30 anos de Brinquedo Assassino 2

O terror slasher ou trash era febre nos anos 1980 e todos os estúdios queriam um vilão para chamar de seu. Jason e Freddy Krueger eram os mais populares, geraram uma legião de fãs e uma franquia com diversos filmes (alguns com o gosto duvidoso). E no final dos anos 1980 surgiu um novo vilão, completamente diferente, na forma de um boneco, na verdade de um assassino que possuiu um boneco com um ritual de vodu. Esse era Charles Lee Ray, ou o Chucky como ficou mais conhecido. E assim, em 1988, chegava aos cinemas Brinquedo Assassino.

O filme foi um sucesso de público e até a crítica gostou, com tamanho sucesso a continuação seria inevitável e dois anos depois, em 1990, chegava Brinquedo Assassino 2. Mas o caminho não seria fácil.

Após o lançamento de Brinquedo Assassino em 1988, o estúdio que lançou o filme, United Artists, foi vendida para um estúdio australiano que não queria lançar o filme de jeito nenhum. Segundo eles, não queriam associar sua imagem a um terror de boneco assassino.

A credibilidade do estúdio foi por água abaixo e foram à falência anos depois. E tem mais: se eles não queriam fazer, todos queriam a continuação de Child’s Play (título original) e todos os estúdios entraram na jogada: Fox, Warner, Columbia, Paramount e até a Disney. No final das contas, Brinquedo Assassino 2 e 3 seriam lançados pela Universal nos anos de 1990 e 91, respectivamente.

O filme se passa 2 anos após os eventos do primeiro filme, na qual a mãe do garoto Andy Barclay (Alex Vincent) processou a empresa que fazia os bonecos Good Guys (ou “bonzinho” na dublagem brasileira), mas os dois policiais que foram testemunhas dos ataques de Chucky negaram toda a história, ela foi dada como louca, foi parar em um hospital psiquiátrico, o garoto foi para um orfanato e conseguiu um lar adotivo.

Enquanto isso, a empresa pegou os restos do Chucky e resolver fazer o boneco do zero para mostrar ao público que a história do boneco assassino era uma bobagem. Porém, na finalização de revitalizar, um funcionário morre eletrocutado, o presidente da empresa exige que seu braço direito esconda o caso e que não deixe vazar para a mídia, mas o funcionário acaba morto pelo próprio Chucky e boneco consegue chegar ao lar onde Andy está.

Ele precisa do garoto para transferir sua alma para o corpo do garoto. E o terror está só começando.

O filme é dirigido por John Lafia (que morreu em abril de 2020) e escrito por Don Mancini. Muitos criticam que a estrutura do filme é idêntica à do primeiro filme, como o lar residencial, ninguém acreditar no Andy e a obsessão de Chucky em transferir a alma.

De fato isso acontece, mas chamar este filme de clone do primeiro é injusto: a produção é claramente maior (as cenas dentro da fábrica, sobretudo no 3º ato, são ótimas), as mortes são mais elaboradas, a trama do lar adotivo é mais dramática e dá uma ideia maior de fragilidade do Andy.

Sem contar que a inserção da jovem Kyle (Christine Elise) foi muito bem acertada: de jovem rebelde no início, a irmã adotiva do Barclay, para heroína de filme de terror na segunda metade e uma figura materna do Andy.

A própria atriz, que teve uma carreira nos anos seguintes, tem um carinho pela franquia e se diverte ao ser sempre lembrada como Kyle em Child’s Play.

Mas para nós, brasileiros, o que marca a trilogia Brinquedo Assassino eram as inúmeras reprises do SBT nos anos 1990. Todo mês passava algum dos 3 filmes na emissora do Silvio Santos, seja na Sessão das Dez, Tela de Sucessos ou até no Cinema em Casa (sim, filmes para adultos passavam nos anos 90 no horário da tarde livremente).

A franquia Brinquedo Assassino pode ter se perdido com o passar dos anos em filmes de gosto duvidoso para home vídeo ou com o foco no humor (que não tem graça) em filmes como A Noiva e o Filho de Chucky.

Mas é inegável seu legado, mesmo não sendo os melhores filmes de terror no cinema, têm uma legião de fãs, que trata os filmes com muito carinho e não é difícil os atores serem tratados como celebridades em eventos de cultura pop.

E não há recorde de bilheteria que pague isso.

Nerd: Raphael Brito

Não importa se o filme, série, game, livro e hq são clássicos ou lançamentos, o que importa é apreciá-los. Todas as formas de cultura são válidas e um eterno apaixonado pela cultura pop.

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