Oppenheimer é o novo filme dirigido, escrito e produzido por Christopher Nolan, é baseado no livro Oppenheimer – O Triunfo e a Tragédia do Prometeu Americano, de Kai Bird e Martin J. Sherwin, conta a história de John Robert Oppenheimer, conhecido como “o pai da bomba atômica”, o filme intercala o passado, o futuro de sua vida, mostrando os estudos, cálculos para se produzir uma bomba, a amizade e admiração com ninguém menos do que Albert Einstein, a rivalidade com Lewis Strauss (Robert Downey Jr.), o processo de construção em si, as consequências e o julgamento após a guerra.
Robert Oppenheimer sempre foi uma figura controversa pela história, pois ao passo que ele ajudou a projetar uma arma que dizimou duas cidades inteiras no Japão, para muitos ele é um herói nacional, que praticamente eliminou qualquer chance de derrota dos EUA na guerra, sem contar que seus projetos matemáticos e físicos ficaram para a eternidade.
O filme tem a oportunidade de contar a vida e obra por trás da pessoa que fascina e atrai muitos. Nolan foi feliz no tratamento do protagonista e de outros personagens da trama, pois o caráter e o perfil psicológico são tratados de forma imparcial e sem maniqueísmos. Todos são humanos. Não há heróis e nem vilões aqui.
O protagonista é uma liderança onde muitos se inspiram e respeitam, além de estar obcecado por seu objetivo, mas sem conseguir criar laços com ninguém, nem mesmo com sua esposa, Kitty (Emily Blunt) e nem com a sua amante, Jean (Florence Pugh).
Cria rivais no meio do caminho, como Lewis Strauss e após a guerra é acusado de “atividades comunistas” pelo governo americano.
Cillian Murphy é dos grandes parceiros de Nolan, já atuou em vários longas do diretor e este é o seu primeiro protagonista com o cineasta. É uma performance intensa, sombria e com muitas camadas, apesar de ser um personagem que acredita mais em números do que em pessoas.
Quem também brilha é o sempre ótimo Matt Damon como Leslie Groves, igualmente envolvido no projeto da bomba, mas focado na parte militar e menos burocrática.
Christopher Nolan é um cineasta de respeito, credibilidade, mas não é uma unanimidade. Seu estilo mais técnico, de se aprofundar em seus projetos, está para ser amado ou odiado. Deu muito certo em Interestelar, A Origem, mas deu muito errado com Tenet.
E já aqui em Oppenheimer, ele se aprofunda nos feitos do protagonista em uma narrativa não-linear e que de fato funciona, mas que pode repelir o público mais normal, seja pela longa duração de 3 horas ou do excesso de informações e números apresentados, em especial no primeiro terço de exibição.
Em um filme que mistura a História da 2ª Guerra com a Físico-Química de elementos e reações, o resultado poderia ser um longa proibitivo ou de baixo alcance para o grande público, mas não é o caso: possui sim o fator de entretenimento, diverte muito o espectador, mas que pode fazer com que muitos se interessem por informações que não são apresentadas em tela e expandir o conhecimento do público.
Tecnicamente, Oppenheimer é mais do que perfeito, assim como todo e qualquer filme do diretor, merece ser visto na melhor tela possível, sobretudo porque ele filmou boa parte do longa em IMAX, sem contar que ele também merece indicações ao Oscar nas categorias técnicas, sobretudo nos efeitos visuais, som, sua belíssima fotografia e sua trilha sonora irretocável de Ludwig Göransson.
Christopher Nolan é dos poucos cineastas que, mesmo com produções milionárias, ainda consegue deixar sua marca e autoria em suas obras. Em tempos que muitos discutem sobre o CGI e de sua baixa qualidade, Nolan se preocupa com efeitos práticos e até mesmo uma explosão foi feita na raça. O resultado é de encher os olhos.
Oppenheimer não é perfeito e muito menos é o melhor filme de Christopher Nolan, mas é muito positivo para o cinema que ainda dá para fazer um longa de alto orçamento, com elenco de respeito, com efeitos práticos, que mistura História, Física, Química e ética.
Que venham mais autores que o cinema precisa.
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