Quem me conhece, sabe que um dos únicos gêneros que assisto assiduamente no cinema é terror. Gosto muito de filmes de super-herói também, mas passei muito tempo sem vê-los na telona (acho que o último que vi foi Homem de Ferro 3, sem contar os dois Guardiões da Galáxia, meus preferidos, antes de Vingadores: Guerra Infinita). Porém, com Shazam!, fiz questão de assistir logo, passando-o na frente de Nós, um dos filmes de terror que mais quero ver esse ano.
Desde que vi o primeiro trailer – o único que vi, aliás –, contei os dias para a estreia. E admito que não foi por conhecer o personagem ou os quadrinhos antes. Foi pela escolha do cast. Por mais que o ator principal seja Zachary Levi dando vida a Shazam, o super-herói que dá nome ao filme, quem me convenceu a assisti-lo e rouba a cena a todo o momento é Jack Dylan Grazer (Eddie Kaspbrak em It – Capítulo 1 e Alex no seriado americano Me, Myself & I), no papel de Freddy Freeman. E podemos falar como esse menino cresceu? Além de estar como dia maior (dá pra acreditar que ele já está com 15 anos?!), está se tornando um grande ator e, como já vimos em MMI, está mostrando bastante talento com comédia. Jack contracena não só com Zachary Levi, mas também com Asher Angel, que vive Billy Batson, a criança escolhida para ser o próximo Shazam. Por mais que Levi seja a escolha ideal para fazer o Shazam – para mim, ficou algo como: o Zachary Levi é o Shazam, assim como o Robert Downey Jr. é o Homem de Ferro, ambos foram feitos para seus respectivos papéis – e seja muito divertido vê-lo em cena, as crianças, como sempre, dão um brilho especial ao filme. Mas, em minha opinião, a dupla Jack e Levi tem mais química do que Jack e Asher. O vilão do filme, por sua vez, é Dr. Sivana (ou Silvana, em português), interpretado por Mark Strong (Kingsman).
Em relação à história, houve algumas coisas que achei um pouco piegas, mas em momento nenhum fiquei desinteressada. O filme me prendeu o tempo todo, e teve momentos que percebi que estava me divertindo mais do que a maioria das pessoas na minha sessão. Além de Dr. Sivana, temos outros vilões por trás dele, os quais achei um pouco sem graça, ou que se encaixam melhor em outro tipo de filme, mas achei uma escolha interessante, ainda mais levando-se em conta como os vilões dos filmes de herói atuais são complexos e inusitados, como seres de outras galáxias ou dimensões, deuses antigos ou magos poderosos. Porém, as duas questões tratados no filme que mais gostei foram: o conceito de família e a questão do amadurecimento. Billy, Freddy e as outras crianças no filme vivem juntas em um lar adotivo e, mesmo Billy sendo um pouco recluso no começo, logo se abre e faz amizade com os outros. Durante todo o filme, vemos que uma família vem dos lugares mais inusitados, contando que se tenha amor e companheirismo (e eu falando que o filme é piegas…). Uma família não precisa ser necessariamente composta de pai, mãe e filhos. Pode vir de um grupo de desajustados sem suas famílias “verdadeiras” e, normalmente, são essas pessoas que mais entendem o conceito de família. Já sobre a questão do amadurecimento, Billy ainda é uma criança e percebemos durante todo o filme o quanto isso ainda é evidente em seu corpo de adulto. E, às vezes, não tem problema. Às vezes, se não deixarmos nossa criança interior morrer sufocada com todos os nossos deveres de adulto, podemos nos divertir mais, ter uma visão melhor sobre relacionamentos interpessoais ou até mesmo resolver problemas. É importante que amadureçamos, mas também que mantenhamos aquela fagulha de como éramos como crianças.
Shazam! é um filme divertido, emotivo, mas com leveza. É uma respiração em meio a tantos filmes de super-herói pesados, que passamos toda a sua duração tensos, receosos. Sabemos que tudo vai dar certo em Shazam, porque é assim que as crianças veem o mundo, com otimismo. Mesmo uma criança que se transforma em um homem ao usar uma palavrinha mágica.