Hollywood vive de franquias. Fato. Por mais que os estúdios sabem que seu público gosta de ver as mesmas histórias e todos sabem que investir no certo é mais fácil no que diz ao mercado, nem todas as franquias resistem a muitos filmes e para algumas, o desgaste é inevitável.
Mas felizmente isso não é regra e diversas sagas mantém ou melhoram a qualidade ao chegar no terceiro filme, como Senhor dos Anéis, Harry Potter, Bourne entre outras. E Toy Story também é uma delas. Aliás, para muitos, Toy Story 3 é o melhor da franquia e embora o 4ª filme, lançado em 2019, seja muito bacana, a franquia poderia ter fechado de forma majestosa em seu 3º filme.
A ideia parecia uma jogada de marketing: falar com o público que viu os dois primeiros filmes nos anos 1990 e com as novas gerações. Muitos viram com desconfiança, mas foi só aparecerem as primeiras críticas para que tudo mudasse: o filme tem 98% de aprovação no Rotten Tomatoes e é aclamado até hoje.
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Aliás, Toy Story 3 é o que muitos filmes queriam ser; sucesso de público, crítica e premiações. Foi a maior bilheteria do ano de 2010, faturando mais de 1 bilhão nas bilheterias mundiais. Venceu 2 Oscar, o de Canção Original para a excelente We Belong Together e Melhor Longa de Animação. Ainda foi indicado a Melhor Edição de Som, Roteiro Adaptado (afinal, é uma continuação) e ainda de Melhor Filme, sendo a terceira animação da história a ser indicada na categoria principal no Oscar.
Na ocasião, quem saiu vitorioso foi o apenas mediano O Discurso do Rei, em uma temporada que teve, além de Toy Story 3, grandes obras como A Origem, Cisne Negro e A Rede Social.
Mas, afinal, porque Toy Story 3 é este filme tão amado, querido, que levou multidões aos cinemas e fez o mundo inteiro chorar?
Aqui temos um salto temporal em relação ao filme anterior. Andy já não é mais uma criança e está indo para a faculdade, mas antes vai levar os brinquedos ao sótão e o Woody consigo junto com suas coisas. Porém um mal entendido faz com que os brinquedos vão parar na creche Sunnyside, que aparentemente parece ser um lugar bacana, onde as crianças não param de brincar, e o clima de boa aparência aumenta com a presença de Lotso, um ursinho de pelúcia rosa aparentemente irresistível.
Porém, o que parecia ser o lugar dos sonhos se transforma no pior pesadelo: Lotso, na verdade, se revela um ditador do local, não permite que brinquedo nenhum escape de lá e é ele que tem a palavra final.
Por um golpe de sorte, Woody consegue escapar de lá voando e vai parar na casa da doce menina Bonnie e descobre a verdadeira história de Lotso: ele era o brinquedo preferido de sua dona, mas que por um mal entendido achou que ela havia o trocado, foi parar na creche e instalou sua espécie de ditadura.
Neste cenário, Woody volta para resgatar seus amigos e organizar uma grande e espetacular fuga.
O filme teve a sensibilidade de falar em assuntos mais adultos como ditadura e até com metáforas sobre o nazismo para contar sua história. Porém, de forma doce e inteligente para falar com crianças de 8 a 80 anos e o resultado foi o mais perfeito possível. Lotso é, provavelmente, o melhor vilão que a Pixar já produziu, quando o espectador descobre seu caráter é um verdadeiro choque e seu flashback é contado de forma fluida e até com elegância.
Sem contar as lições sobre amizade, família, e sobre não esquecer a criança em cada um de nós. É por isso que muitos dizem que há diversas maneiras de assistir a Toy Story 3, seja como um filme isolado, como maratona de uma franquia ou mesmo como as crianças dos anos 1990: viram os dois primeiros filmes na ocasião de seu lançamento e viram este 3º filme já na fase adulta.
E também um dos motivos que tornaram Toy Story 3 um grande clássico do cinema foi seu maravilhoso e inesquecível desfecho. Não é exagero nenhum dizer que este está entre um dos melhores finais da história da 7ª arte, sobretudo na incrível sequência em que os brinquedos estão prestes a ser incinerados, se dão as mãos em um gesto de amizade, mas são salvos na última hora. E o momento em que Andy entrega os brinquedos para a menina Bonnie, contando as características de cada um daqueles personagens, é para ficar na memória de qualquer cinéfilo exigente.
Tudo isso embalado pela maravilhosa trilha de Randy Newman, que traduz muito o sentimento que o espectador tem com o filme.
Toy Story 3 é uma obra-prima da animação, da Pixar e do cinema. É sentimental, cerebral, inteligente e uma amostra que dá para unir o sucesso comercial com a qualidade.
Alguém aí tem coragem de dizer que nenhuma continuação presta?
