Um Filme Minecraft: Jack Black é pura diversão ou vergonha alheia? | CRÍTICA

Quando pensamos em Minecraft, logo nos vem à mente um mundo de blocos pixelados onde a criatividade não tem limites. Em Um Filme Minecraft, essa experiência ganha vida nas telonas. A trama acompanha quatro desajustados: Garrett “O Lixeiro” Garrison (Jason Momoa), Henry (Sebastian Eugene Hansen), Natalie (Emma Myers) e Dawn (Danielle Brooks), que são transportados para o Overworld, um universo cúbico repleto de possibilidades. Lá, eles conhecem Steve (Jack Black), um habilidoso sujeito que os guia em uma jornada para proteger esse mundo de ameaças como Piglins e Zumbis, enquanto buscam uma maneira de voltar para casa.

Quando Um Filme Minecraft foi anunciado, muita gente torceu o nariz e se perguntou: por que não uma animação? Ainda mais depois do sucesso estrondoso de Super Mario Bros. O Filme. Mas, sinceramente, eu curti demais a escolha do live-action. Os efeitos visuais são de milhões, funcionando muito bem e conseguindo dar vida ao universo cúbico de um jeito criativo e divertido, com aquele charme meio esquisito que o jogo sempre teve. Infelizmente, o mesmo entusiasmo não se aplica às atuações. Jack Black, por exemplo, parece cada vez mais dominado pelas próprias criações. Aqui, ele já nem interpreta mais, ele é simplesmente… Jack Black. Em alguns momentos, parece até que está prestes a gritar “Rááá!” e virar o Sérgio Mallandro de Hollywood. O restante do elenco atua no modo automático, incluindo a atriz indicada ao Oscar Danielle Brooks.

A única exceção no elenco é a Jennifer Coolidge, que entrega uma atuação que se destaca em meio à mediocridade dos demais. Interpretando uma vice-diretora escolar excêntrica, ela traz sua marca registrada de humor peculiar, adicionando momentos genuínos ao filme. Sua personagem se envolve em uma subtrama inusitada, incluindo uma cena durante os créditos finais onde aparece no mundo real ao lado de um personagem de Minecraft, inclusive foi a melhor cena do filme para mim, uma cereja em um bolo de chocolate, talvez não o mais saboroso, mas que ainda assim me ofereceu um doce final.

Um outro ponto positivo que vale destacar é a forma como o filme abraça a lore do jogo. Vários elementos clássicos do universo Minecraft aparecem com carinho visual: temos Creepers explodindo, Endermen surgindo misteriosamente, esqueletos arqueiros, zumbis em hordas, muitos animais incluindo a fofura do Dennis e claro, os aldeões. Aliás, os aldeões estão especialmente fofos aqui, com direito a seus “hmm”, “hãn” e tudo mais. Pena que só um deles tenha realmente algum destaque na trama. Teria sido bem mais interessante se mais desses personagens ganhassem voz (não literalmente falando) e espaço na história.

O filme é bem bobo, e olha que eu gosto de um roteiro nonsense. Porém a história é fraca, parecendo até que foi escrita por um ChatGPT. O problema aqui é que eles apresentam elementos interessantes no início, mas simplesmente esquecem depois. O personagem do Jason Momoa, por exemplo, é apresentado como um campeão de Arcade, um gamer apaixonado, mas parece que é só um detalhe, porque nunca é aprofundado nos seus diálogos ou nas suas ações. Outro detalhe é a tal noite que chega a cada 20 minutos, algo essencial no jogo, que some do nada sem qualquer explicação. O grande poder aqui acaba sendo o do roteirista, em resolver tudo de forma rápida e fácil, um vício aliás que assombra muitas produções em Hollywood, não só essa.

As piadas são bem nível quinta série, o que reforça a sensação de que o filme foi mesmo pensado para um público infantil. Não que isso seja um problema, costumo sempre dizer que é uma característica e que nem toda produção foi feita pra gente. Acredito que as crianças irão se divertir mesmo, porém os adultos nem tanto.

Dito isso, não considero o filme um desastre total, o fim dos tempos. Como disse, os efeitos são excelentes, o Overworld é muito bem contextualizado e há algumas boas piadas. Além disso, posso ainda acrescentar o fato de eu ter assistido à versão dublada, que, surpreendentemente, pareceu ser um daqueles casos em que a dublagem melhora o filme, à la A Nova Onda do Imperador. Geralmente, prefiro assistir a filmes (e séries) legendados para apreciar integralmente a atuação dos atores, mas, neste caso, recomendo que assistam dublado. Sendo bem honesta, o Jack Black tem me cansado ultimamente. Aqui no Brasil, ele foi dublado por Paulo Vignolo, que fez um trabalho formidável, trazendo uma energia renovada ao personagem e tornando a experiência mais agradável.

​Um Filme Minecraft é uma adaptação que acredito que dividirá opiniões. Pode ser como construir uma casa no Mundo Superior: funciona, mas não necessariamente a pessoa terá orgulho dela. Pode até divertir, o suficiente para entreter numa sessão da tarde, mas não chega a empolgar, exceto a molecada mais jovem. Porém não é um Game Over.

PS: Há uma cena pós-créditos, além a da Jennifer Coolidge.

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Nerd: Verônica "Vevê" Cysneiros

🎬📺🎸 Cinéfila de carteirinha (vejo tantos filmes que às vezes esqueço como funciona a vida real), maratonista de séries (minha lista de “vou assistir depois” já tem títulos suficientes para outra vida.), apaixonada por animações (aguardando minha carta de admissão para algum universo mágico) e movida a rock n' roll (rockeira na alma, mas sem talento musical, só no air guitar), compartilho tudo o que faz meu coração geek bater mais forte. Pega a pipoca e vem comigo meus Preferidos!

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