Toco o interfone e antes de conseguir falar direito meu nome uma voz de garoto do outro lado responde. “Abriu? Desce no 7o. E depois sobe um lance de escadas!”
“Tá” certo que pela primeira vez cheguei exatamente no horário, faltava um minuto para as 19hs, mas fiquei surpresa com esta prontidão. Suei frio… os caras já estavam me esperando, mesmo!
Chegando na tal escada, fui recebida pelo Rogério Almeida. Dono do time, sorriso no rosto, ele nos levou para o apartamento onde funciona a gaming house da INTZ. Entrei no apto e de cara notei a primeira diferença gritante: não tinha ninguém jogando!
Sento numa das estações, entre um menino em pose de ioga e cara de Bob Dylan (MicaO ) e o falante capitão do time (Djokovic), sempre atento as mensagens da namorada no monitor atrás dele. Espalhados num sofazão um moreninho quietinho e muuuito novinho (Tockers), um asiático gatinho apegado ao seu Iphone (Yang) e o mais sorridente deles (Jockster). Por último de boné e estilo skatista a pessoa que tem um papel chave na história da INTZ, o Luan (sNk), filho do Rogério.
1. Porque INTZ? O que significa?
Rogério: Vem do latim e significa: intrepidez, bravo, valente, destemido, corajoso. Meu filho tinha um time com os amigos há algum tempo e eles escolheram este nome, como gostei do significado, resolvi manter.
Luan (SnK): Para escolher o nome eu e meus amigos fizemos uma lista de sugestões, como não aparecia nada, resolvemos dar uma “googlada” e surgiu INTZ.
2. Como e quando surgiu o time oficial?
Rogério: Há uns 2 meses atrás. Na verdade meu filho começou com “isso” e eu comecei a prestar atenção ao mundo de LoL e depois todo potencial do segmento de games em si. Como sou empreendedor, já possuo uma estabilidade, resolvi investir e montar esta operação.
3. E como foi que vocês escolheram os jogadores? Como se monta um time?
Rogério: Os meninos se conheciam, um indicou o outro.
Jockster: Na verdade a gente já jogava junto. Eu, o MicaO e o Djoko, e surgiu uma oportunidade porque tínhamos no time os gêmeos, que saíram. Geralmente você acaba chamando as pessoas com que costuma jogar.
4. Menina pode fazer parte do time?!
Djoko: Na verdade pode mas existe um preconceito. Traçando um paralelo com futebol, não teria problemas reais, afinal, não é um jogo de contato, onde existe a questão física. Mas existe uma mística mais por preconceito de que o time não pode ser misto. Existem muitas meninas que jogam e taxar que elas jogam menos seria errado. Minha namorada joga e o preconceito é tanto que ela coleciona os haters. Toda vez que aparece algo no chat ela “printa” e guarda.
5. A INTZ é um time relativamente novo e tem sido chamado de “underdogs” do cenário brasileiro, o que vocês acham disso?
Rogério: Nós gostamos, é um título que combina com o time e traduz a nossa posição hoje.
Djoko: Só queremos trocar o termo “underdogs” por “o melhor” que será quando tivermos os melhores resultados do cenário brasileiro.
6. Mas vocês se sentem como uma equipe de Tier 1 do competitivo brasileiro? Isso é, considerando os resultados da BGL Arena, Rei do Nexus?
Djoko: Bingo! Esta é a pergunta mais feita nas entrevistas que demos. Para mim a resposta é menos relevante do que a pergunta, ela é feita pois só vêem os resultados de todo nosso treino nos campeonatos e hoje acho que só quando começarmos a ganhar com alguma frequência é que vão deixar de perguntar para acreditar.
MicaO: Na verdade esta pergunta está relacionada a maneira como as pessoas vêem os times hoje, onde tem a Keyd e a Pain se destacando e o restante dos times.
Djoko: Sabemos que estamos mais experientes, mas para esta imagem mudar, seria bom se toda semana tivesse algum jogo presencial. Assim poderíamos treinar mais o lado psicológico.
7. Mas já que vocês estão falando de jogos presenciais, qual a diferença para vocês entre presencial e online? E como é a diferença de nível de um campeonato como o Rei do Nexus para um CBlol ? Muda tanto assim ?
Rogerio: O Rei do Nexus é um campeonato novo e considerado pequeno, porém seu formato é um pouco diferente pois é mais longo, com quatro semanas consecutivas. As equipes maiores começaram a prestar mais atenção nele, pois ele dá visibilidade para as novas equipes.
Yang: Realmente muda muito pois conviver com quem você joga melhora seu game play, porque você conhece mais a pessoa. Isso facilita na hora do jogo presencial, onde é necessário mais entrosamento e principalmente concentração.
Djoko: Peso do presencial é forte. Tem muita diferença de você jogar na house e depois ir para um evento com milhares de pessoas assistindo você jogar.
MicaO: O jogo em si é o mesmo, só que muda o local com muito mais pressão.
Rogerio: É comparar novamente ao futebol: Jogar em casa e jogar fora de casa.
Djoko: Num campeonato presencial você fala mais numa partida, como ainda temos pouca vivência de presenciais, as vezes a gente fica muito concentrado em jogar e não fala, diferente de jogadores que estão mais acostumados a participar de presenciais. Um exemplo são os coreanos que normalmente são mais calados, mas no jogo eles falam o tempo todo.
8. Vocês são o novo destaque para um futuro grande time no cenário nacional, qual é a sensação ?
Tockers – A sensação é que é nossa oportunidade de chegar no topo.
9. Vocês perderam para a CNB na Semi final do Brasil Gaming League e venceram a Kabum que encadeou o terceiro lugar, quão foi importante para vocês essa vitória ?
