Fervo é uma comédia brasileira espírita, produzida pela Disney e pela Star Original Productions, é dirigida por Felipe Joffily (de E Aí, Comeu e Muita Calma Nessa Hora), escrita por Thiago Gadelha (do programa Tá No Ar) e conta a história de um casal de arquitetos Léo (Felipe Abib) e Marina (Georgiana Góes), que logo no início do filme estão chegando na casa que acabaram de comprar, mas ao chegar eles descobrem que o local é totalmente incomum, pois é enorme e revestida de espelhos.
Não bastasse isso, é revelado que a casa é habitada por três espíritos LGBTQIA+, Mo Nanji (Rita Von Hunty), Diego (Gabriel Godoy) e Lara (Renata Gaspar), mas apenas Léo consegue vê-los, interagir com eles e descobre que é o único que pode ajudá-los.
No meio do percurso ainda surgem a figura da Morte (Joana Fomm), que está sempre a um passo à frente de todos e também do Jonas (Paulo Vieira, sempre ótimo), que faz um influencer de espiritismo, mas que será peça chave nessa trama.
O filme foi rodado em 2019, mas sofreu atrasos por conta da pandemia da Covid-19 e está chegando aos cinemas em janeiro de 2023. Sem contar que o longa tem um extenso trabalho de pós-produção, considerando a temática espírita e o uso de efeitos especiais. É injusto comparar com um arrasa-quarteirão hollywoodiano, mas a produção é muito honesta.
O longa equilibra uma história cômica e bizarra com uma trama densa envolvendo espiritismo, família, morte e um grito contra a LGBTfobia. Isso pode ser positivo ou negativo, dependendo do ponto de vista.
De fato, o roteiro é muito respeitoso e empático com os personagens transgêneros, também o espectador pode se identificar com a temática familiar e não aponta o dedo ao falar da religião espírita, mas não estamos falando de um drama edificante e pesado, mas sim de uma comédia, que funciona em muitos momentos (a cena do necrotério é hilária), mas não foge da bizarrice, da breguice e que tira o foco do espectador quando ele quer se identificar ou se importar com os personagens.
Mas se o roteiro é respeitoso, o mesmo não se pode dizer da direção de Joffily, que é confusa em muitos momentos, as transições de gênero não ocorrem de forma fluida e quem está assistindo pode simplesmente achar o drama tolo demais ou a comédia sem graça por conta de todo o pano de fundo envolvido.
Mesmo o plot twist que descobrimos na segunda metade do longa é bem interessante e que poderia ser melhor trabalhado pela direção, mas que o espectador não sente o impacto.
Porém, nada disso tira o carisma de um grande elenco, que pode levar mais público ao cinema e mesmo com atores mal dirigidos, têm uma ótima química, funcionam muito bem juntos e cada um com o seu talento individual.
Fervo é um filme interessante, com grandes ideias, ótimos atores, um plot eficiente e embora seja bizarro e mal dirigido, vale uma espiada e uma valorizada na cultura brasileira.
Posts Relacionados:
Esquema de Risco: Operação Fortune – Ação na medida
Filho da Mãe: Um reencontro com Paulo Gustavo
Como agradar uma mulher? – comentários sobre o filme
Não esquece de seguir o Universo 42 nas redes sociais: