Duas Bruxas: A Herança Diabólica – Uma boa ideia nem sempre é o suficiente

Minha filosofia com filmes de terror têm sido assisti-los sem expectativa alguma, completamente aberta para o que vier, e geralmente tem dado certo. E talvez por esse motivo minha experiência com Duas Bruxas tenha sido minimamente satisfatória. Pois havia uma boa ideia alí. Infelizmente ela estava nas mãos de alguém que não tinha tanto senso inovador quanto o filme necessitava.

É sério, essa ideia nas mãos de Robert Eggers, Ari Aster ou até mesmo Sam Raimi, seria um prato cheio. E minha citação não é gratuita. Duas Bruxas tem inspirações claras de A Bruxa, Hereditário, Arraste-me para o Inferno e outros clássicos modernos. E se inspirar não é um problema. O problema é quando esses momentos parecem uma colagem, quase como um trabalho escolar.

A direção de Pierre Tsigaridis, que faz sua estreia nos longas, é tão prosaica que fica evidente quando uma sequência não foi idealizada por ele.

Eu até queria dizer que o baixo orçamento poderia ser o problema, mas sabemos o que um baixo orçamento com criatividade pode resultar. A Bruxa de Blair e Atividade Paranormal estão aí para contar história. Mas tudo depende do formato. O escolhido por Tsigaridis exigia um pouco mais da parte técnica, mas, principalmente, da parte humana. As atuações são sofríveis, não que o roteiro escrito por Maxime Rancon e Kristina Klebeto também ajude. E, infelizmente, a proposta do filme, que é resgatar a bruxa clássica, horripilante e devota à satanás, peca na exposição da figura quando não se tinha um elenco capaz de transmitir o bizarro sem cair na canastrice.

O filme é dividido em dois capítulos e um epílogo. E foi nos cinco primeiros minutos que senti uma estranheza na construção técnica. Os ângulos, a atuação da velha bruxa, o diálogo, as transições. Tudo gritava “Ruim!”. Pensei “ok… lá vamos nós”. Mas após essa cena inicial, a coisa fluiu mais.

O primeiro capítulo é centrado em Sarah (Belle Adams), que é atormentada por uma bruxa e acredita ter sido amaldiçoada. Alguns poderão dizer que é arrastado, mas gostei da construção da tensão. Tirando os momentos em que a produção peca na direção de seus atores, tem elementos bem interessantes aqui.

Já o segundo capítulo apresenta Masha (Rebekah Kennedy), uma jovem bruxa que espera herdar os poderes de sua bisavó. Aqui as coisas se desenrolam mais rapidamente e o ritmo do filme muda, apostando mais no expositivo, enquanto a primeira parte investia mais no sugestivo. Masha é uma personagem interessante, que merecia ser melhor aprofundada.

Ao final do filme somos brindados com a informação de que haverá uma continuação. É uma excelente oportunidade para corrigir os erros e desenvolver melhor a história. Por hora, o que nos resta é aguardar e tirar o melhor que Duas Bruxas: A Herança Diabólica pode oferecer.

Sinopse

Uma mulher grávida está convencida que foi amaldiçoada por uma bruxa. Enquanto outra mulher, com impulsos violentos, espera herdar os poderes de sua bisavó. Duas gerações de bruxas e as terríveis consequências para aqueles que cruzam seu caminho.

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Nerd: Tamyris Farias

Designer e produtora de conteúdo apaixonada por cinema e cultura pop. Amante de terror e ficção científica, seja em jogos, séries ou filmes. Mas também não recuso um dorama bem meloso.

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