Djoko: Muito importante. Nós jogamos um patch atrás do que o da BGL. De uma maneira geral notamos que a BGL é um pouco desorganizada. Eles acabam colocando um patch acima, o que gera mais dificuldades pois todos têm pouco conhecimento dele na hora da partida.
10. Em relação ao novo mapa, vocês tiveram a oportunidade de ter um contato com ele ? Quais são as expectativas para o mesmo ?
Tockers: Muda muito. Muda fog, lugar de flag, quem se adaptar mais rápido vai se sair melhor. É uma maneira de aprimorar o jogo.
MicaO: O gameplay não vai fazer diferença…
Jockster: Muda sim! Por exemplo, aquele lugar do dragon não vai ter mais a plaquinha… Isso muda!
Djoko: Torna o LOL mais competitivo, o time que se adapta mais rápido como o Tockers disse, geralmente é o que sai na frente.
11. E como foi a transição do Jockster de jungle para support?
MicaO: Foi natural porque a função dele é de ajudar o time, somente mudou sua posição.
12. Tem aquela questão do Mid falar mais com o Jungle ou não? Facilita a comunicação?
Djoko: Eu acho que não, aqui todo mundo fala, mas vai da personalidade de cada um, assim como acontece no jogo onde o MicaO é o cara mais quieto.
13. E o que aconteceu com o jogo dia 27/08 contra a Keyd, na Liga?
Geral: CRI CRI CRI…
Djoko: Aconteceu isso, o que fizemos foi ficar calado. Desde que criamos o time entre nós, sempre escolhemos pessoas que são da mesma vibe, alinhadas com um pensamento. Ter um bom momento, respeitar, criar um clima bom para jogar e ganhar. Não é nossa postura ficar de mimimi. Mas explicando melhor, havia uma regra que quem tivesse o jogador solo mais bem colocado teria o first pick.
Djoko: Na prática isso em si não faz diferença, mas numa partida de campeonato , isso afeta o lado psicológico. No campeonato em si, tivemos as regras divulgadas pelo Juan Leite e era isso que tínhamos que seguir: o jogador com melhor pontuação na conta inscrita na liga, teria a prioridade no first pick. Quiseram forçar o jogador da Keyd a jogar com sua a conta smurf. Com isso queimaram a largada. Enquanto discutiam o que iam fazer, tivemos seguir com a partida, porém a Keyd se manifestou dizendo que não havia gostado.
14. Qual é o Champs preferido de cada um?
Felipe “Yang” Zhao – Top Laner | Nidalee |
Thiago “Djokovic” Maia – Jungler | Skarner |
Gabriel “Tockers” Claumann – Mid Laner | Anivia |
Micael “micaO” Rodrigues – AD Carry | Vayne |
Luan “Jockster” Cardoso – Suporte | Veigar |
15. Como é a rotina de treino de vocês?
Djoko: Dois sets de jogos por dia – 3 a 2 vezes por semana com os outros times.
16. Fale um pouco de cada um, sobre como era a vida de vocês, o que pretendem pro futuro.
Djoko: Sou de Minas, tenho 24 anos, pausei a faculdade. Eu fazia medicina e um dia pretendo voltar para esta área.
MicaO: Sou do Espirito Santo e talvez faça Psicologia
Tockers: Sou do Rio Grande do Sul e pretendo fazer engenharia mecânica um dia.
Yang: São Jose dos Campos, conhece? Aqui em SP, ainda não sei o que farei no futuro.
Jockster: Sou do Paraná e também só quero saber de jogar por enquanto.
17. Como foi este período em que houveram tantas mudanças nos times?
Rogério: Houve um turbilhão de assédio aos jogadores, mas a equipe se manteve porque acabou de se formar oficialmente. Conversei muito com os meninos no sentido de pensar em evoluir como pro-players com foco em se valorizar como pessoa e profissional. Pensar mais no futuro, pois todos aqui merecem pela dedicação em se focar para ser campeão.
Djoko: O maior diferencial da INTZ para outras equipes hoje é que somos muito unidos. São quase 2 anos juntos, jogando online, existe um companheirismo e isso que nos deixa melhores.
18. Querem dar algum recado para a galera ?
Djoko: Um beijo pra Lívia e meu recado é que estamos trabalhando em nos empenhar para ter os melhores resultados. Mas basicamente queremos avisar que: “Nós somos os Underdogs e ainda vamos dar trabalho!”
Eu meio que apaixonada pelo time, olhei pro relógio e percebi que já tinham se passado uma hora e meia de conversa. Estava ficando tarde. E também já tinha cometido todos abusos (nada sexual, garanto!) com os meninos. Já tinha confundido CBLOL com GBLOL, já tinha chamado o Tockers de Tockster, misturando o nick dele com o Jobster, já tinha tirado a echarpe. Peguei a câmera para tirar as fotos que ilustram a entrevista e fui convidada pelo Rogério a conhecer a Gaming House.
Entrei nos quartos, super arrumados para adolescentes e gamers. Fui convidada a conhecer a ducha dupla do banheiro (sem explicação lógica.. Rs) e de quebra, fomos convidados para ver o Wild Card da Kabum com eles.
Uma charmosa e perigosa escada em espiral levava a ampla área de convivência com uma prática cozinha e um telão para assistir as partidas e uns filminhos, um pica pau básico. No mega terraço com um skyline da cidade de dar inveja, finalizamos e ficamos acompanhando o campeonato.
De boa, foi mega legal acompanhar a INTZ. #GoINTZ
Obrigada ao Rogério Almeida e ao Gabriel pela disponibilidade e um beijo estalado nos meninos… (no Yang dois!) que foram muito, mas muito educados e atenciosos.
Colaborou o super Alvaro Viveiros.
Fotos: Branca Galdino
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