Ah, os feéricos! Bem, hoje eles protagonizam 11 a cada 10 livros de fantasia graças ao sucesso de Trono de Vidro e Corte de Espinhos e Rosas. Ok, graças à Sarah J. Maas. Mas antes de sagas como a de ACOTAR e O Povo do Ar se tornarem sensação, existia uma série de livros que trouxe todo o magnetismo da mitologia celta para o público brasileiro. Estou falando da série Fever – Febre Negra, da Karen Marie Moning. Lembra? Provavelmente não. Principalmente porque foi esquecido pelo mapa editorial do Brasil.
Tudo que tornava a série Fever – Febre Negra único
Lembra daquela época em que romances sobrenaturais eram sinônimos de vampiros, lobisomens e bruxas? No máximo um fantasma? Pois é, Febre Negra teve o infortúnio de ser lançado aqui no Brasil no meio desse furacão “crepuscular”, onde o mercado ansiava por mais do mesmo. O que significava que histórias que divergissem um pouco dos famosos triângulos amorosos adolescentes estavam fadados ao fracasso.
E olha que no quesito “diferente”, Febre Negra era nota máxima diante do cenário da época. A começar pela idade da sua protagonista, que não era mais uma garota do ensino médio. Outra diferença é o tom mais adulto da narrativa, com uma pegada mais sensual e provocativa. Além disso, em vez dos vampiros ou lobisomens descamisados, aqui temos os Tuatha Dé Danann (povos da deusa Danu). Eles mesmos, os feéricos. Com direito a todo aquele ar místico, traiçoeiro e sedutor da mitologia irlandesa.
Mac, Barrons e os segredos de Dublin
O livro segue MacKayla Lane (Mac para os íntimos), uma garota comum dos EUA que viaja para Dublin atrás de respostas sobre o assassinato de sua irmã. Chegando lá, ela descobre que o mundo é muito mais sombrio do que ela pensava. Que feéricos caminham entre nós, enganando e se alimentando dos humanos que não fazem ideia de sua existência. E que a própria Mac tem uma conexão muito mais profunda com esse universo do que poderia prever. Ah, e que um certo Jericho Barrons existe.
E como definir Barrons se não como o bom e velho bad boy? Do tipo que a gente não sabe se beija ou se sai correndo na direção oposta. Ele é dono da livraria Barrons Books & Baubles, um lugar que parece simples, mas esconde segredos e mistérios que se desenrolam ao longo da trama. E, claro, ele é lindo, sarado e sexy. Clichê, eu sei, mas fazer o quê? Reclamar com a autora é que eu não vou.
O sucesso internacional (que o Brasil ignorou)
A Série Fever fez tanto sucesso lá fora que ganhou alguns spin-offs, e hoje conta com o total de onze livros no mesmo universo. Mas aqui nas terras tupiniquins? A editora Novo Século lançou os dois primeiros volumes e ignorou os outros três já lançados naquela época, sem explicação. Enquanto isso, os fãs brasileiros órfãos tiveram que recorrer às traduções não oficiais para saber o destino de Mac e Barrons. Sem contar que tiveram que aceitar que as chances de ver a coleção completa na estante é bem remota.
Por muito tempo, os feéricos não foram o foco das grandes editoras. Não enquanto distopias e vampiros rendiam baldes de dinheiro. Mas então Sarah J. Maas apareceu com Trono de Vidro e Corte de Espinhos e Rosas, trazendo de volta criaturas mágicas traiçoeiras e irresistíveis. Pouco depois Holly Black nos brindava com O Príncipe Cruel e os Contos de Fadas Modernos. E assim os feéricos caíram no gosto popular, se consolidando como os novos queridinhos da fantasia YA/NA.
Um povo perigoso, fascinante, mas não romântico
A diferença? Bem, nos novos romances, os feéricos são mais “razoáveis”. Ainda são perigosos, mas se assemelham mais à nossa lógica moral. Já em Febre Negra, os feéricos são os vilões, cruéis e completamente alheios à moralidade humana. São um povo a ser temido e não cobiçado.
Talvez o universo criado por Holly Black se assemelhe mais com o que temos na série Fever. Em ambos, tudo que envolve os feéricos é imprevisível e cercado de um perigo mortal. Já no mundo criado por Sarah J. Maas, eles são temidos por outros motivos, o principal sendo seu poderio de batalha.
Por que vale a pena redescobrir a Série Fever?
E caso você esteja se perguntando se vale a pena conhecer a série criada por Karen Marie Moning, digo que quem conheceu a saga continua aclamando (e lamentando seu abandono pelo editorial nacional). Para facilitar sua vida de leitor curioso, aqui vai a lista de tropes presentes na série: Slow burn, grumpy – sunshine, convivência forçada, sob o mesmo teto… Entre outros que aparecem ao longo da série de 11 livros (alguém falou pirâmide?).
Se você curte histórias que misturam mitologia celta, suspense, romance e personagens inesquecíveis, Febre Negra merece um pouco da sua atenção. Mas desde já aviso: a probabilidade de terminar o segundo livro desesperado pelo terceiro é altíssima. Nesse caso, a única alternativa, além da de ler as edições no original em inglês, é ler as edições traduzidas por fãs, que são até muito boas. Fica aqui o convite!
Quem sabe com algum barulho alguma editora nacional adota essa obra e nos brinda com edições oficiais? Não custa nada sonhar. Afinal, se os feéricos voltaram à moda, nada mais justo que revisitar quem chegou antes e pavimentou esse caminho mágico (e um tanto sombrio).
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