque de tristeza.
Hey hey my my (into the black) / my my hey hey (out of the blue)
álbum: Rust never sleeps
ano: 1979
Hey Hey My My e sua contraparte acústica, My My Hey Hey são o testamento de. Neil Young para o rock. Duas músicas extremamente poderosas e poéticas. Vale destacar algumas coisas da letra: as duas epígrafes do gênero musical (“rock and roll can never die” e “rock and roll is here to stay“) que viraram frases corriqueiras dentro do próprio rock. Também as duas frases que Neil associa à necessidade de se destacar a aos problemas que isso traz: “it,s better to burn out, than to fade away” e “once you’re gone, you can’t come back“. A 1ª frase ficou mais notória ainda por ser citada na carta de suicídio de Kurt Cobain.
Neil Young falou sobre essa frase em uma entrevista (em respostas à críticas feitas por John Lennon), onde explica melhor como ela se associa ao próprio espirito do rock and roll:
“The rock’n’roll spirit is not survival. Of course the people who play rock’n’roll should survive. But the essence of the rock’n’roll spirit to me, is that it’s better to burn out really bright than to sort of decay off into infinity. Even though if you look at it in a mature way, you’ll think, “well, yes … you should decay off into infinity, and keep going along”. Rock’n’roll doesn’t look that far ahead. Rock’n’roll is right now. What’s happening right this second. Is it bright? Or is it dim because it’s waiting for tomorrow – that’s what people want to know. And that’s why I say that.”
Vale notar o sonoridade de Hey Hey My My, com suas guitarras sujas. Esta canção é considerada uma precursora do grunge e fez Neil receber o apelido de “The Godfather of Grunge“.
Heart of gold
álbum: Harvest
ano: 1972
Heart of Gold é minha canção favorita de Neil Young, na minha opinião uma das mais belas músicas já compostas e sempre me leva às lágrimas. Única canção de Neil a ser nº1 nos EUA, é a parte mais brilhante do brilhante álbum Harvest de 1972.
Sua letra é cheia de alegorias e narra uma busca profunda e longa por auto conhecimento e melhora pessoal. “I’ve been a miner for a heart of gold” diz Neil logo no começo da música, depois completa “”Keeps me searching for a heart of gold” e eu pergunto: Não estamos todos? Essa não é uma canção normal, não é apenas pra se ouvir, é pra se levar dentro da gente, pra sempre.
After the gold rush
álbum: After the Gold Rush
ano: 1970
E enfim chegamos à minha última escolha. Sem surpresas aqui, vamos tentar nos debruçar um pouco sobre o mistério que é After the Gold Rush.
Sobre o que fala essa letra tão complexa? Vai de um cenário medieval surreal até uma arrebatação por alienígenas! A canção percorre todo o caminho que o movimento Hippie dos anos 60 e 70 havia aberto, as citações estão todas lá, a psicodelia das letras, a veneração pelo cenário mágico medieval (que surgiu de um, então, recém descoberto J.R.R. Tolkien), o sentimento de pertencimento à natureza, a ufologia, tudo! É realmente difícil sair com uma única impressão ou interpretação dessa letra tão complexa (ajudada pelo lindíssimo instrumental), mas me parece difícil de fugir da ideia da arrebatação dos escolhidos (ideia muito popular durante a idade média), que aqui Neil associa com alienígenas. Bom, leiam a letra enquanto escutam a música e deem a sua própria interpretação pra esse clássico.
“Well, I dreamed I saw the knights in armor coming,
Saying something about a queen.
There were peasants singing and drummers drumming
And the archer split the tree.
There was a fanfarre blowing to the sun
That was floating on the breeze.
Look at Mother Nature on the run in the nineteen seventies.
Look at Mother Nature on the run in the nineteen seventies.
I was lying in a burned out basement with the full moon in my eyes.
I was hoping for replacement when the sun burst thru the sky.
There was a band playing in my head and I felt like getting high.
I was thinking about what a friend had said
I was hoping it was a lie.
Thinking about what a friend had said
I was hoping it was a lie.
Well, I dreamed I saw the silver space ships flying
In the yellow haze of the sun,
There were children crying and colors flying
All around the chosen ones.
All in a dream, all in a dream
The loading had begun.
They were flying Mother Nature’s silver seed to a new home in the sun.
Flying Mother Nature’s silver seed to a new home“