A Morte Lhe Cai Bem é uma comédia de fantasia lançada em 1992, dirigida por Robert Zemeckis (De Volta Para o Futuro, Forrest Gump, Uma Cilada Para Roger Rabbit…) com roteiro de Martin Donovan, David Koepp e se passa em 3 linhas temporais: 1978, 1985 e 1992. No início, o Dr. Ernest (Bruce Willis) e Helen Sharp (Goldie Hawn) são um casal, mas logo nos primeiros minutos ele se encanta pela estrela da Broadway, Madeline (Meryl Streep) e os dois acabam se casando.
Sete anos depois, em 1985, Helen está obesa, com desgosto da vida, mas planeja vingança. Mais 7 anos depois, em 1992, onde a maior parte da ação do longa se passa, o casamento entre Madeline e Ernest é de aparências e os dois se odeiam. Já Helen aparece jovem, atraente e não demora para que Madeline descubra o segredo dessa juventude: uma poção mágica na qual a misteriosa Lisle (Isabella Rossellini) é proprietária, que garante a imortalidade e que a pessoa não envelheça.
Ao longo dos anos 1990, A Morte Lhe Cai Bem se tornou um “tesourinho” de locadora e foi muito reprisado no Cinema em Casa do SBT e na ocasião do lançamento deste filme, Robert Zemeckis estava em alta na carreira, mas este filme acabou sendo esquecido com o tempo. Porém, não deveria.
Está longe de ser uma obra prima, mas vemos aqui uma crítica sagaz, adulta e às vezes, cínica de Hollywood, aos padrões de beleza e a pressão para que as mulheres permaneçam com o rosto sempre jovem, usando a morte como pano de fundo.
Não é exagero dizer que o filme praticamente previu o botox.
É engenhoso, com um grande peso de produção, foi bem de bilheteria na época de lançamento (custou 55 milhões e faturou 149 nas bilheterias mundiais) e venceu o merecido Oscar de Melhores Efeitos Especiais, mas para muitos, foi considerado uma zebra, já que concorria contra os blockbusters Batman – O Retorno e Alien 3, sem contar que é raro uma comédia ganhar nesta categoria, mas quem assiste a este filme logo nota as qualidades técnicas, sobretudo na segunda metade com as brincadeiras com o corpo humano e com a morte (as cenas do pescoço esticado ajudaram a vender o longa).
Sem contar que o filme diverte muito e o elenco está muito afiado: Meryl Streep está hilária e demonstra um timing para o humor que há muito tempo não se via, mas os demais atores não estão menos interessantes, como a Goldie Hawn (os conflitos entre as duas são divertidíssimos), Bruce Willis, que estava no auge na época e a maravilhosa Isabella Rossellini, que faz uma personagem misteriosa, sensual (mas não sexualizada) e o filme cresce muito nos poucos momentos em que ela está em cena.
A Morte Lhe Cai Bem é uma comédia hilária, fora da caixa, para adultos e que previu a pressão pelos padrões de beleza que temos até hoje. Apesar de cair sua qualidade no terceiro ato (pois é), ele tem o mérito de ter grandes nomes da indústria, ser transgressor em tempos de falso moralismo, fazer com que o espectador ria, se incomode ao mesmo tempo e ainda tem um Oscar para chamar de seu.
Como um filme desses pode ficar esquecido pela história?
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