Advogado do Diabo é um filme lançado em 1997, dirigido por Taylor Hackford (Ray, O Sol da Meia-Noite) com roteiro de Tony Gilroy (Rogue One, série Andor de Star Wars) e baseado no livro de Andrew Neiderman. A ideia inicial do estúdio era colocar Joel Schumacher para a direção e Brad Pitt no papel principal, mas que foram cortados por motivos de agenda.
Na trama, Kevin Lomax (Keanu Reeves) é um jovem e ambicioso advogado de uma pequena cidade da Flórida que jamais perdeu um caso. O filme já começa com tudo: o espectador é colocado no meio de um julgamento de um homem acusado de pedofilia, de abusar sexualmente de algumas alunas. Uma dessas jovens está no banco das testemunhas, mas Kevin tem uma carta na manga e o sujeito é absolvido.
A vitória chamada a atenção de John Milton (Al Pacino, ótimo no papel), dono de uma empresa de advocacia de Nova York que oferece um bom emprego e salário a Kevin junto com sua esposa Mary Ann (Charlize Theron, igualmente ótima e em início de carreira). Tudo parece o começo de um sonho, mas o jovem é envolvido em um mundo de poder, sedução, um caso midiático, as mudanças começam a aparecer e quem sofre mais é sua esposa, inclusive de forma física, coisas estranhas acontecem, inclusive com o mundo sobrenatural e não demora muito para que todos percebam que Milton é o próprio tinhoso em pessoa.
O filme foi bem na bilheteria mundial, mas embora o público americano não tenha abraçado o longa, o resto do mundo sim, em especial os brasileiros. Por aqui, o filme foi um sucesso, levou multidões aos cinemas (mesmo sendo um filme +18) e no ano de 1998, foi um dos mais alugados da temporada – em um ano de lançamento de Titanic para home vídeo.
Advogado do Diabo é dos filmes mais interessantes do ano de 1997: muito bem dirigido, escrito e mesmo com uma longa duração, jamais cansa seu espectador, seja pela trama instigante, uma história que flerta com vários gêneros e uma montagem eficiente.
Some tudo isso a uma trilha arrepiante de James Newton Howard e um elenco de primeira, temos um jovem clássico do cinema.
Afinal, não é sempre que um longa consegue reunir um astro em ascensão como Keanu Reeves, uma revelação chamada Charlize Theron e um gigante como Al Pacino. Todos estão ótimos: Keanu mistura o frescor da juventude, da descoberta, mas do ímpeto da ambição de querer crescer; Charlize é quem mais sofre com as mudanças da trama, embora este seja o seu primeiro filme de destaque em início de carreira nos anos 1990; mas quem se diverte mesmo é o grande Al Pacino, não é exagero dizer que este é um dos seus melhores papéis, pois consegue assustar, transmitir respeito, credibilidade e ainda divertir seu público. Não é à toa que seu tinhoso é considerado o melhor da história do cinema.
Muitos torcem o nariz para as mudanças do longa, pois começa como um drama de tribunal, flertando com o suspense, o sobrenatural e com o terror no terceiro ato, mas tudo isso faz sentido se pensar na proposta da metáfora da ambição, do mundo sedutor do sucesso onde todos podem se vender e se encantar com o que se vê. Até mesmo a escolha da carreira do Direito foi friamente calculada como uma profissão que pode influenciar na vida de muitos, assim como a política.
Isso sem contar nas grandes cenas, como o início com o julgamento, os diálogos entre Kevin e Milton (quase como uma relação paternal), o momento em que John coloca sua mão na água benta na igreja, a tragédia ocorrida com Mary Ann quase indo ao 3º ato, o desfecho envolvendo o tinhoso para convencer Lomax para seu lado (e seus argumentos quase convencem) e a conclusão final que é um plot twist que gera discussões até hoje.
Advogado do Diabo é um filme poderoso, sedutor e inesquecível. Não à toa, é querido até hoje, jamais morre com o tempo, pode não ser para todos (vale lembrar, é +18), mas por incrível que pareça, tem uma moral positiva, mas sem apontar o dedo.
Mas ele cai em um mundo conservador, podendo chocar muitos e outros consideram este como um filme “maldito”.
Mas não faz mal, a vida é assim mesmo!
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