Drive My Car é um filme de produção japonesa, lançado em 2021, indicado em 4 categorias no Oscar 2022 – Melhor Filme, Direção, Roteiro Adaptado e Filme Internacional – é baseado em um conto (daí explica a indicação a Roteiro Adaptado e não a Roteiro Original) e conta a história de Yusuke Kafuru (Hidetoshi Nishijima), um ator e encenador que é convidado a trabalhar na peça Tio Vânia, de Tchécov, em um festival de Hiroshima. Ele precisa lidar com os seus problemas pessoais, profissionais, enquanto se atravessa a cidade conduzindo o seu carro, repassando o texto da peça enquanto dirige e possui uma relação saudável com a sua mulher, Oto.
Mas logo ele é confrontado com uma tragédia pessoal, precisa lidar com os segredos que levaram a esta tragédia, além do seu próprio ego, pois seu carro é conduzido pela jovem Misaki (Tôko Miura) a pedido da companhia em que ele trabalha.
A história de Drive My Car é simples em sua essência e o próprio filme deixa claro isso, mas a intenção de Ryusuke Hamaguchi (diretor e roteirista do longa) nunca foi inventar a roda, mas sim, tratar as dores humanas com uma abordagem diferente do que estamos acostumados, mas de forma universal.
Isso explica muito porque mesmo sendo um filme com a cultura nipônica forte, qualquer pessoa do mundo pode se identificar e se envolver, incluindo nós, brasileiros, sem contar que o longa é extremamente bem filmado, com planos maravilhosos, montagem em favor da história, roteiro afiado e uma fotografia límpida, que valoriza a grandeza de uma grande metrópole.
Logo no início somos apresentados a personagens comuns, com dramas e dilemas comuns, mas que após uma tragédia e salto temporal, precisa lidar com seus demônios internos e prioridades da vida.
E até o título faz sentido, já que a ação se passa em boa parte dentro do carro, muitas decisões de passam lá, o ensaio do nosso protagonista também é no interior do veículo e até mesmo a revelação mais importante da trama é feita no carro, sem contar que o ego do Yusuke é ferido com a decisão de a empresa contratar uma motorista particular e essa relação entre esses dois personagens (diga-se de passagem, os melhores do filme), que de início pode soar estranha e até tensa, vai nascendo um respeito mútuo e admiração entre ambos.
Com o sucesso do filme e principalmente pelas indicações ao Oscar em categorias importantes, o longa pode ser descoberto por um público maior e que acompanha a temporada de premiações, mas é importante avisar que este não é um filme com o fator de entretenimento, é um drama pautado nos personagens, um programa de gente grande e com 3 horas de duração, mas que vale cada segundo com uma trama envolvente, instigante e longe dos padrões hollywoodianos.
Sem contar que é uma ode ao mundo do teatro e das atuações, com diversas cenas de ensaios, apresentações e testes de diálogos em salas fechadas, na qual o elenco lê o roteiro em uma mesa, onde alterações possam ser feitas e o risco de um furo da história seja menor.
Drive My Car é uma grande obra, provavelmente não deve ter o impacto que Parasita teve para o Oscar 2020, mas nem precisa. E o cenário da cultura pop atual demostra que é possível ver uma obra tão boa ou melhor do que as que estamos acostumados e conhecer novas culturas só nos enriquece como seres humanos.
Pode ver algo fora de Hollywood e dos EUA sem medo.
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