Em 1985 existia um game muito popular chamado “Where in the World Is Carmen San Diego?“, a ideia era simples: percorrer o globo atrás da ladra mais famosa do mundo através de pistas deixadas. Com uma pegada educativa e muito bom humor, esse jogo conquistou uma geração, principalmente de jovens hackers, já que era considerado algo bem NERD.
O tempo passou e devido ao grande sucesso, tiveram a ideia genial de se fazer uma animação, no melhor estilo anos 80. No desenho conhecemos o personagem “Player“, uma espécie de hacker que ajudava Zack e Ivy a desvendar pistas e correr atrás de Carmen San Diego.
A adaptação do jogo para o desenho ficou muito boa, afinal o hacker “Player“, nada mais era que nós, jogadores e nerds de computadores sendo representados (e elogiados). Com apenas 40 episódios, ele marcou essa geração que adorava a tela preta do terminal com um game pixelado.
Os anos passaram, os nerds cresceram e mais de 30 anos depois, a Netflix resolveu trazer Carmen San Diego para a cultura POP, com alguns ajustes e adaptações, a primeira temporada não desapontou os saudosistas, temos que agradecer ( de novo ) a Netflix!
Um pouco diferente do desenho original, a pergunta não é “Onde está Carmen San Diego?” e sim “Quem é Carmen San Diego?“. Essa mudança sutil, traz um novo universo de possibilidades, afinal estamos falando de um reboot… isso significa que a velha Camen San Diego é alguém diferente nos dias atuais. Mas não se desespere, aqui temos uma releitura bastante ousada, que ficou muito boa e não ofendeu ninguém.
No original, toda a historia sempre se resumia em descobrir o plano de Carmen San Diego, os roteiros não costumavam ser muitos profundos e tínhamos poucas ligações com outros episódios da série, algo comum em desenhos dos anos 80, mas agora no reboot temos uma construção mais profunda da personagem, alterando até mesmo sua personalidade e princípios.
Carmen San Diego continua sendo uma ladra, mas é uma espécie de “ladra do bem”, que está usando suas habilidades para fins menos egoístas. A famosa dupla Zack e Ivy, antes agentes da ACME que perseguem Carmen pelo o mundo, agora são amigos dela, ajudando-a em seus “crimes” e até mesmo servindo como ponto para algumas piadas, o que torna tudo bem mais divertido. Nosso hacker O PLAYER, antes sendo inimigo, agora é o melhor amigo de Carmen San Diego, os dois são a grande mente criminosa por trás dos roubos.
O objetivo do jogo e do desenho, sempre foi educativo, tinha como foco principal mostrar os grandes tesouros e lugares do mundo. Quando PLAYER e Carmem eram inimigos, grande parte da conversa era sobre o que estava sendo roubando e por que aquilo era tão valioso para todos. Já no reboot, as conversas são mais “descoladas”, apesar de passarem muita informação sobre um país ou obra de arte importante. Quando os dois estão falando, é algo natural e inteligente, mostrando que os dois são especiais e tem conhecimento acima da média, mas em nenhum momento isso torna a animação cansativa (parabéns pelo o ótimo roteiro, Duane Capizzi).
Com apenas 9 episódios e com garantias para uma segunda temporada, Carmen San Diego não é apenas nostálgico, mas traz de volta um grande ícone da cultura Nerd e Hacker que parecia ter sido esquecido pelo os fãs que cresceram.
