Ohayou Gozaimasu, nerds!!!
Hoje vou falar sobre um dos livros mais épicos que já li na vida!
Musashi, de Eiji Yoshikawa, é um romance que foi serializado como folhetim no jornal Asahi Shimbun entre 1935 e 1939 no Japão. Publicado pela editora Estação Liberdade, o romance em dois volumes de mais de 800 páginas cada é um mergulho na história japonesa durante a era Tokugawa.
O livro é rico em detalhes sobre a cultura, artes, a situação econômica e política do país, costumes e, é claro, artes marciais.
No final do século 16 o Japão passava por um momento de transição onde os dois maiores Daimyos (Tokugawa e Hideyoshi) entraram em conflito para determinar quem governaria o país, se tornando o mais poderoso xogunato da história. As armas de fogo, ainda rústicas, começam a chegar ao país e iniciam um processo de abertura econômica/cultural, mas que logo é reprimida e o Japão mais uma vez se fecha para o ocidente.
O romance é repleto de dados fictícios, uma vez que muitos dos registros no final e início dos séculos 16 e 17 se perderam com o tempo. O desafio de Eiji Yoshikawa, portanto, é retratar como deve ter sido a vida de Musashi e as batalhas e duelos que se deparou durante a vida.
Miyamoto Musashi foi um famoso espadachim e ronin japonês, criador do estilo de luta com duas espadas Niten Ichi Ryu e escritor do tratado sobre artes marciais conhecido como o Livro dos Cinco Anéis (livro de cabeceira de grandes empresários).
Nascido em uma aldeia chamada Miyamoto, “Shinmen Musashi No Kami Fujiwara No Genshin”, ou “Shinmen Takezo”, outro nome que Yoshikawa usa no livro, aos treze anos trava seu primeiro duelo contra o famoso espadachim Arima Kihei e o mata.
Quando tinha 17 anos, Takezo e seu amigo Hon’iden Matahachi fogem de sua vila e vão se misturar ao exército de Toyotomi Hideyoshi na famosa batalha de Sekigahara que consolida o poder de Tokugawa Ieyasu, rival de Hideyoshi, no Japão.
Takezo encontra algumas personagens que o seguirão na maior parte de sua vida. Otsu era noiva de Matahachi, antes de esse abandoná-la para viver com uma mulher logo após a batalha de Sekigahara.
Ao voltar para sua aldeia escondido, Otsu ajuda Musashi a escapar dos soldados de Hideyoshi e acaba se apaixonando por ele. Musashi, no entanto, decide viver uma vida de peregrino e em busca do aperfeiçoamento pessoal e nas artes marciais, caminho conhecido como bushido (a vida pela espada).
Eu senti por várias vezes raiva de Musashi por sua frieza e descaso com a pobre Otsu, que incansavelmente o seguia a procura de um momento de carinho.
Osugi é mãe de Matahachi e sogra de Otsu. Ao saber que Musashi voltou da batalha sem seu filho e fugiu da aldeia com sua nora jura os dois de morte e os persegue por toda a história. A velhinha maldita quer matar Otsu e Takezo a qualquer custo e por muitas vezes difama a honra dos dois, incita a população contra eles e cria emboscadas, mesmo descobrindo mais tarde que seu filho estava vivo e morando com outra mulher.
Monge Takuan é quem captura Takezo e o faz refletir sobre sua vida e que caminho deseja trilhar. Takuan aparece em diversos pontos durante a vida de Musashi e é ele quem tenta inserir o ronin como instrutor de artes marciais no castelo Tokugawa.
Apesar de parecer um drama, o livro traz diversas situações de humor que algumas vezes me fez rir sozinho. Os duelos, apesar de um pouco exagerados, são incríveis e te fazem prender o fôlego.
Os escritores japoneses são mestres e descrever este tipo de embate, romantizado e místico.
Durante sua peregrinação Musashi busca duelar com as maiores escolas de artes marciais do Japão, como a academia Yoshioka. Conforme vai derrotando mais e mais espadachins, Takezo começa a se desgostar e questionar se existe alguém mais habilidoso que ele. É nessa busca que Takezo conhece Sasaki Kojiro, outro espadachim de grande habilidade (até maior que a de Musashi) e prometem se encontrar outra vez para o famoso duelo na ilha de Ganryujima (nome dado à ilha após o duelo).
Ganryu é a técnica de desembainhar rapidamente a espada, mas sua maior habilidade era a Tsubame-gaeshi, que diziam que seu estilo era capaz de cortar uma andorinha em pleno voo.
Musashi era excelente espadachim, mas sua técnica não se baseava somente na espada, mas também em distrair e enganar o adversário. Muitos de seus duelos foram vencidos com artimanhas, compiladas no Livro dos Cinco Anéis.
Cada capítulo é uma lição, uma filosofia, um pensamento. Você precisa ler pra ter a noção de quão enriquecedor esse livro é!
Meus dedos ficam coçando querendo contar mais detalhes do livro, mas acho que se fizer vou estragar um pouco das surpresas e da magia que esse épico traz.
Tenho que confessar que fiquei um pouco frustrado com algumas estórias que ficaram sem um desfecho e com personagens tão interessantes que foram pouco explorados e aprofundados.
Mas não diminui o quanto emocionado fiquei ao terminar o segundo volume. Foi um divisor de águas, um marco, um tapa na cara e uma rasteira no ego e na hombridade.
Até hoje, mais ou menos um mês depois de terminar de ler o livro, ainda pesquiso sobre Miyamoto Musashi, Sasaki Kojiro, era Tokugawa. Procuro fotos de locais onde as batalhas e duelos aconteceram, ilustrações, pinturas, qualquer coisa!!
Então leiam essa bagaça porque vale MUITO a pena!!!!
… Agora comecei a ler Vagabond, mangá de Takehiko Inoue, baseado na obra de Eiji Yoshikawa (Musashi).
Confesso que procurei o mangá online pra ler. Mas também não acho mais pra comprar, porque a última edição publicada pela Conrad já esgotou. Então estou parcialmente perdoado XD.
Pretendo falar desse mangá quando terminar de ler.