Duna se passa em um futuro distópico, após milhares de anos, onde o universo no qual conhecemos foi dividido em Casas e regido por um Imperador. Cada Casa tem que cuidar e proteger o seu mundo. Neste cenário, a Casa Atreides é designada a cuidar do planeta Arrakis, uma terra desértica, onde a água é tão escassa que até o suor é aproveitado para matar a sede dos Fremen, habitantes nativos deste planeta.
Porém, Arrakis era governado há décadas pela Casa Harkonnen, mais imperialista, rivais dos Atreides e embora todos saibam que há o interesse estratégico, político do Imperador, a guerra está declarada.
Sem contar que o planeta, apesar de não ser próspero no quesito social, é muito importante economicamente, pois possui uma especiaria chamada Melange, que pode alterar a percepção de quem consome e é importante para manter os habitantes atentos, apesar da fome e secura.
Paralelamente a isso, na Casa Atreides, o jovem Paul (Timothée Chalamet), filho do Duke Leto (Oscar Isaac) e da misteriosa Lady Jessica (Rebecca Ferguson), está em um treinamento para substituir seu pai e liderar sua casa futuramente. Para muitos, ele é o escolhido.
O filme é baseado no famoso livro de Frank Herbert, que se tornou referência na ficção científica, inspirou outros clássicos como 2001, Star Wars, o próprio Blade Runner e inspira até hoje.
Muitos consideravam este um livro infilmável, ganhou uma péssima adaptação em 1984 dirigida pelo David Lynch e agora tem a finalmente a chance de ganhar uma nova versão para o grande público.
Quem dirige é Denis Villeneuve (A Chegada, Blade Runner 2049 entre outros) e embora o diretor tenha dito algumas declarações polêmicas recentemente como se pronunciar contra os streamings e também contra quem assiste o seu filme em casa, acabou sendo a decisão mais acertada para assumir essa responsabilidade com este filme, já que seu portfólio indica sua paixão e competência para ficção científica, para cinema de forma geral e para lidar com grandes orçamentos.
O livro do é dividido em 3 partes e este filme adapta apenas as duas primeiras, o que torna uma continuação quase que inevitável, mas conhecendo Hollywood, isso vai depender do desempenho financeiro da obra e neste caso específico, também depende da audiência no streaming HBO Max.
A produção é muito caprichada, dá para notar o carinho, cuidado e respeito de todos os envolvidos, onde tudo foi muito bem calculado para entregar um novo mundo ao espectador.
A cinematografia de Greig Fraser é de encher os olhos, seja pelos detalhes com as areias de Arrakis (dá até sede assistindo o filme), aos belos, extensos e trabalhosos planos abertos até ao uso de cores para situar o espectador para as devidas casas: quando estamos na Casa Atreides, a fotografia tem cores mais quentes, mais puxadas para o amarelo e a ideia é justamente causar essa ideia de calor, secura e progresso no espectador. Já na Casa Harkonnen, a fotografia é sempre mais escura, cinza, com tons de preto e muito fria.
Isso sem contar o figurino de Jacqueline West, um forte personagem da obra, que pode virar moda, tendência e não estranhe de ver cosplays de Duna em eventos de cultura pop. E a montagem de Joe Walker também é outro ponto que não pode passar despercebido, pois em um longa com diversos personagens, mundos e cenários, a edição tinha a função de deixar o filme mais fluido, não perder o interesse do espectador e não confundir a plateia com as transições.
E tudo isso orquestrado pelo compositor e maestro Hans Zimmer, grande parceiro de Villeneuve, já venceu um Oscar em 1995 pela trilha de O Rei Leão, que aqui faz simplesmente uma ópera em movimento e um verdadeiro deleite sonoro só deixa o filme mais imponente.
Ou seja, Duna já surge como favorito a Oscar nas categorias técnicas, como Som, Efeitos Visuais, Fotografia, Montagem, Figurino e Design de Produção.
Mas para quem não conhece este mundo, pode parecer algo muito complexo e difícil de entender, mas é aqui que entram os méritos do roteiro e da direção, que transformaram algo que parecia impossível para leigos, como algo inteligível, interessante e até divertido, mesmo para quem nunca mergulhou no universo de Duna.
Para quem não quer entender todos esses nomes novos e que no livro até precisou de um glossário, basta entender que, há um mundo, duas famílias disputando e é isso. Em muitos casos, o menos é mais, aí depende da perspectiva de cada um.
Foi muito do que Peter Jackson fez no início dos anos 2000 com a trilogia O Senhor dos Anéis, ou David Benioff junto com D. B. Weiss com Game of Thrones.
Aliás, as comparações com a série da HBO são inevitáveis, considerando que estamos falando de uma história de fantasia, de rivalidade entre famílias, com a diferença que uma se passa no passado e a outra, no futuro.
E não bastassem todas essas qualidades, Duna ainda tem o melhor elenco que Hollywood conseguiu reunir em anos. É simplesmente a melhor união e astros e estrelas possível, pois não é todo dia que um mesmo filme consegue reunir os já citados Timothée Chalamet, Rebecca Ferguson e Oscar Isaac, mas também temos a presença de Josh Brolin como o mentor do Paul, Jason Momoa como o guerreiro Duncan, Javier Barden como o misterioso Stilgar e por falar em personagens misteriosos, os trailers e materiais promocionais deram a entender que a atriz Zendaya teria mais tempo de tela, mas a sua Chani tem muito mais presença na narrativa para a terceira parte do livro.
Já para o lado da Casa Harkonnen, temos o guerreiro Rabban, papel de Dave Bautista e o grande líder Baron, vivido por um Stellan Skarsgard imponente e ameaçador.
Duna é um filme respeitoso, importante e que vai reacender o interesse de muitos por esta obra única, extraordinária, que vai seguir inspirando cineastas e escritores por muito tempo.
Dê uma chance a esse universo porque ainda há muito a ser descoberto.
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