Apesar de todas as mudanças que a tecnologia nos trouxe, pessoas ainda leem livros como uma viajar a um outro mundo proposto pelo autor, que expande nossa criatividade, nossa imaginação e nossa cultura. Porém os livros que deviam criar uma base pra que o jovem leitor que está entrando numa fase delicada tenha um pouco de amadurecimento mental, parecem deixar isso de lado. Sem contar que, parece que vivemos numa época de crise nessa área em específico.
Qualquer pessoa que vá a uma livraria hoje em dia e pergunte ao vendedor:
‘’Qual os livros mais vendidos?’’
Ele provavelmente te conduzirá até a seção infanto-juvenil mostrando, por exemplo, Jogos Vorazes ou Divergente. Se por um acaso decidir comprar, vai perceber a mesma coisa que eu acabei por notar, todos são exatamente iguais! Em quase todos os detalhes, mudando personagens, lugares, temática e por aí vai.
Se voltarmos no tempo, lá pra 2010, você lembra qual era o filme do momento? Crepúsculo (o Casimiro, meu divoso, fez um ótimo texto sobre o assunto Vampiros Modernos e citou Crepúsculo, confere aí!). Sim, aquela coisa linda e maravilhosa que encanta qualquer um que já tinha pelo menos, conhecimento prévio de vampiros.
Se avançarmos mais um pouco, lá pra 2012, uma autora cujo sucesso de uma fanfic sobre o universo de Crepúsculo, lança seu livro, 50 Tons de Cinza (que já tem até, trailer).
Ambos venderam muito, mas a pergunta é, por quê? Se extrairmos, em tese, a essência dessas sagas, chegamos ao seguinte resumo:
‘’A menina deslocada no mundo, conhece o cara dos sonhos dela e se apaixona profundamente pelo mesmo, correndo qualquer risco pelo amado’.’
No caso, a protagonista de Crepúsculo, Bella Swan, é provavelmente uma das piores protagonistas que eu um dia, tive o desprazer de conhecer (perde pra Katniss, mas explico depois). Mas a Srta. Steele é de longe, a que mais irrita. Todos nós temos fragilidades, dúvidas e por aí vai, claro. Porém, conforme crescemos, precisamos ser um pouco mais fortes, concordam? E numa fase crucial no crescimento moral e mental de um indivíduo que é, adolescência, fornecer personagens femininas que necessitam urgentemente de um homem é patético! Qual é? Anastasia Steele precisa de um fetiche com um cara claramente sociopata pra se sentir bem?! Tá me tirando?!
Porém, havia uma esperança. Lá pra 2012, Jogos Vorazes saia nos cinemas e por causa de uma sinopse cretina do cinema, eu troquei por Fúria de Titãs 2 (toda noite, tenho pesadelos com a besteira que fiz). Um livro abordando uma revolução? Parece bom, mas só parece, na prática, acabei defrontando um livro com potencial perdido.
Katniss aparente ser uma garota que foi obrigada a amadurecer muito rápido, devido a circunstâncias citadas no livro, porém, no resto, ela aparenta ter 10 anos! Chegam a um ponto da saga onde todas as decisões importantes são descarregadas em cima dela, e principalmente, essas decisões não só afetam a vida dela, como de todos a sua volta, e ela tem a capacidade de me parar e ficar pensando em quê? Na irmã? Na mãe? Não, nos ”namorados”. Teve parte de ‘’Esperança’’ que fica algo insuportável, sem contar que nenhum dos personagens tem profundidade. Nada é explicado, todos os personagens tem um objetivo claro, mas sem nenhuma explicação, sem contar três personagens cujo background é fraquíssimo, mas tem, e por último, o único personagem que não tem opinião nenhuma, Peeta Mellark. Este pobre coitado não tem opinião e nem é levado a sério dentro do livro, ficando apenas com o papel de pobre apaixonado que vire e mexe, é rejeitado.
Aliás, notaram esse detalhe? Crepúsculo teve o triangulo Bella-Edward-Jacob? OK, no Jogos Vorazes, também foi copiado! E só no final do livro, o esquema Katniss-Peeta-Gale teve um desfecho no mínimo, fraco.
(Por sinal, o livro foi inspirado em um livro, que por sua vez, inspirou a um mangá, Battle Royale, recomendo altamente por ser mais adulto e melhor explorado os dilemas humanos e morais)
E por último, Divergente. Pra reclamar (ou falar bem) preciso terminar, já que estou na metade do Insurgente, mas minha opinião não muda muito. Tris não é uma personagem cativante, além de contar uma arrogância enorme, pelo menos, não contem aquele papo de triangulo amoroso.
No final, todos os grandes infanto-juvenis são copiados um do outro e quando uma nova proposta é lançada, é mal explorada ou deturpada, com personagens femininas com falhas muito grandes e isso é exportado pra meninas de 10~17, que vão se inspirar nesse tipo de comportamento, o que é bastante deprimente e no fim, é apenas pela alta grana que anda rondando esse tipo de conteúdo, tanto nas livrarias, quanto nos cinemas.
(Então, eu iria citar Percy Jackson, apesar da falta de profundidade, é perdoável devido ao fato de lidar com um público de 7~10, e não deturpa a mitologia grega, o único problema é a ganância de Riordan em estender a saga.)