Elementos da Pixar se esforça, mas não consegue o brilho do passado

Elementos é a 27ª animação da parceria Disney/Pixar e a primeira a estrear nos cinemas após o início da pandemia, já que as últimas foram diretamente para a Disney+, como Soul, Luca e Red – Crescer é Uma Fera, mas agora o estúdio está de volta às telonas com a missão de retornar o hábito das crianças de uma estreia aos cinemas e, claro, fazer sucesso comercial com uma trama original, sem fazer parte de uma franquia.

Na história, o casal de fogo Brasa e Fagulha, se mudam para a Cidade dos Elementos, uma metrópole muito semelhante a qualquer grande cidade do mundo e lá eles constroem uma vida nova, com um novo comércio, vendendo artigos de fogo, além do nascimento da filha Faísca.

Passados alguns anos, Faísca agora é uma moça e será a protagonista da história. É a próxima que deve assumir a loja de seus pais e embora seja muito competente no trabalho, tem um problema grave: seu temperamento esquentado (literalmente!) faz com que ela perca a paciência facilmente com os clientes e o seu grande teste é no dia de uma mega liquidação, onde ela não consegue lidar com o grande público e causa um vazamento na tubulação e na loja como um todo, causando não apenas um prejuízo incalculável, mas aparece em sua vida o Gota, que é do elemento água, rival do fogo.

Gota é um agente da prefeitura, que acaba por multar a loja e solicitar seu fechamento, por falta de alvará e a única chance de desfazer isso é convencendo a chave do Gota, a Gale, a perdoar as multas e o fechamento, já que este é o sonho da sua família.

Começa assim, uma improvável amizade entre seres tão distintos e não demora muito para que eles se apaixonem.

O filme é dirigido por Peter Sohn, que também dirigiu O Bom Dinossauro, lançado em 2015 e este longa tem um pouco da vida pessoal dele, pois se inspirou na história de seus pais, imigrantes da Coréia do Sul, que vieram para a América sem saber falar inglês, montaram o seu negócio e construíram uma vida.

Há boa intenção aqui, além da história pessoal do diretor, mas o início é muito promissor, mostrando o sonho e perspectivas do casal, a dimensão e pluralidade da cidade, constituída por vários elementos. E como estamos falando de uma animação da Pixar, há mensagens muito positivas para as crianças, como pensar fora da caixa, a persistência para conseguir os seus objetivos, os opostos se atraindo, além das metáforas sobre acessibilidade e preconceito, já que a Cidade dos Elementos não foi feita para os seres de Fogo, mas conseguem o seu espaço.

Tudo isso embalados pela excelente trilha sonora de Thomas Newman, que já trabalhou na Pixar em Procurando Nemo, Wall-E (trilhas indicadas ao Oscar) e aqui faz algo que acompanha o sentimento dos personagens e do público.

O design da cidade impressiona de início, mas o mesmo não se pode dizer do design dos personagens de Fogo, que pode causar estranhamento no público, sendo difícil se conectar com a protagonista, mas pior mesmo é que, como a Faísca está na maioria das cenas e sua personagem sempre está em chamas, pode causar incômodo no espectador, ofuscar e machucar a vista de quem assiste, em especial das crianças, que são o público alvo desta animação.

Faltou um pouco de cuidado, capricho e até de responsabilidade da Disney e Pixar neste sentido.

Também houve boa intenção por parte dos realizadores em construir um longa que é, acima de tudo, uma história de amor, sobretudo de dois seres de mundos diferentes, mas a química do casal principal, Faísca e Gota, é mal construída, amizade que simplesmente acontece e o relacionamento que é pior ainda. E até mesmo o fato de o Gota e sua família terem o hábito de chorar demais, que deveria ser o alívio cômico, não tem graça e até irrita em certos momentos.

E se as animações mais clássicas da Pixar sempre continham um momento de surpreender o espectador, esta aqui se apresenta como previsível e embora exista um desfecho, a trama se encerra praticamente sem uma conclusão.

Elementos está longe de ser um filme ruim: há boa intenção, boa história e muita coisa que funciona, mas pequenos deslizes fazem desta uma animação esquecível da Pixar, mas que ainda assim, se arriscou em uma história original.

PS: antes da animação, há o curta metragem ‘O Encontro de Carl’, continuação de UP – Altas Aventuras, com o protagonista da animação se preparando para um encontro e seu inseparável cachorro. Há uma bela homenagem à Ellie e sim, vai fazer o espectador ir às lágrimas novamente.

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Nerd: Raphael Brito

Não importa se o filme, série, game, livro e hq são clássicos ou lançamentos, o que importa é apreciá-los. Todas as formas de cultura são válidas e um eterno apaixonado pela cultura pop.

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