Fala peeps, voltei aqui trazendo um pouco de como foram as duas entrevistas que tive a oportunidade de ver no Ressaca. A primeira foi com o dublador Guilherme Briggs.
Sempre simpático, ele falou um pouco mais sobre seu lado emocional na dublagem e como é ser uma celebridade entre os dubladores, já que no cenário ele é um dos mais conhecidos.
“Eu talvez continue (vivendo) nos anos 90, eu comecei em 91, então para mim é diferente. Quando a pessoa me para em um aeroporto ou em algum lugar, eu penso que é para perguntar as horas, as vezes eu esqueço que é para falar comigo. Ou quando um rapaz me segue na rua e eu penso que vou ser assaltado, ou o cara me abraça por trás, como fizeram no rio. Eu sou muito distraído e cabeça fresca, então não vai cair a ficha. Esse negocio de celebridade, não vai cair nunca. Eu sou uma pessoa muito simples.”
Quando perguntado sobre como quem deseja entrar no meio da dublagem deve proceder, Briggs respondeu:“Para você ser ator tem que ter paciência. Você tem que estudar bastante e se preparar para ser dublador. É como plantar uma semente, você não pode colocar uma semente e esperar que vai nascer alguma coisa ali em uma semana, vai nascer depois de cinco, seis anos, entendeu? A semeadura demora, não é uma coisa instantânea. Não sei porque que a gente vive tudo rápido, tudo fácil, então se a pessoa está acostumada a uma coisa imediata ela vai se decepcionar bastante. Porque ela vai ter que esperar bastante tempo até conseguir um trabalho nesse meio. Nesse caminho, nessa espera, muitos se vitimizam e acham que é panelinha, que dublador tal que não deixa entrar, não reconheceram meu talento. Não é assim. Organicamente demora, é uma profissão difícil, a técnica é difícil, até hoje eu tomo surra do estúdio e é normal. Tem dias que eu não to conseguindo dublar nada direito e eu tenho 28 anos de profissão. Então é assim, é uma técnica complicada, é uma profissão que demora, demanda você se aplicar, ser humilde. Porque se eu fosse arrogante, eu ia cristalizar, não ia continuar crescendo. O dublador tem que reconhecer os momentos de queda para ele melhorar. A todo momento você vai cair, tem gente que não é talhada para isso então fala ‘a dublagem é horrível, não consigo nada, demora muito, é muita porta fechada, é panelinha, e não sei o quê’. E aí não vão para o mercado, é uma seleção natural muito rigorosa. O meu conselho é que pegue tudo isso que eu falei e aplique na vida. Tem que ser mais paciente, mais humilde, entender como é que é a parte orgânica do processo.”
Para os fãs de Boku no Hero, foi questionado se ele já estava em negociação para dublar o novo filme.
“Do My Hero Academia eu só sei do filme que a gente fez. A gente não sabe nada com relação ao novo filme. Eu sei tanto quanto vocês, gostaria que tivessem as mesmas vozes.
Ele também falou um pouco sobre a dublagem de Geralt, em The Witcher.
“Eu tenho todos os livros, estou terminando de ler o primeiro. O meu contato com o jogo foi só o tutorial, mas a minha esposa já zerou e eu fiquei assistindo ela jogar The witcher 3. Eu conheço o trabalho do Henry Cavill, mas Witcher só essas pinceladas mesmo. A preparação para ele foi inserir o que o Henry Cavill faz. Respeitei ao máximo o que ele fez, aquela voz que se inspirou no jogos, na dublagem dos jogos e eu fui seguindo o Henry, o que ele fazia, respeitando sempre a interpretação dele.”
Perguntei para o Guilherme se, assim como no Superman, ele se conectou com o personagem de alguma forma. Inclusive citei o fato dele ser bem introspectivo e se assemelhar muito ao Clark por conta disso.
“Eu eu tô terminando o primeiro livro dele, estou gostando muito, achando muito gostoso ler os contos, é bem legal. A gente sempre tem conexãom eu tenho coisas do Geralt que eu gosto muito, essa coisa do humor dele mais seco, dele ser um cara mais vivido, machucado, mal falado. Ele não virou um bruxo por que ele quis sabe, então todos nós acabamos nos identificando um pouco.”
E claro que rolou uma pergunta sobre o pequeno acidente que ele sofreu antes dos testes para All Might.
“Foi dolorido, doeu muito, eu desmaiei no estúdio e bati a costela. Passei por um aborrecimento, um problema com a minha mãe e eu fiquei muito preocupado, acabei desmaiando e bati a costela que é justamente onde o All Might tem o ferimento. Para fazer o teste de voz foi muito sofrido porque se eu respirasse um pouco mais forte doía muito, quem já machucou a costela já sabe como é, então para fazer os gritos no teste foi bem complicado, eu achei que não ia passar. Acho que foram 12 pessoas que fizeram o teste do All Might e acabei sendo o escolhido. Não sei porque, mas fui.”
Ele então fez algumas vozes e se despediu de nós, sempre simpático ainda teve tempo para tirar uma foto com todos ali presentes.
Um agradecimento a todos os canais que estavam ali, em especial ao Alex do Ministros do Riso que disponibilizou o áudio das entrevistas para todos.
Até a próxima 🙂