Vai Dar Nada surpreende com a mediocridade da vida real

Vai Dar Nada é um filme escrito e dirigido por Jorge Furtado (O Homem Que Copiava), quem também assina o roteiro é Guel Arraes (O Auto da Compadecida, Lisbela e o Prisioneiro) e o filme conta a história de Kelson (Cauê Campos) e Edmundo (Nicolas Vargas), que são dois ladrões de automóveis e usam uma moto para praticarem seus delitos, mas um certo dia eles perdem o, digamos, veículo, eles recorrem ao Fernando (Rafael Infante), um golpista de carteirinha que vende a moto usada de um criminoso local para a dupla.

Não bastasse tudo isso, Fernando é casado com Suzi (Katiuscia Canoro), uma policial que participa de seus esquemas, mas ele a trai com Rebeca (Jéssica Barbosa), que por sua vez é irmã de Kelson, que precisa da ajuda de Suzi e Márcia (Kizi Vaz), uma advogada muito esperta, pois o criminoso proprietário da moto saiu da prisão e a quer de volta. E para completar toda essa teia de acontecimentos, Fernando e Suzi estão em processo de divórcio e ele contrata justamente a dra. Márcia para o representar no processo.

O filme teve um marketing mais modesto, ao contrário de outras comédias brasileiras e até poderia ter fôlego nos cinemas, mas com a concorrência alta e o sucesso dos streamings, foi um acerto colocá-lo em um serviço que está[RB1] [RB2] [RB3] [RB4] [RB5] [RB6]  em crescimento e promover em um filme com formato que cai bem na telinha e que pode ter uma repercussão maior do que se fosse lançado na telona. Não por acaso, será o primeiro filme brasileiro original da Paramount+

Quem olha a comédia Vai Dar Nada de fora, pode não dar nada (com o perdão do trocadilho), não dar muita bola, mas o filme trata de forma humorada os costumes, os trejeitos, a crise financeira que prejudicou a todos nós e, principalmente, o chamado “jeitinho brasileiro”.

Ninguém é exatamente inocente e ninguém é exatamente culpado. OK, existem os ditos “vilões”, como Fernando, que além de fazer desmontes de veículos, é um machista assumido, ou o Brasilite, o criminoso proprietário da moto, mas que são o estereótipo (no bom sentido) de quem quer contar vantagem.

Já os mais bonzinhos, como Márcia e Rebeca, não são 100% boas, já que a primeira aceita participar de esquemas para ganhar uma graninha a mais e a segunda não hesita em entrar no amor bandido ao lado de Fernando.

E já os personagens mais dúbios da trama, que podem ser chamados de “anti-heróis” e consequentemente, os mais bem trabalhados, até se esforçam para serem ou parecerem pessoas melhores, mas que também querem tirar vantagem e ganhar algo a mais.

No fundo, todos só querem sobreviver a uma vida difícil e ganhar dinheiro, independentemente da forma que vem.

E um grande acerto do roteiro é em não apontar o dedo, mas também em não idealizar ninguém. São pessoas que poderiam estar no nosso ciclo social, na nossa família ou no trabalho. Ou seja, são brasileiros.

Jorge Furtado já está acostumado em trabalhar com personagens sem ideologia de caráter e com tons de cinza e se falta inspiração na literatura ou na ficção, nada como pegar exemplos na vida real.

Var Dar Nada é aquela comédia que você pode ignorar, olhar para o trailer, para o pôster e ter a sensação de “já vi isso antes”, mas surpreende com um texto simples, porém complexo, personagens cativantes, que você pode se identificar com alguém que você conheça, ou sobre si mesmo e que no final o espectador possa rir da mediocridade do retrato que se vê em tela, do retrato do povo brasileiro.

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Nerd: Raphael Brito

Não importa se o filme, série, game, livro e hq são clássicos ou lançamentos, o que importa é apreciá-los. Todas as formas de cultura são válidas e um eterno apaixonado pela cultura pop.

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