60 anos após aparecer ao público pela primeira vez, Cruella Devil volta as telas de cinema e fascina com sua irreverência. A vilã que fez parte da infância de toda uma geração, é a protagonista da mais nova produção do Walt Disney Studios. O live action dirigido por Craig Gillespie e estrelado por Emma Stone chega aos cinemas hoje ( 27/05), e também pode ser comprado com o Premier Access no Disney+ a partir do dia 28 de maio.
Estella vs Cruella
Ambientado na década de 70, o filme conta a trajetória de Estella e sua transformação na famosa vilã estilista Cruella. Desde a infância Estella encontra dificuldade de corresponder aos padrões estéticos e comportamentais impostos pela sociedade. Para ela, a moda é um refugio, único espaço em que pode expressar sua genialidade e excêntrica personalidade.
Toda a narrativa é marcada pelo conflito de identidade da personagem. Enquanto busca realizar seu sonho de ser uma grande estilista, precisa lidar com os traumas do passado, com sua realidade nada afortunada e com a grande pergunta: Quem eu realmente sou?
Há quem diga que a narrativa é arrastada, mas discordo, acho que essa visão é fruto dos filmes “fastfood” produzidos pela indústria nos últimos anos. De fato, a construção da personagem é gradual, mas isso só humaniza o processo. No mundo real um único acontecimento não é capaz de “virar a chavinha”.
O lado Cruella só é aceito após uma sequência de acontecimentos, dando a entender que essa “personalidade” é uma capa de proteção que ajuda Estella a lidar com o mundo.
Um clichê
Quem não gosta de um clichê do mundo da moda? O sucesso de O Diabo veste Prada é um exemplo de como adoramos uma estilista fria e calculista. E é a partir desse conceito que a personagem Baronesa é construída, uma mulher egocêntrica capaz de tudo para manter seu poder. Os embates entre a Baronesa e a Cruella proporcionam cenas icônicas, com figurinos de tirar o fôlego.
E falando em figurino, alguém traz outro Oscar para a figurinista Jenny Beavan, é inegável que as roupas estavam impecáveis e por vezes até roubaram a cena, deixando a atuação de Emma Stone e Emma Thompson em segundo plano.
E os dálmatas?
Não dá pra falar de Cruella sem falar de dálmatas né? Esses animalzinhos não são tão fofinhos como na animação e acabam aparecendo pouco. Mesmo não sendo destaque, os cachorros assumem uma importante dimensão simbólica para a construção da personagem.
Afinal de contas, vale a pena assistir Cruella?
O filme é visualmente incrível e sua trilha sonora não poderia ser melhor. Quanto ao desenvolvimento, temos algumas oscilações, o começo é meio surreal, com cenas um tanto exageradas e aos poucos a trama vai ficando mais pé no chão. Essa inconstância está ligada ao próprio desenrolar da personagem, há quem não goste desse recurso e prefira narrativas mais lineares, no caso de Cruella, o uso dessa abordagem se justifica por ajudar o espectador a entender como a própria personagem vê os momentos de sua trajetória, ora de forma mais pacata, ora de forma mais surreal.
Infelizmente nem tudo é flores, e o filme peca em não desenvolver muitas camadas, por exemplo, poderiam ter explorado um pouco mais a sociedade londrina da década de 70.
As últimas adaptações dos clássicos Disney não saíram muito bem como esperávamos, mas pode ficar tranquilo que nesse quesito Cruella não decepciona. O filme consegue trazer uma Cruella diferente dos live actions produzidos anteriormente e não deixa de referenciar aspectos da animação. É engraçado e dramático na medida certa, proporcionando um verdadeiro show. Antes que eu esqueça, a resposta é sim! vale muitíssimo a pena assistir o filme.
Se Cruella nos ensina algo, é que a normalidade é a maior das ofensas! Eu desafio você a não se apaixonar por Cruella Devil.
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