Looney Tunes – O Filme: O Dia Que a Terra Explodiu é diversão 2D com alma de guerrilha | CRÍTICA

Looney Tunes – O Filme: O Dia Que a Terra Explodiu chegou aos cinemas como uma pequena vitória da animação tradicional e da resistência criativa. Dirigido e escrito por Peter Browngardt — veterano das animações da Warner e responsável pelo revival Looney Tunes Cartoons — o longa é o primeiro filme 100% animado para os cinemas com os personagens clássicos, e carrega nas entrelinhas uma história de bastidores tão maluca quanto qualquer esquete do Patolino.

A trama é absurda — e isso é um elogio

Na história, Gaguinho e Patolino tentam conseguir emprego para pagar as contas depois que o telhado da casa deles desaba. Após uma série de fracassos hilários, os dois acabam empregados numa fábrica de chicletes, onde descobrem que alienígenas estão usando substâncias tóxicas nas gomas para transformar humanos em zumbis. A missão de salvar o mundo cai, claro, nas mãos da dupla menos preparada possível.

É nonsense, é colorido, é Looney Tunes na veia.

Looney Tunes é Uma produção animada com cara de resistência

Para entender como esse filme foi parar nos cinemas, é preciso lembrar do caos na Warner Bros. Discovery sob o comando de David Zaslav, CEO que ficou conhecido por decisões polêmicas como o cancelamento de Batgirl e Coyote vs Acme.

O Dia Que a Terra Explodiu também esteve na mira: seria lançado direto no streaming Max, mas a equipe do filme conseguiu reduzir custos de produção a ponto de impedir que a Warner alegasse perdas fiscais com o cancelamento. Mesmo assim, o estúdio recusou-se a lançar nos cinemas e autorizou que terceiros comprassem os direitos de distribuição.

Nos EUA, o filme foi lançado pela Ketchup Entertainment, e no Brasil, chegou aos cinemas pelas mãos da Paris Filmes. É estranho ver um filme dos Looney Tunes fora da Warner, mas a essência está toda ali.

Limitações orçamentárias viraram escolhas estilísticas

É visível que o orçamento foi enxuto: o foco está em Patolino, Gaguinho e Petúnia, enquanto ícones como Pernalonga e Piu-Piu ficam de fora. Mas isso acaba funcionando a favor do filme, que estreita sua narrativa e dá espaço para Petúnia brilhar como personagem coadjuvante com mais protagonismo.

A escolha de manter a animação em 2D tradicional, ao invés do mais comum 3D, também poderia parecer arriscada — mas acertou em cheio. A paleta de cores estoura na tela, os traços são nítidos e há uma nostalgia carismática em ver personagens tão icônicos desenhados do jeito clássico.

Referências, ritmo e coração

O filme é divertido do começo ao fim. A primeira parte, com a dupla fracassando em diversos empregos, é pura comédia pastelão. O segundo ato avança a trama com leveza, e o terceiro vira uma ação frenética com alienígenas, explosões e piadas afiadas.

Há ainda referências claras e engraçadas a clássicos da ficção científica, como Arquivo X e Independence Day. É um filme pensado para divertir crianças e adultos — o famoso “8 a 80” — sem se levar a sério, mas entregando carisma de sobra.

Looney Tunes – O Filme: O Dia Que a Terra Explodiu pode não ser o melhor filme do ano, e nem tenta ser. Mas é impossível sair da sessão sem um sorriso no rosto. Considerando todos os bastidores, cortes de orçamento e boicotes internos, é justo chamá-lo de um “filme de guerrilha” — desses que só existem porque uma equipe insistiu até o fim.

Uma comédia leve, visualmente deliciosa e cheia de coração.

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Nerd: Raphael Brito

Não importa se o filme, série, game, livro e hq são clássicos ou lançamentos, o que importa é apreciá-los. Todas as formas de cultura são válidas e um eterno apaixonado pela cultura pop.

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