Jantar Secreto de Raphael Montes foi a minha primeira experiência com livros de suspense e que deliciosa surpresa. Se você gosta desse gênero literário ou assistiu ‘Bom dia, Verônica’, o nome Raphael Montes não é desconhecido para você.
Publicado em 2016 pela Companhia das Letras, o livro “Jantar Secreto” narra a história de quatro amigos que deixam o interior do Paraná para frequentar a faculdade no Rio de Janeiro. Dante, o narrador, é um estudante sonhador de administração. Hugo é retratado como um estudante de gastronomia egocêntrico. Miguel, o terceiro membro do grupo, é um estudante de medicina dedicado. Por fim, há Leitão, um hacker que, embora tenha sido aceito em Engenharia da Computação na PUC – RJ, escolheu seguir outros rumos profissionais.
Nos primeiros capítulos, acompanhamos a transição do estado de euforia do grupo em sair do interior para uma vida de promessas na cidade grande, para o definhar desses sonhos e projetos. Seis anos após se mudarem para um apartamento em Copacabana, o quarteto se encontra pior de dinheiro do que quando chegaram ao Rio de Janeiro e mal conseguem pagar as contas. Para piorar a situação, Leitão decide gastar seis meses de aluguel com Cora, uma garota de programa, levando os amigos a uma iminente carta de despejo. Em meio ao desespero, o quarteto decide organizar uma experiência gastronômica que mudaria as suas vidas. Dando inicio a uma sequencia de jantares secretos com carne humana.
Desenvolvimento da obra
A escrita de Raphael Montes é fluída, os capítulos são bem construídos e as reviravoltas te fazem querer ler mais e mais. Por se passar no Rio de Janeiro, foi fácil se familiarizar com o cenário de Jantar Secreto, e ao descrever as ruas, os estabelecimentos e os hábitos dos cariocas da Zona Sul do Rio, Raphael Montes não só cria uma aproximação dos leitores com a sua obra, por se tratar de um cenário real, como abre espaço para tecer críticas a podre elite carioca.
De certo, não é uma leitura para todos os estômagos. Em o Jantar Secreto, Raphael Montes trata do canibalismo de uma forma bem explicita, é uma escrita feita para chocar. É interessante, e por vezes apavorante, como o discurso que legitima os jantares é construído. O autor trabalha a relação entre poder e alimentação em sua obra e com toda certeza me deixou com questões para pensar por uns dias.
Desfecho: sem spoiler
Confesso que o tom dado ao último capítulo não me convenceu muito. A obra teve um desfecho meio Tarantino, e não me leve a mal, eu adoro Tarantino, só acredito que destoou muito da construção dos capítulos anteriores. Seria essa a intenção do autor?
Ainda que eu não tenha tido o meu último capítulo dos sonhos, Raphael Montes entregou em Jantar Secreto um dos melhores epílogos que já li na vida. Obrigada por ter feito minha cabeça explodir em tão poucas linhas.
Gostaria de dedicar essa crítica a minha amiga Thamyres, que é uma grande fã de Raphael Montes. Foi graças à sua persistência em me convencer a sair da minha zona de conforto e a ler gêneros diferentes, que pude viver essa experiência literária.
Se você, assim como eu, quer saber mais sobre esse escritor brasileiro e suas obras, não deixe de conferir o site dele clicando aqui.
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