Manhãs de Setembro é foi uma das melhores séries de 2021 e é uma das melhores séries brasileiras dos últimos anos. Foi lançada pelo Prime Video sem fazer muito alarde, mas se tornou cultuada, querida por muitos e não demorou muito para ser renovada para uma segunda temporada.
A série se passa majoritariamente na cidade de São Paulo e acompanhamos a história de Cassandra, vivida pela atriz e cantora Liniker, está ótima no papel. Ela é uma mulher trans, que além de lutar contra o preconceito da sociedade, ainda tem que se virar com jornada dupla de entregadora de aplicativos durante o dia e cantora em um clube à noite. Em um belo dia, chega em sua casa Leide (Karine Teles, sempre ótima), alegando que eles têm um filho juntos, o garoto Gersinho (Gustavo Coelho).
Neste cenário, Cassandra deve assumir uma postura de responsabilidade com o garoto e continuar com a sua luta, ao passo que Leide também se vira como pode para dar uma vida melhor ao seu filho.
A primeira temporada encerra com os três partindo a uma viagem para Curitiba, pois Gersinho conseguiu uma vaga a um campeonato de matemática, mas não demora muito para que os problemas fiquem evidentes, como os desentendimentos, e os problemas mecânicos do carro já muito usado. Quem é chamado para resolver isso é o pai de Cassandra, Lourenço, vivido pelo Seu Jorge, que vive um relacionamento com Ruth (Samantha Schmutz).
Essa segunda temporada é focada novamente na luta da Cassandra e de todos à sua volta. Desta vez a nossa protagonista está cada vez mais apertada financeiramente, embora tenha conquistado o seu espaço e com a presença de seu pai, quer saber o que houve com a sua mãe, que a abandonou ainda na infância.
A série, dirigida por Luís Pinheiro e Dainara Toffoli, mostra uma São Paulo muito menos glamourizada do que estamos acostumados, com o centro cada vez mais abandonado, as grandes comunidades e milhares na sobrevivência diária. Tudo isso é mostrado com os protagonistas, mas isso também é visível com uma trilha sonora mais introspectiva e com a fotografia em tons de cinza, com uma ideia de uma cidade enorme, cheia de concreto, mas triste e até sem vida.
Manhãs de Setembro é um exemplo em inclusão, pois além de uma protagonista trans e negra também na vida real, apresenta problemas reais que milhões passam diariamente, independentemente do gênero, como a falta de oportunidades, a luta por um prato de comida e a realidade batendo na porta. Agora, se considerar a LGBTfobia, o racismo e os problemas de família, tudo isso aumenta exponencialmente.
Há uma cena no primeiro episódio desta temporada que é incômoda, mas que, infelizmente, acontece, onde Cassandra encontra com um ex-colega da escola, ele a destrata, discrimina e que não é muito diferente do que vemos no noticiário todos os dias.
Mas nem tudo é perrengue na segunda temporada de Manhãs de Setembro: Cassandra agora finalmente está junto com seu amado Ivaldo (Thomas Aquino), que se separou da esposa para ficar com ela e a filha dele, Ivana, assumiu romance com uma de suas amigas e tem mais espaço nesta nova temporada.
Cassandra ainda tem “conversas” com sua cantora favorita, Vanuza, que acaba sendo a voz de sua consciência, está cada vez mais próxima de seu filho, que por sua vez, Gersinho está mais maduro, mais próximo de seus “pais” e de sua melhor amiga, Grazy, que também tem mais espaço por aqui.
O desfecho desta nova temporada apresenta um grande gancho para uma terceira temporada, que além de expandir os dramas e dilemas, também pode dar mais voz a personagens novos e já veteranos, como Décio (Paulo Miklos), Aristides (Gero Camilo), que já estavam na temporada anterior, ou até de Mart’nália, como a vendedora da loja de moto.
Esta nova temporada tem 6 episódios de cerca de 30 minutos cada. Passa muito rápido, ficamos com gosto de quero mais. É desses produtos que dão orgulho para nós, brasileiros, une um elenco extraordinário, tem uma história incrível, às vezes é incômoda, outras vezes dá um conforto em assistir, mas não deixa de ser inesquecível e bem realizada.
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