O novo thriller brasileiro Entre Mundos desafia crenças e coloca em perspectiva a ganância do ser humano
E se você pudesse falar com os mortos? É com esta frase que Entre Mundos, o novo livro de Rodrigo de Oliveira e Pedro Ivo te engancham para começar a leitura, com o primeiro sendo autor da série Crônicas dos Mortos, e o segundo sendo criador do quadrinho Cidadão Incomum – A ponta do Iceberg e autor do livro Cidadão Incomum.
Entre Mundos chegou a nós com prosa rápida e simples, além de ilustrações a cada poucas páginas.
A história de Entre Mundos
Rubens é um garoto muito inteligente que tem um interesse genuíno por tecnologia e que, aos 16 anos, já está pronto para entrar na faculdade.
Depois de um evento traumático, o garoto passa a viver sozinho, a culpa remoendo-o por dentro.
Um dia ele decide criar um protótipo de smartphone por diversão. Mas o que seria apenas um feito adimirável para alguém tão jovem, acaba transformando-se em uma ferramenta que é capaz de executar o impossível: comunicar-se com os mortos.
A partir daí, Rubens começa a pensar em como o aparelho poderia mudar o mundo, dando paz a parentes e amigos que perderam entes queridos, ou ajudando a solucionar crimes. Então Rubens junta-se com seus amigos para começar a trabalhar no projeto que poderá revolucionar o mundo.
Eles só não fazem ideia de como isso mudará radicalmente o lado de cá e o lado de lá.
Desafiando crenças e índoles
O livro trás uma perspectiva muito interessante – e que não poderia faltar – que é o debate entre diferentes crenças a partir do momento em que o aparelho é descoberto.
Todos os personagens principais têm convicções diferentes sobre a vida após a morte; se ela existe, se há um Deus por trás de tudo, se há apenas um grande nada depois que deixamos nossos corpos.
Assim, cada um tem uma opinião diferente sobre a criação de Rubens e expõem seus pontos de vista, o que trás mais realismo aos personagens.
Conforme os amigos envolvem-se no projeto, cada um também tem uma opinião diferentes sobre revelar a criação ao mundo. Porque uma coisa é certa: não se pode assumir que, uma vez tendo acesso a um aparelho que permite falar com os mortos, todos farão um bom uso dele.
E é aí que a história insere o questionamento sobre a índole das pessoas, tanto dos criadores do protótipo quanto das pessoas que poderão usá-lo.
Esse foi um dos aspectos mais interessante que encontrei na história de Entre Mundos.
Personagens diferentes, histórias diferentes
Rubens é o nosso personagem principal, e nós o acompanhamos desde o começo. Conhecemos o passado traumático, seu relacionamento com a mãe e sua paixão por tecnologia, ou seja, apredemos o que faz de Rubens…bem, o Rubens.
O mesmo pode ser dito dos personagens secundários.
Conforme Jonas, Paulo, Tânia e André vão trabalhando juntos naquele projeto, podemos ver como a vida de cada um é, os problemas que enfrentam e um pouco do passado deles. Assim, aprendemos qual é a relação de com os familiares, com a morte, religião (ou falta dela), etc.
Isso fez com que eu, como leitora, mudasse minha opinião sobre a produção em massa daquele dispositivo várias vezes. Entre Mundos pode mexer com a sua bússola moral.
Para quem já está familiarizado com os trabalhos do Rodrigo, sabe que a regra é: ninguém está seguro.
Nem o mocinho, nem os personagens secundários, o que dá à história uma carga emocional maior, porque você sabe que tudo pode dar errado de um parágrafo para o outro.
A narrativa lembra muito mais Filhos da Tempestade do que o antigo trabalho do Rodrigo (Crônicas dos Mortos), onde os eventos acontecem muito rápido, sem tomar tempo na descrição de cenários ou ambientação. Não que estes elementos sejam deixados de lado, eles só dão lugar à ocorrência dos fatos e ao objetivo principal da história.
Entre Mundos, apesar de não ser contada no meu estilo de prosa preferido, ela faz com que a leitura corra de maneira mais rápida – tanto que terminei o livro em 2 dias.
Acredito que não posso falar mais do que isso, ou vou acabar dando spoiler, porque muito da “mágica” do livro está em nós, como leitores, irmos descobrindo como o aparelho e o mundo espiritual funcionam aos poucos.
Ah! E para a surpresa de 0 pessoas, Entre Mundo terá uma continuação que eu vou ter que esperar pra ler :’).
O livro já está a venda nas livrarias. 😊
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