É inegável que Cavaleiros do Zodíaco é de longe um dos maiores sucessos dos animes no Brasil junto de Dragon Ball. Graças a eles tivemos uma popularização muito grande da cultura japonesa de entretenimento.
Logo o que temos é um dos produtos com talvez com a maior memória afetiva em território nacional, mas o quanto essa memória afetiva é saudável para apreciarmos o que o novo pode trazer? Ou mesmo algo que possa ser viável para as próximas gerações.
Não é segredo para ninguém (a não ser que você more no fundo de um lago esses anos todos) que a Netflix fez uma nova adaptação do mangá, com um estilo diferente nos desenhos e algumas alterações na estória e grande parte dos fãs não reagiu muito bem.
A obra feita por um dos maiores serviços de streaming do mundo mostrou uma história muito boa, colocando a modernidade, atualizando os Cavaleiros Negros (deixando de ser clones malvados) e construindo plausivelmente uma motivação para a divisão do santuário.
Porém nem tudo são flores, e a Netflix decidiu deixar a obra mais enxuta e as passagens dos eventos bem mais rápidas, tirando o peso emocional de muitas cenas como a de Shiryu vs Algol, a clássica cena que ele se cega em prol de seus amigos.
Os acontecimentos estão tão dinâmicos que não existe um apego muito grande a cena, onde poderia ser um momento de uma cena mais trabalhada. E com a chegada dos Cavaleiros de Ouro, abrindo espaço para as 12 casas, o verdadeiro desafio começa.
Apesar das reclamações do bando de “véio” que não quer que sua infância seja tocada, lá no fundo eles mesmos criticam e acham um saco a primeira parte de Cavaleiros (é chata, mal feita e cheia de furos). A Netflix deu uma sobriedade a obra, inovou em outras partes e fez sim um trabalho muito melhor que essa parte na própria obra original.
A maior aposta fica para as 12 casas, onde uma sequência de eventos rápida como foram os Cavaleiros de Prata, tiraria o brilhantismo de toda essa parte. E decididamente é o maior desafio dos Cavaleiros de Atena.
O grande problema vem também com a nossa geração, que não aceita mudanças ou continuidade, faz com que super-heróis sempre ressuscitem e que sagas sejam refeitas. Quando abraçamos o novo, abraçamos as possibilidades que isso nos traz. Uma nova geração de fãs, novas sagas criadas, produtos novos e o um legado que será deixado a uma nova leva de admiradores dessa obra.
Mas preferimos o “hate“, ao invés de dar audiência e criticar conscientemente para que melhorias sejam sempre feitas. O maior exemplo disso é em Star Wars, onde o próprio fandom (na maioria das vezes) é o pior inimigo da obra, não abraçando o novo e a inovação.
Cavaleiros do Zodíaco pela Netflix é uma ótima obra, com margem para melhoras, mas sua infância não foi estragada e nem a obra original apagada. Por mais que você não goste, apoie. Muita coisa boa ainda pode sair daí.